O projeto de lei 1057/2007, contra os povos indígenas, de autoria do Deputado Henrique Afonso (PV-AC), conhecida como Lei Muwaji, que foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, é simplesmente etnocída e vem no vácuo deixado por outros tantos projetos apresentados pela bancada Ruralista e a bancada que se auto denomina "evangélica" e que são, tais projetos, flagrantemente antiindígenas e genocidas.
Estava em viagem pelo interior nos últimos dias, fato que não me permitiu atualizar com mais frequência o blog. Todos nós sabemos que no interior do Acre (e até na capital) o serviço de internet é de péssima qualidade.
Bem, deixando as lamentações de lado, fiz boa viagem e cheguei finalmente em Rio Branco ontem por volta da 14:00 horas trazendo na bagagem muita emoção e muita alegria por ter reencontrado grandes e muitos amigos e amigas incluindo indígenas com os quais trabalho há anos.
Qual não foi minha surpresa ao ligar a teve em um programa de entrevista local onde estavam o Deputado Federal Henrique Afonso (PV/AC) e a presidente regional do PV/AC Shirley Torres de Araújo "comemorando" a aprovação na Comissão do PL 1057/2007, conhecida como lei do infanticídio indígena, de autoria do próprio deputado Henrique. Triplo estranhamento:
1) O referido PL é a única proposição do Deputado Henrique. Muito pouco para dois mandatos. Então, comemorar o que?
2) O PV deveria antes defender e apoiar os povos indígenas. Para um partido que trás no nome o verde, defender um projeto etnocida é o mesmo que manchar o verde em vermelho de sangue. Então comemorar o que?
3) O projeto de lei 1057/2007, contra os povos indígenas, de autoria do Deputado Henrique Afonso (PV-AC), conhecida como Lei Muwaji, que foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, é simplesmente etnocída e vem no vácuo deixado por outros tantos projetos apresentados pela bancada Ruralista e a bancada que se auto denomina "evangélica" e que são, tais projetos, flagrantemente antiindígenas e genocidas. Então comemorar o que?
Do jeito que o projeto é apresentado para a opinião pública dá a entender que é um projeto que defende a vida. Ledo engano. O projeto criminaliza e demoniza não só as culturas, mas, o que há de mais sagrado para os povos indígenas que é o seu território imaterial onde habitam seres mágicos e toda a sua espiritualidade e cosmovisão.
Imagem de internet |
Há tempo que as ditas bancadas ruralista e evangélica vem apresentando projetos que visam a apropriação dos territórios indígenas. Como exemplo basta citar o PEC 2015 e o PL 1057. Um visa a apropriação dos territórios físicos (terra mesma) dos povos indígenas por considerá-los empecilho ao "progresso", preguiçosos e toda sorte de racismos e preconceitos manifestos impunemente por inúmeros deputados, incluindo o próprio presidente da Comissão de Direitos Humanos. O outro visa claramente destruir os territórios imateriais e imemoriais dos povos por considerá-los "selvagens", pagãos, assassinos e demoníacos.
Casaram muito bem os preconceitos dos ruralistas com os dos evangélicos. Curioso é que se valem, especialmente os evangélicos, da imagem de Deus e do projeto salvífico de Jesus Cristo. Quanta hipocrisia falaciosa!!
Desde que os invasores chegaram por aqui que os povos indígenas são saqueados, roubados, assassinados, torturados. 5013 anos depois ainda continuam os saques, os roubos os assassinatos... um verdadeiro genocídio! Pior, tudo com as bênçãos de um deus arrogante, intolerante...criminoso!
O fundamentalismo religioso presente no PL 1057 se evidencia quando alvoram, os defensores do referido PL, em falar em nome da vida, em nome do próprio Deus. Além do saque e do desrespeito ao território imaterial, o PL criminaliza os povos indígenas e alimenta ainda mais o preconceito. Por trás deste tipo de discurso está o interesses nos bens materiais dos povos e isso só será possível conseguirem, eliminando estes povos fisicamente e culturalmente.
Caso a câmara dos deputados aprove este projeto, bem como os demais projetos antiindígenas, o Brasil entrará para a história como o país, que em regime de suposta democracia, levou avante o maior genocídio e etnocídio da história conferindo-lhe, por meio da legislação, um caráter legal, porém, imoral.
Reverências. Dia 09 de agosto sábado, vamos juntos expressar nossa reprovação a todas as propostas que ferem a cultura indígena, ou seja nossas raízes. Aproveitar o Dia Internacional dos Povos Indígenas, em São Paulo será no Vão do Masp às 13:00hs. Todo dia é dia de índio!
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