segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

DECLARAÇÃO DE XAPURI: CHICO MENDES NO EMPATE CONTRA AS FALSAS SOLUÇÕES DO CAPITALISMO VERDE

Chico Mendes no empate contra as falsas soluções do capitalismo verde

Daqui de Xapuri, afirmamos ao mundo que Chico Mendes não morreu: foi assassinado. Esse foi o preço que ele pagou por dedicar sua vida à causa da reforma agrária e da proteção da floresta, já que os dominantes nunca aceitaram que os povos da floresta tivessem direito à terra, ao pão e ao sonho. Acharam que assassinando-o, enterrariam sua luta. Mas, já era tarde. Chico havia se transformado numa força que ultrapassou sua existência física.

Desde seu assassinato, sua memória cresceu em importância. Conscientes disso e com medo de seu poder libertário, os de cima se lançaram na tarefa de se apropriar dela através de um contínuo e sistemático processo de distorção.

Isso foi o que os governos da Frente Popular do Acre (FPA) fizeram ao longo dos últimos 20 anos: servindo aos interesses do capital internacional, impuseram, usando e abusando da imagem de Chico Mendes, um conjunto de políticas cujo resultado foi o aumento da privatização e da destruição da floresta.

Indo da exploração florestal madeireira, de gás e petróleo no Vale do Juruá, e da mineração, passando pela pecuária extensiva de corte e abrindo as portas para os projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal - REDD e outras formas de Pagamentos para Serviços Ambientais – PSA, essas políticas representam, em tudo, a mais absoluta negação daquilo que o líder seringueiro defendeu, pois privatizam as florestas, violam os direitos dos povos da floresta e os tratam como criminosos.

Em todo esse processo desfiguram e, num certo sentido, assassinam Chico Mendes, uma e outras vezes mais, fazendo dele um defensor do mesmo capitalismo que o assassinou, ou seja, fazendo dele o contrário do que ele foi.
Lamentavelmente, o que vemos hoje no Acre é a tentativa de transformar em mercadoria terras e territórios que são sagrados para os povos originários e que, além disso, são a base de subsistência de todos os habitantes da floresta.

Por isso é que, nos últimos anos, vimos crescer em nosso meio a criminalização tanto de práticas ancestrais das comunidades locais, como de toda forma de resistência à apropriação capitalista da natureza.

Fiéis ao legado de lutas de Chico Mendes, denunciamos esses projetos assassinos e aqueles que os defendem. Com base em nossas dolorosas experiências, afirmamos ao mundo que propostas como “desenvolvimento sustentável” e “economia verde” não passam de farsa e tragédia.

São farsa porque não protegem a natureza como dizem. São uma tragédia porque fazem exatamente o contrário disso. E nós sabemos a razão: não há saída no capitalismo, seja em qualquer uma de suas formas, ou com qualquer uma de suas cores. Não pode cuidar da vida um sistema assassino.   

Denunciamos essa farsa e exigimos a suspensão imediata de todos os projetos de exploração florestal madeireira e de todas as políticas de compensação ambiental e climáticas derivadas das falsas soluções do capitalismo verde, a demarcação de todas as terras dos povos indígenas, e uma reforma agrária com soberania popular.  
 
Pela Amazônia, pela reforma agrária, pela demarcação das terras indígenas e contra o capitalismo verde e de todas as outras cores, seja conduzido por governos ditos de esquerda ou por governos assumidamente fascistas!


Chico Mendes vive. A luta segue.


Xapuri, 16 de dezembro de 2018

Declaração em Espanhol

Declaração em Inglês

Se você desejar, pode assinar a  declaração até 31 de dezembro em:



quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

“Chico Mendes no Empate contra a Financeirização da natureza”!



Os povos das florestas convidam a  Marcha em Xapuri
Com Chico Mendes no empate contra o capitalismo verde

 
QUANDO: 14 de dezembro - 17 h.
ONDE: concentração na praça em frente ao Painel dos Mártires


Em seguida, compartilhamos informações dos organizadores da atividade:
Quais os objetivos desta ação?
A nossa intenção é simples: homenagear Chico Mendes. Ele foi um dos grandes líderes na luta dos povos da floresta contra a espoliação capitalista da Amazônia. Queremos, também, denunciar os abusos da imagem de Chico Mendes por parte do governo do Acre, de certas ONGs, agências de desenvolvimento e bancos que apresentam ele como se fosse o “patrono da Economia Verde” e, com isto, tentam legitimar novas formas de exploração capitalista. Outro objetivo, com o encontro em Xapuri, é informar a sociedade sobre os perigo que a financeirização da natureza e projetos como REDD (Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação floresta) e PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) representam especificamente para os povos da floresta.

Como posso participar?
Os povos da floresta e todas organizações apoiadoras, professores e pesquisadores e todas aquelas e aqueles que defendem o verdadeiro legado de Chico Mendes farão, no dia 14 de dezembro, a marcha “Chico Mendes no Empate contra a Financeirização da natureza”!
Caso não possa estar presente à marcha, compartilhe os conteúdos da campanha pelas redes, seja Facebook, Whatsapp, Instagram, etc. Ajude-nos a espalhar a mensagem de Chico Mendes para todos os lados! E, claro, também converse com amigas e amigos, familiares e vizinhos sobre a iniciativa – nossa interação não acaba nas redes!
Separamos também algumas publicações que este movimento já produziu. Acesse-as AQUINestes materiais, você poderá se aprofundar sobre os temas da financeirização da natureza e outras das falsas soluções do capitalismo verde.
Para mais informação, entre em contato com uma das organizações que apoiam esta iniciativa, AQUI.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

NOTA SOBRE A CITAÇÃO INDEVIDA DO CIMI EM EVENTO OFICIAL EM XAPURI

Conselho Indigenista Missionário - CIMI


O Conselho Indigenista Missionário – Cimi, Regional Amazônia Ocidental vem a público se manifestar contra a citação indevida do nome da entidade como se apoiasse e participasse de evento oficial promovido pelo governo do Acre em alusão aos 30 anos do assassinato do líder seringueiro Chico Mendes.

O Cimi não foi consultado e repudia o fato ter o seu nome vinculado a tal evento. Ao contrário, o Cimi reitera seu compromisso com os povos indígenas e seringueiros e rejeita toda e qualquer iniciativa que vise promover, incentivar e propagandear projetos que afetam negativamente estes povos e comunidades, como o caso dos projetos de REDD+ e PSA, base do chamado capitalismo verde que resulta na Financeirização da natureza e levam os povos e comunidades à perda da autonomia sobre seus territórios.

O Cimi participará na verdade em evento que, ao contrário do evento oficial, denuncia a Financeirização, a cooptação de lideranças e toda sorte de violência e ataques contra aquelas e aqueles que não admitem a espoliação dos territórios.

Conclamamos a todas e todos a participarem do evento TRINTA ANOS PÓS-ASSASSINATO DE CHICO MENTES E DESTRUIÇÃO OCULTA DAS FLORESTAS E VIDAS NO ACRE, de 14 a 16 de dezembro em Xapuri, Acre. Evento este que denunciará as violações e violências praticadas contra pessoas, povos e florestas pelo chamado capitalismo verde.


Rio Branco, 06 de dezembro de 2018.


Conselho Indigenista Missionário - Cimi



Removi a lista das organizações que receberam recursos públicos para evitar o uso indevido e conflitos desnecessários, mas trata-se de documento público. Quem desejar pode acessar a página oficial do Fundo Amazônia elá encontrará as informações.

Acesse aqui


domingo, 2 de dezembro de 2018

Nota do Cimi sobre as agressões do Presidente eleito contra os Povos Originários do Brasil

São graves e preocupantes as ideológicas, anacrônicas e recorrentes declarações do presidente eleito sobre os povos originários do Brasil

Bolsonaro insiste em equiparar os povos a animais em zoológicos, o que é, por si só, inaceitável. Ao fazer isso, o presidente eleito sinaliza que os povos podem ser caçados e expulsos por aqueles que têm interesse na exploração dos territórios indígenas e que pensam como ele.
O presidente eleito retoma o discurso integracionista, marca dos governos ditatoriais das décadas de 1960 a 1980. A ideologia do integracionismo deu margem para ações de agentes estatais e privados que resultaram no assassinato de ao menos 08 mil indígenas no período citado, como atesta o Relatório da Comissão Nacional da Verdade.
Ao afirmar que as demarcações de terras indígenas no Brasil teriam origem em pressões externas, o presidente eleito falta com a verdade. O fato é que a Constituição Brasileira de 1988, que em seu Artigo 231 reconhece a legitimidade e o direito dos povos indígenas à sua organização social, aos seus usos, costumes, crenças, tradições e às suas terras originárias; é a mesma Lei Maior de nosso país que obriga o Estado brasileiro a promover a demarcação, a proteção e fazer respeitar todos os seus bens nelas existentes.
Além disso, o presidente eleito tem a obrigação de saber, também, que o direito dos povos às suas terras é reconhecido oficialmente desde o Alvará Régio de 1º de abril de 1680, ainda durante o Período Imperial, bem como, desde 1934, em todas as Constituições brasileiras.
Ao insinuar que as demarcações de terras indígenas poderiam dar origem a novos países dentro do Brasil, o presidente eleito ignora o histórico de luta dos povos originários em defesa das fronteiras do nosso país ao longo da história. Demonstra ainda profunda ignorância quanto ao teor da nossa Carta Magna que elenca as terras indígenas como Bens do Estado brasileiro (Artigo 20), registrados como patrimônio da União nos Cartórios de Imóveis locais e na Secretaria de Patrimônio da União, de acordo com o Decreto 1775/96, que regulamenta os procedimentos administrativos correspondentes.
Além de extremamente desrespeitosas para com os povos, as declarações do presidente eleito dão guarida ideológica para a inoperância do Estado em efetivar o direito dos povos esbulhados historicamente de suas terras, bem como, para ações ilegais e criminosas de invasão, loteamento, venda e apossamento de lotes, desmatamento e estabelecimento de unidades de produção no interior de terras indígenas já regularizadas, que caracterizam a mais nova faze de esbulho possessório em curso no Brasil contra os povos.
Por fim, é inequívoco que as palavras do presidente eleito servem de incentivo e referendam as ações que atentam contra a vida dos Povos Indígenas no Brasil, antagônicas, portanto, ao dever do Estado de efetivar as demarcações, a proteção dos territórios e da vida destes povos.
Diante de tantas agressões, o Conselho Indigenista Missionário-Cimi manifesta irrestrita solidariedade aos 305 povos indígenas brasileiros e reafirma o compromisso histórico e inquebrantável de estar junto com os mesmos na defesa de suas vidas e seus projetos de futuro.
Brasília, DF, 01 de dezembro de 2018
Conselho Indigenista Missionário – Cimi

Chico Mendes, 30 anos depois: contra o capitalismo verde.


Chico Mendes, 30 anos depois: contra o capitalismo verde.
MARCHA EM XAPURI COM CHICO MENDES NO EMPATE CONTRA O CAPITALISMO VERDE


Convidamos você para participar do evento 30 anos sem Chico Mendes


Dias: 14 a 16 de dezembro na cidade de Xapuri.

A nossa intenção é simples: homenagear Chico Mendes. Ele foi um dos grandes líderes na luta dos povos da floresta contra a espoliação capitalista da Amazônia. Queremos, também, denunciar os abusos da imagem de Chico Mendes por parte do governo do Acre, de certas ONGs, agências de desenvolvimento e bancos que apresentam ele como se fosse o “patrono da Economia Verde” e, com isto, tentam legitimar novas formas de exploração capitalista. Outro objetivo, com a marcha em Xapuri, é informar a sociedade sobre os perigos que a financeirização da natureza e projetos como REDD (Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação floresta) e PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) representam especificamente para os povos da floresta.

QUEM SOMOS?

Somos um grupo composto por moradoras e moradores da floresta, indígenas, líderes sindicais, ativistas, pesquisadoras e pesquisadores, professoras e professores do Acre, que, juntos com organizações e indivíduos representantes da sociedade civil nacional e internacional, resolveram denunciar as falsas soluções do capitalismo verde e a distorção da imagem de Chico Mendes praticadas pelo governo do Acre em parceria com grandes ONGs, empresas e governos estrangeiros.

PARA APRENDER MAIS SOBRE O LEGADO DE CHICO MENDES E O QUE SÃO OS PROJETOS COMO REDD E PSA E AS AMEAÇAS DAS FALSAS SOLUÇÕES DO CAPITALISMO VERDE, ACESSO NOSSO SITE: