CARTA DAS LIDERANÇAS
INDIGENAS KAXINAWÁ AO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PARA SOLICITAR PROVIDENCIAS
JUNTO A FUNAI, SESAI, SESACRE E OUTROS PARCEIROS SOBRE OS CASOS DE COVID-19 NA
TERRA INDÍGENA ALTO RIO PURUS E NA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE SANTA ROSA DO PURUS
EM INDIGENAS.
Nós lideranças Hunikui (Kaxinawá), Organização dos Povos
Indígenas Hunikui do Alto Rio Purus - OPIHARP e Associação de Produtores
Kaxinawá da Aldeia Nova Fronteira-APKANF, através da Federação Estadual dos
Povos Hunikui do Acre- FEPHAC, entidade jurídica sem fins lucrativos que
representa todos os interesses do povo acima mencionado, solicitamos
providencias imediatas junto a FUNAI/CR-Alto Purus, SESAI/DSEI-Alto Purus,
SESACRE e outros parceiros, sobre o surto descontrolado de uma doença denominada
COVID-19 que neste momento acomete a população indígena da terra indígena do
Alto Rio Purus no município de Santa Rosa do Purus Estado do Acre, onde só este
mês já são 10 casos confirmados de COVID-19 em indígenas do povo Hunikui e 02
óbitos em idosos que testaram negativos para COVID- 19, sendo um do povo
Hunikui e outro do povo Jaminawa, onde os sinais e sintomas foram parecidos com
a tal doença. Sem contar que mais de cem pessoas do povo Hunikui podem está
contaminados com o vírus devido a aglomeração durante a um dos velórios, onde
na casa que aconteceu o tal velório, todos da família testaram positivo para
COVID-19, Isso na zona urbana do município.
A situação neste momento se torna mais agravante, devido
uma profissional de saúde da EMSI (Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena),
ter adentrado a TI contaminada com o vírus compondo um número de 08
profissionais de saúde, realizando atendimento básico de saúde em mais de 20
aldeias da TI totalizando mais de 300 famílias que tiveram inevitavelmente
contato com a profissional contaminada com o vírus, sendo que a tal doença foi
comprovada através de teste rápido na profissional mencionada. Neste exato
momento às 15 horas do dia 27 do corrente mês e ano recebemos informações
verídicas que na base onde se encontram instalada outra equipe da EMSI na
aldeia Maronawa, um indígena do povo Kulina testa positivo para COVID-19. Estes
denominados povos compõem mais 18 aldeias, sendo considerados nômades e os mais
vulneráveis neste momento de pandemia. Agora já não sabemos com precisão
quantos estão infectados com o vírus.
Finalizamos pedindo ao Ministério Público Federal a
mediação junto aos órgãos de saúde e órgãos indigenistas para ações
emergenciais de combate a propagação do vírus entre as famílias indígenas,
evitando um genocídio nos Povos tradicionais da Terra Indígena do Alto Purus.
Assinam a carta:
Hulicio Moises Kaxinawa
Vice presidente da OPIHARP
Nelson Domingos Kaxinawa
Membro sócio da APKANF
Acrescento que o Cimi, Regional Amazônia Ocidental também encaminhou documento ao Ministério Público Federal – MPF; Defensoria Pública da União – DPU; Ministério Público Estadual – MPAC; Defensoria Pública Estadual – DPE; Secretaria de Estado da Saúde do Acre - SESACRE; Secretaria Especial de Saúde Indígena-SESAI e Fundação Nacional do Índio - FUNAI, onde endossa a carta dos indígenas, lamenta que a situação tenha chegado a este ponto e siga piorando ao tempo em que lembra as diversas denúncias feitas por desassistência à saúde indígena..
O momento é grave e não é hora de se fazer políticas menores, jogando notadamente com a imprensa local.
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