Nós, Povos Indígenas (Apurinã, Jamamadi, Manchineri, Yawanawa, Hunikuî e Jaminawa), ribeirinhos, seringueiros, castanheiros, pescadores, extrativistas, camponeses, agentes pastorais, padres, religiosas consagradas, estudantes, servidores públicos, do estado do Acre e sul do Amazonas, em sintonia com o sínodo para Amazônia, reunidos nos dias 20 e 21 de setembro durante o seminário “Direitos Humanos e Políticas Públicas neste Chão da Amazônia”, iluminados pelo texto bíblico “O meu desejo é a vida do meu povo” (Ester 7,3), e inspirados pela Encíclica Laudato Si, discutimos políticas públicas e formas de superação da violência, REAFIRMAMOS nosso compromisso com a defesa da vida e DENUNCIAMOS toda violação aos direitos humanos e agressão à casa comum.
Após ouvirmos
depoimentos, relatos e testemunhos das comunidades ameaçadas, vimos ao público externar a imensa preocupação
frente ao agravamento da violência urbana e rural, o avanço
da disputa pelo tráfico de drogas e de pessoas, o extermínio
da juventude, o aumento da grilagem de terras, das derrubadas e das queimadas em nossa região,
causando, assim, o desequilíbrio ambiental a partir da orientação de
fazendeiros, madeireiros e apoiadores
insanos do Agronegócio, os agrocriminosos.
As queimadas em toda a
nossa região amazônica, especialmente no Estrado do Acre e Sul do Amazonas,
extrapolaram todos os limites. Também nos posicionamos contra o tráfico humano,
os projetos da mercantilização da natureza, REDD, PSA, REM, Manejo Florestal,
Grilagem de Terra e outros projetos que visam apenas os ganhos financeiros sem a
preocupação com todas as formas de vidas. Nos posicionamos contra as ações de
agrocriminosos que de forma violenta agridem a natureza e violam os direitos
dos povos indígenas e comunidades tradicionais. Reafirmamos o que diz o papa
Francisco Laudato
Si:
“A estratégia de compra-venda de
«créditos de emissão» pode levar a uma nova forma de especulação, que não
ajudaria a reduzir a emissão global de gases poluentes. Este sistema parece ser
uma solução rápida e fácil, com a aparência dum certo compromisso com o meio ambiente,
mas que não implica de forma alguma uma mudança radical à altura das
circunstâncias. Pelo contrário, pode tornar-se um diversivo que permite
sustentar o consumo excessivo de alguns países e sectores.”
(Papa Francisco, Encíclica Laudato Si, LS 171)
Conclamamos a todos que
levantemos nossas vozes em defesa da Amazônia, pela reforma agrária, pela
demarcação dos territórios indígenas, regularização dos territórios das populações
tradicionais, pelo direito à vida para dizermos “NÃO” ao agrocrime, e à toda
forma de violação do Direitos humanos.
Os participantes do
Seminário
Rio Branco, 21 de
setembro de 2019
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