Não é só porque o mapa do agronegócio
todo azulou ou tucanou nas últimas eleições, mas, principalmente, porque a
saúde da terra e do povo brasileiro estão em jogo. Caros companheiros e
companheiras, assessores(as) do Governo Dilma, o diálogo com a sociedade
brasileira exige que vocês ajudem a Dilma a questionar o apoio que vem sendo
dado ao agronegócio.
O grupo ruralista que tem sido privilegiado em todos
os governos anteriores, mas em especial na primeira gestão de Dilma, são os
principais poluidores da terra e da nossa comida brasileira. E eles estão aí de
volta, no Congresso, querendo de novo comandar e desmandar.
O grupo está alinhado a um modelo essencialmente desenvolvimentista
predador e como alerta a Comissão Pastoral da Terra, é o principal responsável
“pela devastação ambiental dos nossos biomas, com o desmatamento e a utilização
intensiva de agrotóxicos que suprimem a proteção vegetal e contaminam solos,
águas, ar e trabalhadores e trabalhadoras. Provocam ainda o secamento e morte
de nascentes e rios e o rebaixamento de lençóis freáticos e aquíferos. A
destruição dos cerrados compromete a segurança hídrica atual e futura, o que já
se evidencia na crise de abastecimento de várias regiões do país, que não se
pode atribuir simplesmente à falta de chuvas. Ao se expandir para a Amazônia,
este modelo chega à última fronteira, onde agrava a crise ecológica e nos põe a
temer ainda mais pelo futuro...“
Não tem diálogo possível com quem prejudica o povo
brasileiro, colocando em risco a sua saúde e até a sua sobrevivência como
alertam à exaustão centenas de cientistas do mundo inteiro.
Sob o título: “Amazônia perde mais de 2000 árvores por minuto nos
últimos 40 anos”, - alertam - “cerca de duzentos dos principais estudos e
artigos científicos sobre o papel da floresta amazônica no sistema climático,
na regulação das chuvas e na exportação de serviços ambientais para áreas
produtivas, vizinhas e distantes da Amazônia. A avaliação conclui que reduzir a
zero o desmatamento já não basta para garantir as funções climáticas do bioma.”
E o cientista do INPE, Antônio Donato Nobre, afirma: “Estamos indo direto para o matadouro. Parar de desmatar é fundamental, mas não
resolve mais. Temos que conter os danos ao máximo. Parar de desmatar é para
ontem. A única reação adequada neste momento é fazer um esforço de guerra. A
evidência científica diz que a única chance de recuperarmos o estrago que
fizemos é zerar o desmatamento. Mas isso será insuficiente, temos que replantar
florestas, refazer ecossistemas. É a nossa grande oportunidade.”
Mesmo que o agronegócio contribua com 100 bilhões de
reais no PIB, não é razão para que se continue apoiando essa forma de agredir a
terra e a saúde do povo brasileiro. É preciso que o Governo amplie o seu
diálogo com o movimento popular e com os cientistas do Brasil e do mundo.
Nomear Cátia Abreu para Ministra da Agricultura e Aldo Rebelo Ministro de
Ciência e Tecnologia, símbolos da depredação da terra e da natureza, é agredir
a razão e o bom senso. Não pode, é inaceitável!
Casa da Cultura do Urubuí, Amazonas,
21 de janeiro de 2015,
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