quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

MISSIONÁRIO DA "NOVAS TRIBOS" É CONDENADO A 58 ANOS DE PRISÃO POR ABUSAR DE CRIANÇAS INDÍGENAS NO BRASIL

Foto internet
Warren Scott Kennell, de 45 anos, missionário estadunidense da "Missão Novas Tribos" foi condenado, nesta terça-feira, a 58 anos de prisão por abusar sexualmente e produzir material pornográfico de crianças indígenas no Brasil. Warren se declarou culpado e confirmou ter cometido os crimes entre 2008 e 2011.

Ele admitiu que estabelecia amizade com as crianças da aldeia e que depois abusava sexualmente delas ainda enquanto trabalhava em um projeto da missão. Em uma das 940 fotos que foram apreendidas, ele se apresenta como "o homem que faz sexo com menina pré-adolescente".

A Missão Novas Tribos se auto denomina como organização evangélica para a implantação de novas igrejas entre as tribos indígenas, as quais considera praticantes de rituais demoníacos e não cristãos/civilizados.  O objetivo da missão é, pois, chegar à todos os povos indígenas e convertê-los, conforme um de seus lemas: "Alcançando novas tribos até que a última seja alcançada".

Tenho dois conhecidos, quase que posso dizer amigos, que fazem parte da Missão Novas Tribos, que conheci ainda quando atuavam no Pará. Certa feita os indaguei durante uma conversa amigável, sobre as razões de serem tão agressivos em seu método "evangelizador " e o porque de tanta condenação das culturas e espiritualidades dos povos indígenas que são acusados pelos missionários, entre outras coisas de infanticidas e pedófilos. Ao que responderam quase que em uníssono "a Igreja Católica tem perdido tantos dos seus fiéis para as igrejas evangélicas que se opõem a qualquer avanço dos evangélicos".  

A condenação de Warren Scot não pode e nem deve sobre nenhuma hipótese significar a condenação da Missão Novas Tribos, como se toda a missão fosse pedófila. Mas, deve nos alertar e alertar as autoridades para o que andam fazendo essas missões "evangelizadoras" nas aldeias indígenas. Costumam usar e abusar de supostos textos bíblicos para condenar práticas culturais e religiosas em total desrespeito ao que preconiza nossa Constituição Federal. 

No Acre a situação não é diferente. Recentemente o Deputado Estadual Denilson Segovia, PEN, AC, fez , da tribuna no plenário da Assembléia Legislativa declarações absurdamente criminosas contra os povos indígenas o que resultou em quatro notas de repúdio. Nas NOTAS feitas pela Federação do povo Hini Kui, pelo  CIMI, além do COMIN e do próprio Ministério Público , fica claro que o Deputado realmente está a serviço deste tipo de igreja que se propõem, antes de tudo, criminalizar e demonizar as culturas e povos indígenas. Mesmo com a reação das entidades, até o momento o deputado não se desculpou ou fez qualquer gesto de retratação.

É essa certeza de impunidade que tem garantido as práticas criminosas, e nada cristãs, de muitos desses missionários e missionárias travestidos de evangélicos e sempre a serviço dos interesses econômicos e políticos nacionais e internacionais. Lamentavelmente temos ainda no Acre uma Funai inoperante e que fecha os olhos para essa realidade e, em alguns casos, parece mesmo apoiar tais práticas, a julgar pelo silêncio diante de fatos tão graves quanto o pronunciamento do Deputado Denilson Segovia.

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