Nos trilhos da sociedade
agazeta.net
Se as estripulias cometidas por alguns participantes da Parada Gay causaram espanto e horror em segmentos da sociedade, do outro lado as trocas de farpas entre ativistas homossexuais e conservadores serviram para tirar a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) de seu sono parasita. Após ficar a última década em um cabo de guerra frenético entre governo e oposição, enfim o Parlamento parece ter despertado para o que vem ocorrendo do lado de fora de seus confortáveis gabinetes, estando totalmente fora da realidade. A Casa do Povo parece abrir seus olhos para uma sociedade multicultural, plural, onde a única tendência será o acirramento dos debates –é aí que a Aleac deve entrar como intermediadora.
Ao se analisar a atual composição do Parlamento acreano percebe-se o seu distanciamento da heterogeneidade da população acreana. Os únicos setores bem representados são os pecuaristas por meio de sua força econômica e os religiosos, graças ao aumento significativo do protestantismo no Acre. (grifo meu)
Um Estado que tanto evoca seu passado vez ou outra não é capaz de eleger uma única liderança indígena para ocupar uma das 24 cadeiras da Assembleia Legislativa do Acre. Os demais povos da floresta também estão excluídos deste processo.
Na verdade, assim como no resto do país, o Parlamento é composto pelas pequenas elites que usam de seu poderio econômico para ampliar a influência dentro da estrutura do Estado. Os verdadeiros segmentos sociais estão a mil léguas de distância da realidade política do Estado.
Está na hora da sociedade reavaliar sua Assembleia Legislativa. Os movimentos sociais precisam se mobilizar. A Ufac deve colocar este tema nas rodas de discussões acadêmicas. Caso uma mudança radical não ocorra, o Parlamento tende a caminhar para o fundo do poço da memória dos acreanos, e isso não será salutar para a democracia.
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