sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Até a Coreia do Sul sai em defesa dos direitos dos povos indígenas, mas, no ACREe no BRASIL os projetos genocidas continuam

Ninawa Huni Kui participou deste encontro que contou com apoio de diversos amigos e amigas do Brasil e de outras partes do mundo. Enquanto amigo pessoal e como CIMI Regional Amazônia Ocidental, apoiamos irrestritamente as lutas dos povos indígenas e comunidades tradicionais na defesa de seus direitos e na busca por respeito aos seus usos e costumes. Assim, não só colaboramos com a ida de Ninawa e outras representações indígenas nos mais diversos fóruns de debates e construção de contra-pontos ao modelo desenvolvimentista, que visa exclusivamente a financeirização da natureza, como moeda de troca e/ou medidas compensatórias, como seguiremos irredutíveis e mobilizados  no enfrentamento a estes projetos de morte.
Este blog seguirá sendo espaço de convocação, mobilização e trincheira de luta, uma vez que a imprensa local, submissa e  posse de políticos e legendas partidárias, tem se negado a mostrar a verdade desses projetos. Ao mesmo tempo , o governo do Estado do Acre e suas ONGs . GOV desenvolvem um programa de convencimento e cooptação de lideranças no sentido de que apoiem tais projetos danosos e genocidas, como disse.
Parabéns ao Ninawa e a todos que participaram deste evento e se juntaram a nós nessa luta que, embora desigual, temos a certeza da vitória porque é a vitória da vida sobre a morte.
Declaração de Suncheon para a proteção da Amazônia
Os cidadãos e autoridades sul-coreanas, reunidos na cidade de Suncheon por ocasião da Conferência Internacional "A Mãe Terra Amazônia abraça a Coréia", após ouvir o depoimento de representantes dos povos indígenas da região amazônica do Brasil e Equador, e depois de debates envolvendo representantes das comunidades da Coréia do Sul, considerando que:
- A exploração e produção de óleo e gás no Equador e a construção de barragens no Brasil desconsideram o modo de vida e a as culturas das comunidades tradicionais e das populações indígenas, colocando em risco os sistemas aquáticos e a biodiversidade;
- As atividades petroleiras da Chevron na Amazônia equatoriana causaram a contamição dos recursos dos quais as populações daquela região dependem para sua subsistência. A vida, saúde, cultura e o meio ambiente de milhares de pessoas foi severamente afetado o longo de mais de quatro décadas de contamição. Esses problemas continuarão no futuro, ao menos que os danos causados pela Chevron sejam reparados;
- A Usina Hidrelétrica Belo Monte, atualmente em construção no rio Xingu (um dos maiores afluentes sem barragens do Rio Amazonas) é um exemplo ilustrativo de como é incompatível a construção de uma usina hidrelétrica e a manutenção da biodiversidade e modo de vida locais, e para evitar a emissão de gases de efeito estufa;
- As cinco barragens que o governo brasileiro quer construir nos rios Tapajós e Jamanxim, no estado Pará, irão destruir um dos mais belos ecossistemas da região, colocando em risco a sobrevivência de diversos povos indígenas;
- Estes projetos estão contribuindo para o avanço da fronteira agrícola, com o consequente aumento do desmatamento, trazendo sérios problemas para o equilíbrio do frágil ecossistema amazônico;
- As fazendas de gado ocupam largos territórios, derrubando a floresta; a agroindústria se apodera de grandes extensões de terra para o cultivo de soja, óleo de palma e cana de açucar para a produção de biocombustíveis;
- A prática intencional de queimadas em larga escala causa perda de madeira, coloca a saúde humana em risco em função da fumaça e contribui para o aumento da emissão de dióxido de carbono;
- O madeiramento ilegal ao longo das novas rodovias e hidrovias também impactam grandes áreas da Amazônia, afetamendo indígenas e outras comunidades tradicionais. As comunidades que estão em situação de risco não foram informadas ou consultadas sobre o que pensam a respeito desses projetos;
- Nenhuma ação foi realizada para avaliar os impactos cumulativos destes projetos;
- A estratégia do REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), utilizada no estado do Acre, não irá beneficiar as populações indígenas. Ao contrário, irá resultar em mais violações dos direitos destes povos. O REDD irá aumentar a violação do direito à terra, território e recursos naturais, causando o deslocamento forçado das populações, dificultando o acesso a seu território e colocando em risco práticas agrícolas indígenas e tradicionais, destruindo a biodiversidade e a diversidade cultural e causando conflitos sociais. Com o REDD, o Estado e os comercializadores de carbono irão assumir mais controle sobre as florestas
DECLARAMOS nosso apoio aos povos da Amazônia em sua luta pela preservação e proteção da floresta, em defesa dos direitos humanos e da Justiça e pela preservação da sua cultura, para que a Terra tenha um ecossistema sadio.

Suncheon, República da Coréia, 22 de 2313
Fonte: Blog do Lindomar Padilha/ Ninawa Huni Kui

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