segunda-feira, 10 de março de 2014

Ex-governador Jorge Viana fala sobre as hidrelétricas do Rio Madeira por Senildo Melo

A entrevista que publico aqui foi gravada por Senildo Melo ainda em 2009 (29 de março de 2009) com o ex-governador e hoje senador pelo PT do Acre, Sr. Jorge Viana. É muito importante prestarmos atenção às suas respostas para entendermos o que realmente está por trás. Fica claro que em nenhum momento realmente as pessoas e o ambiente foram tomados em conta. Que a responsabilidade recaia sobre aqueles que sempre defenderam os empreendimentos, sempre em defesa de seus próprios interesses.

"As pessoas do eixo sul e sudeste precisam entender que a Amazônia pode sim conciliar preservação ambiental com desenvolvimento sustentável. E as usinas do Rio Madeira são um bom exemplo disso”


Depois de uma visita ao canteiro de obras das usinas de Santo Antônio e Jirau (RO), na semana passada, mantive contato com o presidente do Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Acre, Jorge Viana, para gravarmos uma entrevista sobre o assunto. Prontamente o compromisso foi agendado com sua assessoria.

Na sexta-feira, dia 27, estive em seu escritório, no centro de Rio Branco, para conversar com um dos homens mais influentes da policia na Amazônia. Jorge Viana foi um dos principais defensores do uso dos recursos naturais para a geração de energia limpa e renovável quando governou o Estado por dois mandatos (1999 a 2002 e de 2003 a 2006).

- Durante o meu segundo mandato, estive por diversas vezes em Brasília com o presidente Lula sensibilizando as autoridades da importância dessa obra para o desenvolvimento da região -, frisou o ex-governador.

O complexo hidrelétrico do rio Madeira é um investimento na ordem de R$ 22 bilhões. Com mais R$ 8 bilhões do sistema de transmissão (linhão) esses recursos chegam a R$ 30 bilhões com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Atualmente são mais de três mil empregos direitos e vão chegar a dez mil até o próximo ano. Os setores de comércio e serviço tiveram um aumento de 30% no último trimestre a partir das obras das usinas, aponta a Associação Comercial de Rondônia. A Votoratim também abriu centenas de postos de emprego com a construção de uma Fábrica de Cimento, em Porto Velho, para abastecer as obras. De acordo com a Federação das Indústrias do Acre, algumas empresas acreanas também estão exportando produtos como postes e madeira para os canteiros de obras das usinas.

Senildo Melo: Diante de todo esse cenário, como Acre e Rondônia podem aproveitar melhor esse momento, ex-governador ?

Jorge Viana: “É um momento muito importante. As pessoas do eixo sul e sudeste precisam entender que a Amazônia pode sim conciliar preservação ambiental com desenvolvimento sustentável. E as usinas do rio Madeira é um bom exemplo disso”, disse.

Senildo Melo: Mas como seria efetivamente esse desenvolvimento ?

Jorge Viana: “Se gera muito emprego agora com a construção das hidrelétricas, mas daqui a alguns anos teremos energia limpa, barata e com qualidade suficiente para que grandes indústrias se instalem na nossa região”, lembrou.

Senildo Melo: E a preservação do meio ambiente, não ficará comprometida com o impacto da obra ?

Jorge Viana: “De maneira alguma. Hoje a energia que chega para nós é gerada por meio de termoelétrica. Isso polui muito o meio ambiente porque é produzida a partir da queima do óleo diesel. No caso das hidrelétricas, o sistema adotado é o de turbinas de bulbo, que reduz o impacto em até 80% se comprado com outras hidrelétricas no país. Com isso, a área inundada é menor porque não existe a necessidade de se construir grande barragens como a de Itaipu”, comentou.

Senildo Melo: O Sr. acredita que as comunidades no entorno das usinas vão se beneficiar desse empreendimento ?

Jorge Viana: “Aí entra à tese que eu defendo desde os tempos de governador: é preciso se criar um meio, e aí temos de encontrar esse mecanismo, de uma espécie de compensação financeira a essas comunidades e aos governos de Rondônia e Acre pelo uso dos nossos recursos naturais. No caso o rio Madeira para a geração de energia”, concluiu.

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