Professor Elder Andrade de Paula. Foto Edufac |
Caro Lindomar,
Li atentamente o seu artigo DE MAL GOSTO: Governo do Acre quer que Cimi se responsabilize pelo abandono em que se encontram os indígenas no estado”, postado no dia 1 de dezembro no “Blog do Padilha”. Quero antes de mais nada, prestar toda solidariedade ao CIMI pela imprescindibilidade do papel que tem cumprido no apoio a lutas dos povos indígenas não só no Acre mas em todo o país. Desafortunadamente, é sob governos compostos por antigos aliados ditos de esquerda que essas lutas atravessam o período mais dramático das últimas décadas, como você tem mostrado com clareza nos posts de seu Blog.
É sob esse contexto que as calunias do secretário de comunicação do governo do Acre contra o CIMI devem ser interpretadas. De um lado, mostra uma fina sintonia com a bancada ruralista e todos os demais inimigos dos povos indígenas, por outro, ilustra com nitidez a intolerância e autoritarismo do governo de plantão no estado Acre.
O dito governo, além de não tolerar as críticas usa de todas armas para tentar aniquilar aquelas organizações e ou pessoas que não se intimidam com sua truculência. Dado que a lista dos atingidos é grande, registro apenas os casos mais recentes envolvendo os jornalistas Altino Machado e Lenilda Cavalcante, processados criminalmente por denunciarem o fornecimento de alimentação deteriorada aos pacientes de um hospital público em Rio Branco.
Por tudo isso, diria que não é o CIMI que deve explicações a sociedade, mas sim, o governo do Estado do Acre. Cabe a ele que realmente tem recebido vultosas somas de financiamentos externos e internos, mostrar “as prestações de contas”. Até o momento o que sabemos a respeito disso resume-se ao esquema de corrupção denunciado na “operação G7” levada a cabo pela da Policia Federal. Mais ainda, o governo estadual deve explicações sobre a entrega das terras e territórios deste estado para fazendeiros, madeireiros, especuladores financeiros que operam com os famigerados mercados de créditos de carbono etc.
É aí e não no CIMI, que o secretario de comunicação do governo encontrá explicações não só para a presença de “índios mendigando nas ruas”, mas também para a existência de mais de 60 mil famílias vivendo de filantropia governamental, de duas centenas de famílias de posseiros expulsas do “Ramal do Cacau” no Bujari pela fazenda Canary, com todos os requintes utilizados no tempo da ditadura militar: uso da policia militar, destruição e queima de moradias e escola, destruição de roçados etc... Encontrará também explicações tanto para a criminalização dos “Povos da Floresta” e as constantes pressões para desocuparem seus territórios quanto para as ameaças de morte contra Lindomar Padilha, arrombamentos da Comissão Pastoral da Terra em represália por denunciarem os desmandos do latifúndio e das madeireiras no Acre.
Rio Branco, 7 de dezembro de 2013
Elder Andrade de Paula
Prof. Associado UFAC
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