sexta-feira, 26 de junho de 2015

Coordenadora do Cimi no Acre fala sobre o Direito à Memória e à Verdade

Rosenilda Padilha
Em palestra proferida durante a conferência local de política indigenista, uma das fases preparatórias para a Conferência Nacional, realizada em Rio Branco nos dias 23 a 25 de junho, a coordenadora do Conselho Indigenista Missionário- CIMI, Regional Amazônia Ocidental, lembrou os difíceis tempos em que a ditadura militar impedia os indígenas de participarem das assembleias ocorridas em todo país com apoio do CIMI e outras organizações de apoio à causa indígena. Na fala, Rose, como é conhecida, fez ainda uma comparação entre aqueles tempos e os atuais o que proporcionou ao presentes um entendimento claro sobre as novas formas de espoliação, controle e desrespeito aos direitos.

Um dos pontos altos do debate foi a constatação de que há muita semelhança entre aqueles que previam e intencionavam o fim dos povos indígenas com os que ainda hoje intencionam e trabalham no mesmo sentido, seja afirmando que já não há mais terra para ser demarcada ou problemas de natureza de direitos, como é o caso do discurso predominante no Acre, seja por medidas legislativas ou mesmo judiciárias que negam os direitos já conquistados. De toda sorte, restou claro que a ideia de que os povos indígenas vivem no "tempo dos direitos" não passa de uma armadilha para que continuem as agressões, violências, esbulhos e espoliações.

O Estado brasileiro (e o Acre em particular) está longe de respeitar a memória e a verdade. Ao contrário, o processo tem sido justamente o de negar e retirar direitos já conquistados. 

Para entender esta questão e de como a ação do estado e de ONGs a ele atreladas, na Amazônia Ocidental, estão deliberadamente prejudicando os povos indígenas e lentamente desrespeitando a memória e a verdade e ainda investindo contra seus direitos e territórios, é preciso a leitura do texto Estado e Movimento Indígena na Amazônia Ocidental: do conflito à conciliação? Crônica de uma vitória às avessas de Israel de Souza.

O que se espera é que os indígenas que forem delegados à Conferência Regional e à Nacional possam se manifestar e trazer à tona a verdade sobre a realidade vivida pelos povos indígenas da amazônia Ocidental que é de quase total abandono, ao contrário do que querem nos fazer crer aqueles que vivem às custas de um indigenismo subserviente ao capital.

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