quarta-feira, 27 de março de 2013

A água nossa de cada dia


Com toda preocupação em torno da água, sem a qual não vivemos, o governo do Acre insiste em construir 10,5 mil casas sob o único aquífero existente em Rio Branco, medida claramente populista e eleitoreira. 

Mas o que podemos esperar de um governante que altera (rouba) o horário oficial do Estado sem a consulta devida à população e apenas para satisfazer interesses econômicos das empresas de comunicação nacionais, especialmente a Rede Globo de televisão. Pior, não reconheceu o resultado de um referendo popular que decidiu pela volta do horário e, de forma jocosa, zomba, faz chacota e debocha do povo e da lei.

A construção dessas casas, principalmente das mansões, sobre o aquífero Rio Branco é uma grave violação de deireitos da mãe terra. Os ricos tomarão banho em suas piscinas com água do aquífero que é um bem de todos, bem comum, enquanto se somarão ao governo para dechar de todos nós. O projeto, insidindo sobre o aquífero, será um dos maiores desastres ambientais de nossa história acreana e lamentavelmente políticos, ONGs, ambientalistas estão calados porque possuem acordos com o governo. No Acre quase inexistem movimentos sociais e ONGs autônomas. Todos estão nas mãos do governo porque possuem convênios e são mantidos inescrupolasamente com recursos públicos largamente utilizados para engessar a sociedade.

Ao texto:

O Brasil detém 12% de toda água doce do mundo, mas como em todo o planeta, essa distribuição é desigual e problemática
Marcelo Barros
Marcelo Barros
Neste ano, a data ganha importância maior porque a ONU lançou 2013 como ano mundial da cooperação pela água. O objetivo da iniciativa é incentivar o relacionamento social positivo das pessoas e comunidades, a partir da água como instrumento de relação. É bom nos perguntarmos que consequência isso pode ter para o mundo, ou seja, depois dessa celebração, o que ficará como consequência.
A cada ano se repete que a água não é um bem ilimitado. Ao contrário do que parecia antigamente, se esgota. Regiões antigamente ricas em água, hoje, são desérticas. Outro ponto fundamental é o reconhecimento de que a água é uma necessidade essencial de todo ser vivo. Por isso, é direito básico de toda a humanidade, assim como dos animais e plantas. Sem água nenhum ser vivo pode viver.

A ONU também revela que, cada vez mais os conflitos entre nações ocorre não mais simplesmente por territórios, mas pelo direito do uso de águas de rios e lagos. Em Israel, o governo israelita desviou as águas do rio Jordão e canalizou-as em tubos subterrâneos, de forma que os acampamentos e assentamentos palestinos não podem delas se beneficiar. 

Um jornal palestino conta que na cidade de Caná da Galiléia, onde, segundo a tradição, Jesus transformou a água em vinho, o prefeito atual da cidade declarou: “Se, hoje, Jesus voltasse por aqui, nós lhe pediríamos para transformar vinho em água”. 

O Brasil detém 12% de toda água doce do mundo, mas como em todo o planeta, essa distribuição é desigual e problemática. O Nordeste brasileiro enfrenta a pior seca dos últimos 30 anos. No cerrado e em todo o planalto central, as pesquisas revelam uma assustadora diminuição das fontes de água e do nível hidrográfico dos rios. Nessa região sempre houve secas. 

Hoje, é diferente a intensidade e a frequência com que esses fenômenos ocorrem. Diferentemente de antes, agora, com o desflorestamento e a destruição da natureza, é a sociedade humana que provoca desastres ecológicos como secas, terremotos e inundações. Infelizmente as religiões e tradições espirituais que deveriam dar à humanidade uma cultura amorosa de relação com a terra e as águas, não têm vivido com êxito essa missão. 

A maioria das tradições espirituais acredita que a vida nasceu a partir das águas e por isso a água é sempre símbolo e instrumento do Espírito de Deus. Na Bíblia e nos evangelhos, Jesus promete o Espírito Santo como água viva que quem beber jamais terá sede.

Em vários países, cristãos e pessoas conscientes dessa espiritualidade têm vencido importantes lutas legais contra a privatização da água e têm participado de comissões de defesa de rios, lagos e fontes de água. 

Nesse ano da cooperação mundial da água, as comunidades cristãs são chamadas a verem a água como instrumento de comunhão entre as pessoas e da solidariedade entre os povos. É possível e bom aprofundar a relação entre pessoas, como também entre povos através da partilha da água comum. 

Assim como os cristãos reconhecem na partilha do pão o próprio Jesus presente, agora somos convidados a testemunhar o Espírito Divino presente em cada pouco d´água que partilhamos como sacramento da presença e ação do Espírito Mãe da Vida.   

*Marcelo Barros é monge beneditino.

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