quinta-feira, 18 de julho de 2013

COMO PODEM IR ÀS RUAS SEM NÓS????

 Em sua relação com o governo federal essas pretensas lideranças Munduruku têm feito propostas contraditórias e se conduzido sem a honestidade necessária a qualquer negociação.
(Gilberto Carvalho em nota)

A frase acima, dita pelo Ministro-chefe da Secretaria-geral da Presidência da República em nota, por ocasião da manifestação de lideranças Munduruku, contrários a construção de hidrelétricas que afetam seu território, mostra claramente o nível de arrogância da pretensa esquerda deste país. Detalhe: Gilberto foi agente da Pastoral Operária da Igreja Católica.

Gilberto Carvalho e Paulo Maldos, (Secretário nacional de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República), que inclusive pousou de assessor do Cimi,  são apenas dois exemplos de tantos outros de pretensos militantes que se viraram contra a causa. Costuma-se dizer que ao fazer isso, fulano "está cuspindo no prato que comeu". Nestes casos não se trata de cuspir no prato, mas, de vomitar e defecar na gamela que lhes serviu e de quem se serviram por anos.

Começo este texto fazendo esta observação para justificar o título e expôr humildemente um pouco do meu pensamento  no contexto atual. 

Anteontem recebi um telefonema de um amigo, antigo colega de estudos no Educandário Nossa Senhora do Amor Divino, em Petrópolis. Fiquei muito contente por receber uma ligação de um amigo que há anos não vejo e sequer tinha notícias. Conversamos amenidades por longos cinco minutos. De repente, assim, do nada, ele me perguntou o que eu estava achando das manifestações de rua. Disse a ele que estava em Brasília cuidando de alguns compromissos mas que a questão era interessante.

Claro que não respondí naquela hora e, principalmente por estarmos ao telefone, e sabem como andam os créditos de celular, né? 

Pois bem, aqui estou novamente voltando ao tema.

O que mais tem me surpreendido nessas manifestações são as respostas prontas e arrogantes de que não admite as formas outras de manifestações que não as suas. Aliás, é dessa observação que pensei no título que escolhi para este texto: 

- O povo foi às ruas! (observou e comentou alguém).

- COMO PODEM IR ÀS RUAS SEM NÓS? (indagaram os arrogantes "vanguardistas")

Essa reação demonstra claramente que trata-se de pseudos militantes de esquerda, e de direita, que sempre se colocaram na condição de vanguarda e acreditavam que nada mais poderia ser pensado fora daquilo que eles mesmos induzissem ou "autorirassem". E, contrariando as órdens (da direita e da esquerda), o povo foi às ruas. MAS COMO PODEM SEM NÓS?

A dita "esquerda" desde que chegou ao poder abandonou completamente os movimentos sociais, ou os comprou. Outros movimentos, que não estavam à venda e não se deixaram cooptar, foram esmagados e criminalisados. Após se abraçarem, em abraço de tamanduá, esquerda e direita decretaram o fim de qualquer alternativa ao modelo desenvolvimentista ditatorial. É isso que a nota da Secretaria-geral da Presidência da República diz ao Munduruku e ao povo brasileiro. Traduzindo:

"todos os megalos projetos desenvolvimentistas, incluíndo os forjados pela ditadura militar, serão implementados, ainda que sobre o sangue de povos indígenas ou de quem quer que represente obstáculo. Quem se opor a estes projetos, pensados por nós vanguardistas e donos da verdade e do poder, será tratado como inimigo do Estado e sofrerá as consequências."

Não custa lembrar: FHC era vice de Itamar Franco; Marcos Maciel era vice de FHC; José Alencar era vice de Lula; Michel Temer é vice de Dilma. Quando mesmo que a direita esteve fora do poder?

Voltando a nossa conversa, preciso lembrar que, desde os torrões acreanos, qundo questionávamos (e ainda questionamos) o modelo de desenvolvimento (in)sustentável, éramos acusados de direitistas e que seríamos os responsáveis pela "volta da direita ao poder e pela consequente volta do esquadrão da morte". Pergunto novamente: quando a direita esteve fora do poder? o pior de tudo é constatar que a direita está lá (como sempre esteve) desta vez a convite formal da dita esquerda.

É o fim da história! gritavam as vanguardas de direita e de esquerda. Não há vida nem história fora de "nós", pensavam. Então como podem ir às ruas sem nossa autorização?

Uma vanguarda arrogante impede que encherguemos o novo. Porém, como dizia um antigo compositor: "o novo sempre vem".

Retomando a questão de meu amigo, penso que o povo nas ruas é um fuzilamento de políticos e partidos arrogantes, de assessores de merda que pensam que "cheiram", de pastores e religiosos hipócritas, de sindicatos e centrais atrasados e cristalizados em sua prepotência, de medíocres ditadores (de esquerda e de direita) e que tratam o povo com deboche e desdém. Todos que defecaram e vomitaram na gamela do povo.

Que novo virá? não sei. Mas, só o fato de ser novo já é motivo de esperança.

Vomitaremos sobre eles!!

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