quarta-feira, 27 de março de 2013

Economia Verde?


EM PAUTA ECONOMIA VERDE  
Analisar fatos isolados não faz mais sentido em uma sociedade cada vez mais interligada. Tal pensamento é hoje aplicado aos estudos das ciências humanas e também às questões ambientais. Como exemplo, basta citar a realização da RIO+20, Conferência Internacional do Clima, ocorrida em 2012 no Rio de Janeiro com o título Economia Verde no Contexto do Desenvolvimento Sustentável e Erradicação da Pobreza e Governança Ambiental Internacional. O evento contribuiu para aumentar o destaque do tema na imprensa mundial e o fez reverberar no cotidiano, acirrando discussões.
Para repensar os desafios e as consequências da sustentabilidade incorporada à economia, o consultor de projetos de meio ambiente e desenvolvimento sustentável Fábio Feldman e o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Arthur Soffiati compartilham, em artigos inéditos, suas visões sobre o assunto.


 Aliança RECOs
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O Brasil e a Economia Verde: o que nos falta?
Por Fábio Feldman

A Rio+20, realizada em junho de 2012, teve como título “Economia Verde no Contexto do Desenvolvimento Sustentável e Erradicação da Pobreza e Governança Ambiental Internacional”. A temática da “Economia Verde” foi sugerida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), sendo que sua principal referência foi um documento, divulgado alguns meses antes, intitulado “Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza”. Dez setores-chave da economia são elencados no documento, tais como a construção civil, a indústria, o transporte, a água e a gestão de resíduos. Segundo o estudo, o investimento de apenas 2% do PIB global por ano nesses setores-chave, o que equivale a US$ 1,3 trilhão, pode dar início à transição rumo a uma economia de baixo carbono e eficiência de recursos.
A ideia de uma Economia Verde acabou suscitando uma enorme controvérsia em todo o processo da Rio+20, especialmente por parte dos países em desenvolvimento, que encaravam essa iniciativa como uma tentativa de esvaziamento do conceito de “desenvolvimento sustentável”.
A grande premissa da Economia Verde é absolutamente legítima: os desafios da humanidade passam pela incorporação da dimensão da sustentabilidade na economia. O preço dos bens e serviços deve incorporar as externalidades negativas que o seu processo de produção gera, sendo que nos dias atuais, quando adquirimos qualquer coisa, deixamos de pagar o que elas realmente custam em termos ambientais ou mesmo socioambientais. Segundo o estudo “Expect the Unexpected: Building Business Value in a Changing World” (algo como “Espere o Inesperado: Construindo Valor para os Negócios num Mundo em Mudança”), da KPMG, é provável que nos próximos vinte anos se aumente a pressão para que os preços de bens e serviços reflitam seu custo total de produção, incluindo os custos de seu impacto ambiental.
Quando comemos uma mera picanha, não sabemos o quanto de água foi utilizada desde o princípio da atividade pecuária até ela chegar ao nosso prato. Também não temos conhecimento da contribuição que essa atividade tem para o aquecimento global, uma vez que o arroto da vaca produz metano, um potente gás de efeito estufa. Essa mesma “contabilização” pode ser feita para qualquer bem ou serviço por nós adquirido.
A ideia de trabalhar os grandes temas ambientais globais com a economia está na agenda já faz algum tempo, sendo importante, no campo da mudança do clima, registrar o estudo feito pelo ex-economista chefe do Banco Mundial, Nicholas Stern, “Economia da Mudança do Clima”. O trabalho teve um papel muito relevante na discussão do aquecimento global, demonstrando que o custo de não tomar providências contra esse fenômeno trará graves consequências ao Produto Interno Bruto (PIB) mundial nos próximos anos.
Estudo semelhante foi feito por instituições e personalidades de credibilidade no Brasil, “Economia da Mudança do Clima no Brasil”, que revela que a mudança do clima também afetará dramaticamente a economia brasileira.
Segundo o relatório, a agricultura do país poderá sofrer perdas expressivas: com exceção da cana-de-açúcar e da mandioca, que poderão se beneficiar do aquecimento global, as demais culturas, como soja, milho e café, poderão sofrer redução das áreas com baixo risco de produção. A produção dessas e de outras culturas vai requerer uma estratégia de inovação tecnológica para se adaptar a tais alterações climáticas, que terão forte impacto no setor do agronegócio do país.
O estudo “The Economics of Ecosystems and Biodiversity” (TEEB), ou “Economia de Ecossistemas e da Biodiversdade”, liderado pelo PNUMA, teve como objetivo demonstrar a importância dos serviços ecossistêmicos, apontando a necessidade de encontrar instrumentos econômicos que assegurem sua continuidade.
Apenas a título de ilustração, poucos de nós imaginam a importância, para a agricultura, da polinização realizada pelas abelhas. Em outras palavras, se estas deixassem de existir, a humanidade teria que desembolsar quantidades impressionantes de recursos para que tais atividades continuassem a durar.
Recentemente, realizou-se na Alemanha um congresso mundial sobre solos, o Global Soil Week, com o objetivo de discutir estratégias mundiais que permitam sua manutenção em todo o planeta. Com o desafio representado pelo aumento da população mundial até 2050, colocou-se com toda a clareza a necessidade de manutenção desse patrimônio absolutamente essencial para garantir alimentos para a provável população de 9 bilhões de pessoas. É importante levar em conta, além do crescimento populacional, o fato de que se prevê que, até 2030, farão parte da classe média mais 3 bilhões de pessoas, segundo o estudo “Resource Revolution: Meeting the World’s Energy, Materials, Food and Water Needs” (algo como: “Revolução dos Recursos Naturais: Atendendo à Demanda Mundial por Energia, Matéria-prima, Alimentos e Água”), da McKinsey.
Economia Verde, portanto, é o esforço necessário que tem que ser feito para que as ações da humanidade possam ser devidamente mensuradas no que tange aos seus impactos no planeta. Significa, evidentemente, o reconhecimento de que o mercado não é capaz de resolver problemas dessa magnitude, impondo-se a necessidade de novos marcos regulatórios e instituições a serem articulados através de arranjos inovadores.
Nessa linha de raciocínio, o consumidor globalizado terá um papel fundamental no sentido de pressionar empresas para que ofereçam produtos mais sustentáveis e com menor impacto. Pavan Sukhdev, um dos principais autores do TEEB, tem colocado a necessidade de que as empresas, além das demonstrações financeiras tradicionais, passem a contabilizar suas externalidades no meio ambiente.
A empresa Puma, em seu relatório anual de sustentabilidade de 2011, fez um esforço de demonstrar através de uma matriz os impactos gerados pelos seus produtos em toda a cadeia produtiva.
Em síntese, existe um consenso de que há que substituir os conceitos e instrumentos atuais de mensuração por aqueles que possuam uma abrangência maior. O PIB hoje é considerado muito limitado e existem propostas para substituí-lo, a exemplo da Comissão para Mensuração da Performance Econômica e Progresso Social, idealizada pelo ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, encabeçada pelos Prêmios Nobel Joseph Stiglitz e Amartya Sen. Segundo relatório da comissão, sustentabilidade e qualidade de vida estão entre os fatores a serem considerados na mensuração da performance econômica e progresso social de um país.
No Brasil, essa discussão até agora é muito incipiente: ainda temos um longo caminho a ser percorrido. Como possuidores da maior biodiversidade do planeta, de sua maior floresta tropical contínua e da maior bacia hidrográfica de água doce, teríamos toda a oportunidade de liderar a adoção de políticas que colocassem em prática as ideias de uma Economia Verde. Isso porque também possuímos uma sociedade civil bem organizada, um empresariado cosmopolita e uma comunidade científica bem instalada.
Para tanto, nos falta visão e lideranças políticas com mentalidade do século 21.

Fábio Feldman é advogado e administrador, atua na área de meio ambiente e desenvolvimento sustentável em São Paulo

Economia verde: Sim ou Não?
Por Arthur Soffiati

            Logo depois de eclodir a primeira revolução industrial, no fim do século 18, a questão social se manifestou com rapidez. Não demorou a surgirem os críticos da economia de mercado, variando do socialismo cristão ao comunismo e ao anarquismo. No mínimo, o capitalismo deveria respeitar limites. No máximo, ele deveria ser suplantado pelo socialismo-comunismo-anarquismo.
            A crise ambiental demorou mais a se manifestar porque a capacidade de adaptação (resiliência) do planeta é bem maior do que o da sociedade. Só nos anos de 1960, cientistas começaram a perceber a doença que acometia a Terra. Geólogos e paleontólogos esclareceram que a crise distinguia-se das cinco grandes crises planetárias registradas em passado anterior aos seres humanos. Além de global, a crise de hoje resulta de atividades humanas coletivas nos sistemas capitalista e socialista. Por isto, ela é singular na história da Terra.
            Em 1972, a Organização das Nações Unidas promoveu, em Estocolmo, a primeira conferência mundial para discutir as relações conflituosas entre desenvolvimento e limites da Terra. Nela, foram discutidos dois princípios que nos incomodam muito ainda hoje: 1- os limites do planeta e 2) a promoção do desenvolvimento sem ferir tais limites. Houve uma resposta à segunda questão que recebeu o nome de ecodesenvolvimento. Embora a ciência desconhecesse quase tudo sobre os limites do planeta, Maurice Strong e Ignacy Sachs aprimoraram o conceito de ecodesenvolvimento propondo cinco critérios para ele: 1- respeito aos limites dos ecossistemas, 2- respeito às diversas culturas do mundo, 3- distribuição geográfica equilibra da população mundial, 4- priorização do social no processo de desenvolvimento e 5- adequação das técnicas e tecnologias às peculiaridades de cada meio socioambiental.
            Antes que o ecodesenvolvimento fosse testado, a ONU criou uma comissão para estudar o estado das relações ecologia-economia. Esta comissão concluiu seus trabalhos com o relatório Nosso Futuro Comum, que propôs o conceito de desenvolvimento sustentável, triunfante na Conferência Rio 92. Em princípio, seu significado era muito semelhante ao de ecodesenvolvimento, mas logo ele ganhou diversos sentidos e se perdeu. Hoje, fala-se em crescimento sustentável, juros sustentáveis e até em corpo sustentável, todos eles ecologicamente insustentáveis.
            Enquanto eram propostos caminhos para um novo desenvolvimento, os cientistas faziam um grande esforço para detectar os componentes da crise ambiental e mensurá-los. Entre 1992 e 1995, William Rees e Mathis Weckmagel desenvolveram o conceito de pegada ecológica, bastante usado atualmente para medir até o impacto que cada indivíduo causa à Terra. A pegada ecológica levou à mensuração de carbono lançado na atmosfera pela civilização ocidental e ocidentalizada.
            Em 2000, o Prêmio Nobel de Química Paul Josef Crutzen concluiu que a humanidade, operando coletivamente, estava criando uma nova época geológica, batizada por ele de Antropoceno. A conclusão do cientista foi endossada pelo quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em 2007. De fato, as emissões gasosas emanadas de atividades rurais, industriais e urbanas estão mudando perigosamente o clima do planeta. As pesquisas do IPCC contribuíram significativamente para construir o conceito de economia de baixo carbono.
De 1995 aos dias de hoje, a comunidade científica avançou bastante na identificação dos fatores responsáveis pela crise ambiental e na mensuração deles. Ainda em 2007, foi criado o Centro Resiliência de Estocolmo, que vem demonstrando a complexidade da crise ambiental. Em primeiro lugar, mostrou-se que, ao lado das mudanças climáticas e do empobrecimento da biodiversidade, mais oito componentes devem ser levados em conta: a depleção da camada de ozônio (ainda não resolvida), a acidificação dos oceanos, o comprometimento da água doce, as profundas alterações no uso do solo provocadas pela agropecuária e pela urbanização, a contaminação dos meios rurais e urbanos, a aceleração antrópica do ciclo de nitrogênio, a aceleração antrópica do ciclo de fósforo e a emissão de partículas sólidas (aerossois) na atmosfera. Além disso, o Centro explica que a capacidade da Terra em amortecer impactos e adaptar-se a eles (resiliência) deve ser levada em conta na mensuração dos fatores. No entanto, esclarece que a resiliência tem limites e que a humanidade deve trabalhar dentro de um espaço seguro de operação.
            Com todas estas contribuições à disposição, os participantes da Rio+20 elegeram o conceito de economia verde para substituir o desustentabilidade. Entretanto, tal como este segundo, economia verde ainda é um conceito não devidamente claro. Assim, ele já está sendo apropriado pela economia de mercado para valorar (atribuir valor econômico) e precificar (estabelecer preço) bens e serviços da natureza. No século 19, Marx entendia que água e ar eram bens abundantes e, por esta característica, nunca seriam transformados em bens de troca pelo mercado.
            Até pouco tempo, os economistas não cogitavam que a fotossíntese, a capacidade de troca catiônica do solo, o trabalho das minhocas, a polinização por insetos, aves e morcegos, a umidade relativa do ar, a atividade dos decompositores e tantos outros bens e serviços da natureza pudessem ser valorados e precificados. Esta tendência começou com economistas que atribuíam valor econômico a ecossistemas destruídos por ação humana para fins de indenização por parte do destruidor.
            Cada vez mais, agora, empresários e governos pensam em ganhar dinheiro com a manutenção de florestas em pé, com a conservação da água doce, com os serviços prestados gratuitamente pela natureza. Tomemos o urubu como um exemplo simples. De graça, ele se incumbe de devorar animais mortos não recolhidos pelo serviço de limpeza pública. Invocando a economia verde, algum governo nacional poderá instituir uma lei autorizando que os urubus sejam empresariados e tenham o seu serviço gratuito mercadorizado.
            Pode-se alegar que a mercadorização de bens e serviços produzidos e prestados gratuitamente pela natureza contribui para protegê-los da destruição, mas existe um grande perigo neste processo. As mercadorias oscilam de acordo com a lei da oferta e da procura. A mercadorização de bens e serviços gratuitos retira deles seu valor intrínseco. Eticamente, os seres vivos têm valor intrínseco pelo que são, não por sua utilidade ao ser humano. Transformados em mercadoria, bens e serviços antes gratuitos, ficam sujeitos às oscilações do mercado, que ora podem ajudar a protegê-los, ora a destruí-los.
            Para ilustrar o perigo que representa transformar os bens e serviços gratuitos da natureza em mercadoria, recorramos à fabula de Esopo sobre a galinha dos ovos de ouro. Um casal comprou uma galinha em tudo igual às outras galinhas: bico, penas e pés. Mas foi grande a surpresa e a alegria do casal ao descobrir que ela punha ovos de ouro. Marido e mulher pensaram em ganhar muito dinheiro com os ovos. Contudo, em vez de esperar que a galinha pusesse mais ovos, resolveram matá-la e abrir sua barriga para obter mais ovos. Acontece que a galinha era igual a todas as galinhas por dentro. Moral da história: quem tudo quer tudo perde. Os ovos é que são a mercadoria. Se os preços caírem, os ovos podem ser vendidos por valor mais barato. Se subirem, por preços mais caros. A galinha, no entanto, não pode ser mercadoria, pois se cair seu preço será mais vantajoso matá-la. Mas os ovos vão-se com ela.
Arthur Soffiati é doutor em história social com concentração em história ambiental e pesquisador do Núcleo de Estudos Socioambientais da Universidade Federal Fluminense/Campos dos Goytacazes

Em plena Semana Santa, Cristo segue seu calvário e é crucificado junto com os Munduruku e os demais povos indígenas no Brasil.


Depois de sofrer ataque da Polícia Federal em novembro de 2012, durante a Operação Eldorado, que resultou no assassinato do indígena Adenilson Kirixi e na destruição da aldeia Teles Pires, o povo Munduruku, que vive na divisa do Pará com o Mato Grosso, está prestes a sofrer mais um violento ataque policial e militar. De acordo com informações de observadores locais, cerca de 250 homens fortemente armados estão posicionados em Itaituba (PA) para a realização da agora denominada Operação Tapajós.
Após receber sinal verde da presidenta Dilma Rousseff, um contingente com agentes da PF, Força Nacional, Polícia Rodoviária Federal e Força Aérea foi deslocado para as proximidades da Terra Indígena Munduruku com o objetivo de realizar - à força - o estudo integrado de impactos ambientais para a construção do chamado Complexo Hidrelétrico do Tapajós.
Há alguns anos o povo Munduruku vem se posicionando firmemente contra qualquer empreendimento envolvendo o referido Complexo Hidrelétrico em suas terras já demarcadas ou tradicionalmente ocupadas. Os procuradores da República que denunciaram à Justiça Federal de Santarém a flagrante ilegalidade da Operação Tapajós são os mesmos que investigam os danos da Operação Eldorado; dizem temer por uma repetição do deplorável episódio. Afirmam os procuradores que o clima é de tensão.    
Entre os dias 18 e 23 de fevereiro, 20 lideranças Munduruku estiveram em Brasília para cobrar reparações dos danos causados pela Operação Eldorado e, apesar da insistência do governo, se negaram a discutir a construção de usinas hidrelétricas. Na ocasião, o ministro Gilberto Carvalho afirmou que a negativa dos indígenas era ruim para o governo, mas ficaria ruim também para eles, Munduruku. No dia 12 de março, a presidenta Dilma Rousseff baixou o decreto nº 7.957 – que cria o Gabinete Permanente de Gestão Integrada para a Proteção do Meio Ambiente, regulamenta a atuação das Forças Armadas na proteção ambiental e altera o Decreto nº 5.289, de 29 de novembro de 2004.
Com esse decreto, “de caráter preventivo ou repressivo”, foi criada a Companhia de Operações Ambientais da Força Nacional de Segurança Pública, tendo como uma de suas atribuições “prestar auxílio à realização de levantamentos e laudos técnicos sobre impactos ambientais negativos”. Na prática isso significa a criação de instrumento estatal para reprimir toda e qualquer ação de comunidades tradicionais, povos indígenas e outros segmentos populacionais que se posicionem contra empreendimentos que impactem seus territórios.
Com essas medidas, o governo federal demonstra claramente que não está disposto a ouvir as populações afetadas pelos grandes projetos, a exemplo das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Substitui os instrumentos legais de escuta às comunidades - como a consulta prévia assegurada pela Convenção 169 da OIT - pela força repressora do Estado e transforma os conflitos socioambientais em casos de intervenção militar. Dessa forma, os direitos dos povos passam a ser tratados como crimes contra a ”ordem pública”, caminhando para um Estado de Exceção.
Essas ações do governo brasileiro confirmam a tese apresentada pelo sociólogo Boaventura de Sousa Santos quando afirma que atualmente vivemos em sociedades politicamente democráticas, mas socialmente fascistas, onde toda dissidência é criminalizada.
Em plena Semana Santa, Cristo segue seu calvário e é crucificado junto com os Munduruku e os demais povos indígenas no Brasil.  

Conselho Indigenista Missionário – Cimi

Brasília, 27 de março de 2013

A água nossa de cada dia


Com toda preocupação em torno da água, sem a qual não vivemos, o governo do Acre insiste em construir 10,5 mil casas sob o único aquífero existente em Rio Branco, medida claramente populista e eleitoreira. 

Mas o que podemos esperar de um governante que altera (rouba) o horário oficial do Estado sem a consulta devida à população e apenas para satisfazer interesses econômicos das empresas de comunicação nacionais, especialmente a Rede Globo de televisão. Pior, não reconheceu o resultado de um referendo popular que decidiu pela volta do horário e, de forma jocosa, zomba, faz chacota e debocha do povo e da lei.

A construção dessas casas, principalmente das mansões, sobre o aquífero Rio Branco é uma grave violação de deireitos da mãe terra. Os ricos tomarão banho em suas piscinas com água do aquífero que é um bem de todos, bem comum, enquanto se somarão ao governo para dechar de todos nós. O projeto, insidindo sobre o aquífero, será um dos maiores desastres ambientais de nossa história acreana e lamentavelmente políticos, ONGs, ambientalistas estão calados porque possuem acordos com o governo. No Acre quase inexistem movimentos sociais e ONGs autônomas. Todos estão nas mãos do governo porque possuem convênios e são mantidos inescrupolasamente com recursos públicos largamente utilizados para engessar a sociedade.

Ao texto:

O Brasil detém 12% de toda água doce do mundo, mas como em todo o planeta, essa distribuição é desigual e problemática
Marcelo Barros
Marcelo Barros
Neste ano, a data ganha importância maior porque a ONU lançou 2013 como ano mundial da cooperação pela água. O objetivo da iniciativa é incentivar o relacionamento social positivo das pessoas e comunidades, a partir da água como instrumento de relação. É bom nos perguntarmos que consequência isso pode ter para o mundo, ou seja, depois dessa celebração, o que ficará como consequência.
A cada ano se repete que a água não é um bem ilimitado. Ao contrário do que parecia antigamente, se esgota. Regiões antigamente ricas em água, hoje, são desérticas. Outro ponto fundamental é o reconhecimento de que a água é uma necessidade essencial de todo ser vivo. Por isso, é direito básico de toda a humanidade, assim como dos animais e plantas. Sem água nenhum ser vivo pode viver.

A ONU também revela que, cada vez mais os conflitos entre nações ocorre não mais simplesmente por territórios, mas pelo direito do uso de águas de rios e lagos. Em Israel, o governo israelita desviou as águas do rio Jordão e canalizou-as em tubos subterrâneos, de forma que os acampamentos e assentamentos palestinos não podem delas se beneficiar. 

Um jornal palestino conta que na cidade de Caná da Galiléia, onde, segundo a tradição, Jesus transformou a água em vinho, o prefeito atual da cidade declarou: “Se, hoje, Jesus voltasse por aqui, nós lhe pediríamos para transformar vinho em água”. 

O Brasil detém 12% de toda água doce do mundo, mas como em todo o planeta, essa distribuição é desigual e problemática. O Nordeste brasileiro enfrenta a pior seca dos últimos 30 anos. No cerrado e em todo o planalto central, as pesquisas revelam uma assustadora diminuição das fontes de água e do nível hidrográfico dos rios. Nessa região sempre houve secas. 

Hoje, é diferente a intensidade e a frequência com que esses fenômenos ocorrem. Diferentemente de antes, agora, com o desflorestamento e a destruição da natureza, é a sociedade humana que provoca desastres ecológicos como secas, terremotos e inundações. Infelizmente as religiões e tradições espirituais que deveriam dar à humanidade uma cultura amorosa de relação com a terra e as águas, não têm vivido com êxito essa missão. 

A maioria das tradições espirituais acredita que a vida nasceu a partir das águas e por isso a água é sempre símbolo e instrumento do Espírito de Deus. Na Bíblia e nos evangelhos, Jesus promete o Espírito Santo como água viva que quem beber jamais terá sede.

Em vários países, cristãos e pessoas conscientes dessa espiritualidade têm vencido importantes lutas legais contra a privatização da água e têm participado de comissões de defesa de rios, lagos e fontes de água. 

Nesse ano da cooperação mundial da água, as comunidades cristãs são chamadas a verem a água como instrumento de comunhão entre as pessoas e da solidariedade entre os povos. É possível e bom aprofundar a relação entre pessoas, como também entre povos através da partilha da água comum. 

Assim como os cristãos reconhecem na partilha do pão o próprio Jesus presente, agora somos convidados a testemunhar o Espírito Divino presente em cada pouco d´água que partilhamos como sacramento da presença e ação do Espírito Mãe da Vida.   

*Marcelo Barros é monge beneditino.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Carta aberta a ONU e suas instituições e iniciativas relacionadas com problemas das florestas (FAO, CDB, UNFCCC, UNCCD e UNFF)


21 de março - "Dia Internacional das Florestas" Primeiro

Uma chamada urgente para deter a destruição das florestas,
combate às causas subjacentes

A ONU lançou uma iniciativa para chamar a atenção para a situação das florestas do mundo: a partir de 2013, 21 de março é o Dia Internacional das Florestas. Mas, considerando que o Ano Internacional das Florestas das Nações Unidas concluiu em 2011 passou despercebido, esse dia não vai mudar nada para as florestas e as pessoas que dependem deles?

Na verdade, a ONU deveria estar na vanguarda dos esforços para deter o desmatamento tropical e, portanto, conhecer e tratar adequadamente as causas da perda de florestas. As principais causas diretas são bem conhecidas, e incluir o registro, a conversão de florestas para a agricultura e pecuária, plantações de árvores industriais, urbanização, mineração, petróleo e gás, barragens carcinicultura hidrelétrica e industrial. No entanto, as causas subjacentes do desmatamento, que são muitas e estão intimamente relacionadas, são menos fáceis de ver, e muitas vezes são menos discutido e compreendido.

Uma análise aprofundada das causas subjacentes do desmatamento, lançado pela ONU no final de 1990 com uma participação significativa da sociedade civil, concluiu que estes fatores estão relacionados com a gestão dos recursos terrestres desmatamento mandato, , comércio, relações econômicas internacionais em geral e de exclusão social.

FAO diz que o desmatamento foi menor em 2000-2010 em comparação com a década anterior. No entanto, durante esse período, foram destruídas a cada ano 13 milhões de hectares de florestas tropicais, principalmente, incluindo manguezais, eo número atual é provavelmente ainda maior, já que a FAO considera ainda plantações industriais de árvores como florestas. Na definição da "floresta" como qualquer terreno com um número de árvores, a FAO distorce os dados: a perda da floresta real parece menor do que é, porque FAO árvore monocultura industrial é o mesmo que uma floresta diversificada proporcionar casa e comida para aqueles que dependem dele.

O Dia Internacional das Florestas renovado interesse internacional deriva das madeiras
tropical, que começou quando negociadores do clima incluía o papel das florestas na agenda climática negociações da ONU desde 2007, as cúpulas da ONU sobre o clima estão discutindo REDD - Redução de Emissões por Desmatamento e degradação das florestas. Mas são os esforços para REDD + têm reduzido o desmatamento ou, pelo menos, inverter a tendência? São as muitas iniciativas tomadas desde apareceu REDD ter abrandado a perda de florestas no mundo? Não manguezais ("carbono azul") são agora menos degradada do que em 2007? São os direitos dos povos da floresta estão sendo mais protegidos hoje do los este ano? São as promessas de governos do Norte para fornecer 7.700 milhões de dólares, ea atenção renovada internacional das florestas, tem sido muito lento e, eventualmente, parar o desaparecimento das florestas?

Relatórios recentes de Brasil e Indonésia, os dois países onde houve uma maior perda de florestas entre 2000 e 2010, indicam que após declínio por algum tempo, de acordo com estatísticas da FAO, o desmatamento continua e há várias novas áreas florestais ameaçadas pelas atividades grande escala, realizadas por empresas comerciais, que são destrutivas para as florestas.

Os atores envolvidos na destruição das florestas são frequentemente envolvidos simultaneamente em
projetos que supostamente apontam para protegê-los, tais como projetos de REDD +. Tais atores incluem corporações, governos do Norte - embora Sul - instituições financeiras, como o Banco Mundial, ONGs conservacionistas e grandes organismos de certificação. Com a cabeça da ONU, todos defendem a "economia verde", apresentado como uma proposta "em que todos ganham", que argumenta combater tanto a crise económica e financeira e da crise ambiental, redirecionando investimentos para destravar The Call " capital natural ", com novas tecnologias, supostamente limpas (tais como aqueles baseados em biomassa), o" mercado de carbono "e comércio" serviços ambientais "em geral.

Em países tropicais, isso está levando a conflitos, violações de direitos humanos e de resistência. Longe de desaparecer, ou pelo menos reduzir, a destruição aumentou. (1)

É urgente para parar a destruição das florestas!

Esta carta é uma chamada internacional para parar, não só para "reduzir" a destruição de
florestas. As florestas são vitais para as pessoas que vivem lá e cujos meios de vida dependem deles. Um líder indígena da região oriental da República Democrática do Congo declara: "A floresta e os povos indígenas podem ser descritos como amigos inseparáveis. A vida hum pigmeu depende inteiramente da floresta, porque a floresta é "por excelência" a nossa casa. Posso dizer que, sem a floresta, não pode haver vida para os povos indígenas. " (2)

Para os povos em isolamento voluntário é especialmente importante para parar o desmatamento e direitos sobre a terra são reconhecidos. Terra aumentando agarrando, que ocorre principalmente em áreas florestais, ea destruição contínua das florestas, nomeadamente através do "modelo de concessão" para registro, agricultura e mineração ameaça a permanência isolamento voluntário, porque na maioria das vezes, as áreas onde as pessoas voluntariamente isolados ainda pode sobreviver neste planeta e manter seu modo de vida é que os grileiros são dirigidas. Travar a perda de florestas também é crucial para combater a exclusão social e respeitar os direitos da natureza e seu valor intrínseco. Além disso, as florestas são importantes para a humanidade em geral, e especialmente para as populações de países com florestas tropicais.

É muito preocupante que as florestas estão sendo cada vez mais afetadas pelos efeitos das mudanças climáticas. A perpetuação do atual modelo de produção e consumo está na origem tanto da crise climática ea crise floresta. Assim, qualquer iniciativa que visa realmente parar o desmatamento - ou evitar alterações climáticas incontroláveis ​​- deve abordar as causas profundas.

Para deter o desmatamento, é necessário eliminar as causas subjacentes da perda de
florestas. Medidas urgentes para esta finalidade são:

- Reconhecer os direitos que eles têm em suas terras e as comunidades florestais que dependem dele, especialmente os povos indígenas em isolamento voluntário. Estes direitos devem ser incluídos para controlar as decisões que afetam seus territórios.
- Definir as florestas de acordo com seu verdadeiro significado para os povos destes
dependem, para excluir da definição de plantações industriais de árvores: o
As plantações não são florestas.
- Relatar e parar a destruição causada pelas corporações transnacionais e outras
atores principais do processo de grilagem de terras, na última década foi a de que
Transnacionais não pode ser regulada: a sua existência e influência crescente é a
principal ameaça para o futuro das florestas tropicais.
- Para expor e acabar com as falsas soluções modelo propostas de grandes empresas,
como actividades de grande escala "sustentável" em florestas tropicais, o REDD + Comércio,
serviços ambientais, parcerias entre os sectores público e privado, "economia verde"
certificada, etc Propor e defender soluções reais em vez, ou seja, defender
economias locais no que respeita à utilização, por exemplo, minerais, biomassa e
energia. Reiteramos o apelo do Oilwatch internacional: Deixe de petróleo e
subterrânea de carvão!
- Apoiar os esforços para consumir menos produtos que destroem a floresta,
e não aqueles que promovem a compra de produtos de operações certificadas
e grandes empresas que estão destruindo florestas.
Especialmente neste primeiro Dia Internacional das Florestas exortar a ONU e seu
floresta instituições relacionadas com a considerar as lições de iniciativas passadas:
até que sejam tomadas medidas para eliminar as causas subjacentes do desmatamento, vontade
ilusório tentar impedir o desaparecimento das florestas.
Notas:
(1) Para mais informações sobre o desmatamento ver "Breve descrição do Desmatamento
tropical "em http://www.wrm.org.uy/bulletin/188/A_brief_overview_of_deforestation.html
(2) http://www.wrm.org.uy/bosques/Bosques_Mucho_mas_que_una_gra

Firmantes (Organizaciones sociales, Redes, Movimientos e individuos):

WRM – Movimiento Mundial por los Bosques
Abrahan Cuellar Araujo, Fobomade‐Pando Bolivia
Accao Academica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais‐ADECRU Mozambique
Acción Ecológica Ecuador
Acción por la Biodiversidad
ACOPIAMA (Associação de Consultoria e Pesquisas Indianistas da Amazônia) Brasil
ACTION Plus ONG
Action Sociale pour le Développement Durable (ASDD) Gabon
Ademilson Pereira Souza, dirigente do MST‐ES, membro da REDE ALERTA
contra O DESERTO VERDE Brasil
Adi syaputra, Walhi Bengkulu Indonesia
Adilson Pereira de Oliveira Junior ‐ Espírito Santo Brasil
Adonai Pacheco Teixeira Brasil
Alain TOSSOUNON, Journaliste Benin
ALDAW INDIGENOUS NETWORK Philippines
Alejandra Miranda, estudiante de Ingeniería Forestal Argentina
Alina Dollat Francia
All India Forum of Forest Movements India
Alvaro González Ríos Mexico
Amanda Tas, nature conservationist Sweden
Amigos de la Tierra América Latina y el Caribe
Amigos de la Tierra Internacional International
AMIGOS DEL BOSQUE Argentina
André Trouilloud Francia
Angie Zelter, Reforest the Earth UK
Aníbal Bruzzone, Ing. Quim. Kompass Uruguay
Ann de Ruig
Anthony Bahuaud Martinica
Antonio Cattaneo Brasil
ANTONIO FIGAL DOMINGUEZ
Arch. Gérard Béthoux Italia
Ariel Araujo, Centro Mocoví Ialek Lav'a Argentina
Arsène Fortuné Madelon d'ALMEIDA Benin
Asociaciòn Civil "Núcleo de Geografía Viva" Venezuela
ASOCIACION CIVIL POR LA RESERVA Argentina
ASOCIACIÓN CONSERVACIONISTA YISKI Costa Rica
Asociación de Apicultores del Quindío, ASAQUÏN Colombia
Asociación Prodefensa de la Naturaleza, PRODENA Bolivia
Associacao dos Geografos Brasileiros GT Ambiente AGB Brasil
Associação Jaguamimbaba Brasil
Association Gabonaise pour les Nations Unies Gabon
Azafady Madagascar
Barbara James Snyder USA
Beth Burrows USA
Bicuda Ecológica Brasil
Biofuelwatch UK/US
BIOS Argentina Argentina
Bios Iguana Mexico
Biowatch South Africa South Africa
Blue Forests Australia Australia
BOS Deutschland e.V. Alemania
Bosque de Agua Mexico
Brian Komar Argentina
Bruce K. Cassels, Universidad de Chile Chile
CAA NM ‐ Centro de Agricultura Alternativa
CADTM ‐ AYNA
CAPPA Indonesia
Cáritas ES Brasil
Carlos Amorín Aguirre, Periodista. Escritor Uruguay
Carmen‐Socorro Rodríguez
Caroline Auboiron, Mouvement Força e Coragem
Caroline Copleston UK
Carrera de Sociología de la Universidad Autónoma Gabriel René Moreno,
Santa Cruz de la Sierra Bolivia
Catherine Nsiami, Premicongo Congo DR
CEEweb for Biodiversity
CEIBA ‐ Amigos de la Tierra Guatemala Guatemala
Célia Dias Brazil
CENSAT ‐ Amigos de la Tierra Colombia Colombia
Centro Burnier Fé e Justiça Brasil
Centro Ecologista Renacer, Villa Constitución, Santa Fe Argentina
Cepedes Brasil
Chabi‐Yaouré Nelly Faï Benin
Clara E. Riveros Sosa Argentina
Claude Sarrazin Picvert Environmental Organisation Francia
Cleber César Buzatto, Conselho Indigenista Missionário ‐ Cimi Brasil
Climate Justice Campaign South Africa
COECOCEIBA ‐ Amigos de la Tierra Costa Rica Costa Rica
Colectivo de Abogados José Alvear Restrepo. Colombia
Colectivo de trabajo Jenzera Colombia
Colectivo VientoSur Chile
Collectif Pêche et Développement
Community Resource Centre India
Consejo Autónomo Aymara
Consejo de Investigaciones en Desarrollo CIID‐Guatemala Guatemala
Constanza Lòpez Trujillo, Asociacion Grupo ecologico Santa Rosa Colombia
Consultoria de Estudios y Evaluación de Proyectos, SC. Mazatlán, Sinaloa Mexico
Cooperativa Organica Madre Tierra
CRIPADD (Cercle Recherche pour l'Identification et Promotion des
Alternatives du Développement Durable)
Cristián Frêne Conget, Ingeniero Forestal, Mg. en Recursos Hídricos,
Dr.(c) en Ecología Chile
Danilo Cueva, FAPECAFES‐IISKRES Ecuador
David Hallowes, Durban South Africa
Di Dold, COASTWATCH‐KZN South Africa
Domingos Patacho, Quercus Portugal
Dominique Véret
Dr and Mrs R Mankowski South Africa
Dr Erick Virgile AZANDO, PhD, Enseignant ‐ Chercheur Benin
Dr Mathieu Wadja EGNANKOU, SOS‐Forêts Côte d'Ivoire
Dr. Christian F. Weisser Alemania
Dr. Klemens Laschefski, Universidade Federal de Minas Gerais Brasil
Dr. Onno Gross, Marine Conservation Organization
Dr. Paulo Cezar Mendes Ramos, GT contra os agrotóxicos e
transgênicos, Associação Brasileira de Agroecologia Brasil
Dr.V.Balaji., OMCAR Foundation India
Dwitho Frasetiandy, WALHI South Kalimantan, Friends Of The
Earth Of Indonesia Indonesia
Eco Sitio Argentina
Ecological Society of the Philippines Philippines
Ecologistas en Acción España
EcoNexus
Edgar Jaimes, Grupo de Investigación de Suelo y Agua. Universidad de
Los Andes, Núcleo de Trujillo Venezuela
Edgar Palacios España
Eduardo Baird Argentina
Eduardo Luís Ruppenthal, Professor de Biologia Brasil
Elder Andrade de Paula ‐ Prof Associado, Univ Federal do Acre Brasil
Eliege Maria Fante, Jornalista, Porto Alegre Brasil
Eliseo Castellano, Fundación Jardín Botánico UNELLEZ Venezuela
EMACE Sri Lanka
Emilia Wanda Rutkowski, UNICAMP Brasil
Environment East Gippsland Australia
Environmental Rights Action ‐ Friends of the Earth Nigeria Nigeria
ETC group International
Eunice Dias de Paula CIMI MT Brasil
Eva Cardona España
Evelyn Schönheit / Jupp Trauth. Forum Ökologie und Papier Alemania
Fabiana Anciutti Orreda Brasil
Fernandes Godóis Brasil
Fernando B. Rubio del Valle Peru
Fernando Quirola Anzoátegui. Colegio de Arquitectos Machala‐El Oro Ecuador
Filipe Correia Duarte Brasil
Flávio Vivian, Eldorado do Sul Brasil
Floribert MASANI MUNGUATOSHA, C.I.E.C.R.A / Réseau CREF, GOMA Congo DR
FOBOMADE ‐ FORO BOLIVIANO SOBRE MEDIO AMBIENTE Y DESARROLLO Bolivia
Focus on the Global South
Foro Ecologista de Paraná Argentina
Forum Masyarakat Sipil untuk Keadilan iklim Indonesia
Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social Brasil
Francisneide de Sousa Lourenço, Comissão Pastoral da Terra –
Regional Amazonas Brasil
Françoise Widmer
Frédéri DJINADJA Togo
Freedom from Debt Coalition (FDC) Philippine
Frei Luiz Carlos Susin ‐ World Forum on Theology and Liberation Brasil
Friends of the Earth Finland Finland
Friends of the Earth Australia Australia
Friends of the Landless Finland
Fundación Eco Urbano Argentina
FUNDACIÓN ECOLÓGICA COSMOS Colombia
Gary Lim, EDUTREE Services Malaysia
Germán Escobar Berón, Etnobiólogo Colombia
Geslin OMEME ESSONO
Global Forest Coalition
Global Justice Ecology Project USA
Global network Indigenous Peoples, human and Mother earth
Rights: EARTH PEOPLES
Green Cross Society from Lviv Ukraine
Green Perspective Foundation Slovakia
Griselda Urich Argentina
Grupo Guayubira Uruguay
Grupo Mesófilo Mexico
GT (Grupo de Trabalho) de Ambiente da Associação dos Geógrafos
Brasileiros Seção Vitoria/ES Brasil
GUSTAVO SOTO SANTIESTEBAN, CEADESC ‐ Centro de Estudios
Aplicados a los Derechos Económicos, Sociales y Culturales Bolivia
Guy Wallbanks, York and Ryedale Friends of the Earth
Hadi jatmiko, Walhi South Sumatera Indonesia
Hariansyah Usman, WALHI Riau Indonesia
Heffa Schuecking, Urgewald Alemania
Helder Gomes, Rede Alerta‐ES Brasil
Henri Auguste, H2O Gabon Gabon
Hilary Sandison, Periodista Anglo‐Francesa Francia
Horacio de Belaustegui, Fundacion Biosfera Argentina
Htay Lin, Mangrove Service Network (MSN) Myanmar
Hugh Lee, Kilcoole, Co Wicklow Ireland
ICRA International
India Resource Center US
Iniciativa Radial, ONG Periodística Argentina
Instituto Latinoamericano para una Sociedad y un Derecho Alternativos ‐
ILSA Colombia
Irene Lau Peru
Irene Maria Cardoso
Irmã Iolanda Maria Borges
ISSA A. Mikaïla, Journaliste Benin
JA ‐ Amigos de la Tierra Mozambique Mozambique
Jaime Schmitz Brasil
Jarbas A. Silva ‐ FRC Brasil
Jaruwan Kaewmahanin, Mangrove Action Project ‐ MAP, Asia Office Thailand
Jean Donatien Nshimirimana, Propreté, Environnement et Santé "P.E.S." Burundi
Jeffrey Glogiewicz Puerto Rico
Jim Enright, Mangrove Action Project
Jo Hadley
Jorge Cappato, Fundación PROTEGER Argentina
Jorge Eduardo Rodríguez Quirós Costa Rica
Jorge Ernesto Llosa Montagne
Jorge Varela Márquez, Premio Goldman 1999 Honduras
José Gomes de Melo Júnior, Eng.º Florestal, especialista em Agroecologia Brasil
Josué EVOUNA NGUEMA Gabon
Juan Corral Aguirre Mexico
Juan Hernández Zubizarreta, profesor Universidad del País Vasco
Juan Longo (Toba‐Qom), Asociación Civil Construyendo Ciudadanos Argentina
Juan Ortiz Burgos, Asociación Proteger Argentina
Julio‐Néstor Sosa Benia Uruguay
Just Forests Ireland
Justiça Global Brasil
Kenn Mondiai, Partners With Melanesians
Papua New
Guinea
KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço Brasil
La Asamblea Ambientalista Santotomeña Argentina
La Red Internacional de Forestería Análoga Costa Rica
Laia Serra Valls, periodista, Barcelona España
Laurence Cortadellas, ZHI ROU JIA Francia
LEOMAR HONORATO LIRIO, COORDENAÇÃO DO MOVIMENTO DOS
PEQUENOS AGRICULTORES ‐ MPA/BRASIL Brasil
Lino Matheus de Sá Pereira
Livia Morena Brantes Bezerra ‐ Engenheira Florestal Brasil
LLASTAY‐PARA LA DEFENSA DEL MEDIO AMBIENTE Argentina
Luarte Association
Luc D. KOUNOUHO, DODJI ASSOCIATION
LUCIANO JUÁREZ GARCÍA, INGENIERO QUÍMICO METALÚRGICO Mexico
Luiz Gouvêa de Paula CIMI MT Brasil
Luiza Maria Coimbra Coffler
Luz Guillén Cornejo, Pastoral de la Tierra/Vicariato Apostólico de Yurimaguas Peru
M. Sarimin BOENGKIH, Agence Kanak de Developpement Francia
M.E. Perez Colombia
Maddalena Bebi Italy
MADOHONAN D. Désiré, Technicien Supérieur en Aménagement et
Protection de l'Environnement Benin
Maendeleo Endelevu Action Program (MEAP) Kenya
Maison de l'Enfant et de la Femme Pygmées (MEFP)
Republique
Centrafricaine
Mal Mitchell UK
Mandy Haggith, Worldforests Scotland
Mangrove Action Project (MAP) USA
Mangue Vivo ‐ preservação e estudo científico, Universidade Federal
do Ceará Brasil
Marc Flegel
Marc Flegel Alemania
Marcel ZOUMENOU, Journaliste, Rédacteur en chef du quotidien
La Nouvelle Tribune
Marcos Ampudia Ecuador
Marcos Rostagno Argentina
Marcus Colchester UK
María Andrea Olcese Argentina
Maria Angela Torres Kremers, Revista digital Yarumo
Alemania /
Colombia
María Cecilia Macera Urquizo
MARÍA DEL CARMEN RIVASPLATA Peru
María Elena Saludas, ATTAC ‐ Argentina Argentina
María Eva Cavanellas, estudiante de ecología Argentina
María Inés Aiuto, Campaña Paren con la plantaciones Forestales, GRR Argentina
María Isabel Manta Nolasco Peru
Maria Marques de Sousa
Marilda de S. Velho, Pastoral da Saúde, Santa Catarina Brasil
Marilda Teles Maracci Brazil
Mario Rivera Andrade, Quito Ecuador
Martin Castro Mexico
Matías Francia
MBA VICTORIEN, ONG APED Cameroun
Mercerdes Magdalena Daculna Argentina
Méryas D. KOUTON, Directeur du Parc National de la Pendjari
Michel Saini, ArBio Peru
Miguel Marín, FEDICAMP Nicaragua
Mlle Hermione Boko‐Koudakossi
Monica Roxana Gallardo Argentina
Monica S. Cassels, Salta Argentina
Monsieur Boco KANA‐GABA
Movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, Porto Alegre Brasil
Movimento Nacional de Afetados por Desastres Socioambientais ‐ MONADES Brasil
Movimiento Madre Tierra ‐ Amigos de la Tierra Honduras Honduras
Múcio Tosta Gonçalves, Economista Brasil
NAT ‐ Amigos de la Tierra Brasil Brasil
National Association of Professional Environmentalists (NAPE) / FoE Uganda Uganda
Nature Tropicale ONG Benin
Naturismo Tropical de Puerto Rico Puerto Rico
Nemesio Juan Rodríguez Mitchell, PUMC‐UNAM Oaxaca Mexico
Neuza Soares Brasil
Nibedita Mukherjee, PhD student Belgium
Nina somera
NOAH Friends of the Earth Denmark Denmark
Norman Jiwan
Observatorio de Conflictos Mineros de America Latina
Observatorio Latinoamericano de Conflictos Ambientales. OLCA. Chile
Ode Rakhman, Walhi Sulawesi Utara Indonesia
Odila Cadore
Ole Siosiomaga Society Incorporated (OLSSI) Samoa
OLEDD Congo DR
Orlanda Rodrigues Alves
Orlando Pantoja. COCOCAUCA: Coordinacion de Consejos comunitarios
y organizaciones de base del pueblo negro del pacifico en Cauca Colombia
Oscar Leonel Atz Castro, CEIBA Guatemala
Otros Mundos ‐ Amigos de la Tierra México Mexico
Otros Mundos AC/ RECOMA México
Pablo Kaplun Venezuela
PACS ‐ Instituto Politicas Alternativas para o Cone Sul Brazil
Pakistan Fisherfolk Forum Pakistan
Pandu Hegde, Chipko‐Appiko Movement India
Pascal ASSOGBA, Ingénieur des Eaux et Forêts Benin
Patrice SAGBO Benin
Patrice SOGLO, Journaliste Benin
Patrick Bond, University of KwaZulu‐Natal Centre for Civil Society South Africa
Patrick Dowling South Afirca
Pe. Gianfranco Graziola, Centro de Migraçoes e Direitos Humanos
‐ CMDH Roraima Brasil
Pedro Pozas Terrados, Proyecto Gran Simio (GAP/PGS) España
Pedro Sousa Silva de Paula Ribeiro, Eng. Florestal Brasil
Pélagie Lucile SOLOTE, journaliste Benin
PELUM Kenya
Planet Survey Cameroun
Plataforma Interamericana de Derechos Humanos, Democracia y
Desarrollo (PIDHDD)
Primates Africa
Pro REGENWALD Alemania
Protet Judicaël ESSONO ONDO, ONG Brainforest Gabon
RAPAL Uruguay Uruguay
Rebecca Sommer USA
RECOMA ‐ Red contra los monocultivos de árboles
Red Latinoamericana de Mujeres Defensoras de Derechos Sociales y
Ambientales
Red Nacional de Acción Ecologista Argentina
Rede Alerta Contra o Deserto Verde‐RJ Brasil
REDES ‐ Amigos de la Tierra Uruguay Uruguay
Redmanglar Internacional
René Salízar Farfán Peru
Réseau CREF (Réseau pour la Conservation et la réhabilitation des
Écosystèmes Forestiers) Congo DR
Rettet den Regenwald Alemania
Ricardo A Montaño. Asociacion JUNPRO Colombia
Ricardo Corrales Costa Rica
RITA / Red Indígena de Turismo de México Mexico
Robert Palgrave, Biofuelwatch UK
Roberto Martins de Souza, Coordenação do Fórum de Recursos
Naturais ‐ PROENS/IFPR Brasil
Robin Clanahan South Africa
Robin Wood Alemania
Rocio Zini, Universidad Autónoma de Entre Rios Argentina
Rogatien BIAOU, Millennium Institute for Local Development Benin
Rolando Núñez, Centro Mandela Argentina
Rosemary Viswanath India
Saint‐Jerome SITAMON
Republique
Centrafricaine
Salva la Selva España
Sandra Nicosia, Posadas, Misiones Argentina
Santiafo Pieroni Uruguay
Save Our Planet Network South Africa
SAVIA ‐ Escuela de Pensamiento Ecologista Guatemala
School of Economic Science, London UK
Solidarité pour la Promotion Rurale Congo DR
Sônia Maria Martins, Caritas Arquidiocesana de São Paulo Núcleo Sé Brasil
Sônia Missagia de Mattos, Antropóloga
Sophia Loayza Cabezas, especialista en Agroforestería Para el Desarrollo
Sostenible Mexico
South Durban Community Environmental Alliance South Africa
Souvanhpheng Phommsane, AIMA (Association for Improving the Living
Standard of Multi‐ethnic People Adapt to Climate Change) Lao
Stanislas BINELI, Alternatives Durables pour le Développement (ADD) Cameroon
Sylvia Ubal de Olivera, Barometro Internacional Venezuela
Sylvie Cardona, AVES FRANCE Francia
The Cornerhouse UK
The Timberwatch Coalition South Africa
THELMA MARIA MEJIA ORDOÑEZ
Theodor Rathgeber, Adivasi‐Koordination Germany
Tim Keating, Rainforest Relief USA
Timberwatch Coalition South Africa
Timi Gaspari, Luarte Association Mozambique
Travail en Réseau avec les Fédératios des Femmes et Enfants en Détresse
‐ TRAFFED Congo DR
Union paysanne, Québec Canada
UNIÓN UNIVERSAL DESARROLLO SOLIDARIO España
Valeria Garritano Argentina
Valerie Tomlinson, Cornwall UK
Vanesa Paccotti, El Paraná no se toca Argentina
Vera Lucia Teixeira, Ong O Nosso Vale! A Nossa Vida Brasil
Victor van Oeijen
Walhi North Sumatra Indonesia
Waman Wasi Peru
WOLF Forest Protection Movement Slovakia
Wolfgang Kuhlmann, Arbeitsgemeinschaft Regenwald und Artenschutz Alemania
Woodland League in Ireland Ireland
Woro yuniati Indonesia
Yunin Aguilar, Colegio de Postgraduados Mexico
Zenzi Suhadi / forest and large scale plantations campaign ‐ WALHI Indonesia