O caso chama a atenção pela forma com que os indígenas foram acolhidos e tratados pela Funai. Destaco aqui o ocorrido com o Sr. Francisco Nunes Saldanha Jaminawa, Cacique da Aldeia São Paulino, T.I. São Paulino, do povo Jaminawa.
Francisco Nunes (do meio) mais um ameaçado |
No dia 01 de junho deste ano de 2012, após inúmeras denúncias, o Sr. Francisco foi ouvido em depoimento pelo funcionário da Funai, Sr. Waldir da Silva. Em um depoimento com quase duas páginas, Seu Francisco Deu o nome de diversos fazendeiros que estão invadindo a terra indígena e relatou as várias ameaças de morte que vem sofrendo, ele em particular e toda a população da Aldeia. Francisco não só deu os nomes e narrou os fatos, como denunciou que naquele exato momento o fazendeiro conhecido como "Teo" (grafado no depoimento com "Tel") estava iniciando o desmate de oito (08) alqueires para criação de novas pastagens, dentro da Terra Indígena.
Muito tenso, e não poderia ser diferente, seu Francisco pediu apoio da Funai para que pudesse retornar com sua família para a aldeia e pediu para que a Funai o acompanhasse e explicasse aos invasores que alí era, e é, uma terra indígena. Ao que a Funai respondeu que ele deveria comprar uma filmadora e registrar o que estava acontecendo para servir de prova.
Colhido o depoimento seu Francisco retornou à comunidade com a sua família para "assistir" o fazendeiro desmatar o último pedaço de mata bruta ainda existente na terra indígena. Detalhe: Todos os indios estão presos em suas casas porque se saírem serão mortos.
Ontem consegui falar com o Seu Francisco por meio de um celular e ele me informou que a situação está muito tensa e que espera por uma medida da Funai com urgência, caso contrário não restará outra alternativa senão o confronto. Para isso os índios estão se preparando e a qualquer momento, infelizmente, poderemos presenciar uma tragédia anunciada sobre a qual a Funai fez pouco caso e, se quer comunicou à Polícia Federal.
Para expulsar os índios do pátio da sede do órgão a Funai foi ágil e pediu auxílio da força policial mas, para salvar vidas e defender os povos indígenas, se limita a colher depoimentos e passar a responsabilidade da proteção aos próprios indígenas.
Seu Francisco não foi o único a denunciar ameaças de morte. Já são quatro lideranças indigenas que vem a público denunciar as ameaças que vem sofrendo, só na região de Sena Madureira. A pedido dos próprios indígenas que vendo que a Funai não estava tomando as providências de forma enérgica, procuraram o Cimi e o Movimento Indígena para pedir apoio. Em resposta, hoje pela manhã, foram protocolados na Polícia Federal e no Ministério Público Federal cópias de dois depoimentos prestados à Funai no mesmo dia primeiro, incluíndo o depoimento do seu Francisco Nunes.
Esperamos que medidas sejam tomadas com urgência para que seja evitada uma tragédia.
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