Há alguns anos o Cimi, e este blog, vem denunciando a sistemática invasão da terra indígena São Paulino, território tradicional habitado pelos indígenas da Etnia Jaminawa. Denunciamos ainda as constantes ameaças de morte que aqueles indígenas vem sofrendo por parte de fazendeiros da região que insistem em promover a retirada ilegal de madeira, além de impedirem que os indígenas tenham acesso aos bens que lhes são necessários à vida como a caça e a pesca. Aqui
Infelizmente o processo de demarcação de uma terra indígena costuma demorar muito. Enquanto isso, os invasores de terras indígenas seguem explorando o território e se articulando para que não percam as áreas griladas e, se caso percam, deixam a terra arrasada. Essa tem sido a lógica. Pior, os fazendeiros e madeireiros costumam se valer do discurso de "coitadinhos" e utilizam gente simples como escudo. Exploram assim, os não-índios e os indígenas.
Também costumam ter amplo apoio da mídia que trata os povos indígenas como invasores e como "gente de 3ª categoria". São tidos como preguiçosos e empecilho ao desenvolvimento e o "progresso". Asssim foi que no dia 21 de fevereiro deste ano, com título "FUNAI TENTA EXPULSAR FAMÍLIAS ACREANAS DP SERINGAL SÃO FRANCISCO" que o jornal SenaOnline.net, por meio de sua redação, não identificado o autor do texto, publicou mais uma matéria com conteúdo duvidoso e afirmações absolutamente inverídicas contra os indígenas Jaminawa, como é costume na imprensa local do Acre.
Em uma determina parte da "matéria" lemos este absurdo:
"O que a juíza não sabe é que os índios não dispõem se quer no local de um macaco ou até mesmo jacaré para seu sustento próprio, e acabam vindo para a cidade de Sena Madureira mendigarem, se prostituirem e consumirem bebidas alcoólicas, causando transtornos a comunidade."
Subentende-se claramente que o conceito que impera na região e que é amplamente difundido pelos fazendeiros é de os indígenas são "bicho" do mato. Não deveriam se quer existir mas já que ainda existe, devem viver no mato, sem jamais virem à cidade. Fica claro também que todos os males da cidade são atribuídos à presença dos indígenas, como se os não-índios se quer ingerissem bebidas alcoólicas. E mais, dizer que os indígenas se prostituem é afirmar que existe na cidade de Sena Madureira uma rede de exploração sexual de indígenas, especialmente de meninas menores de idade.
Vê-se, apenas por este parágrafo por mim destacado que a situação dos povos indígenas em Sena Madureira é gravíssima. Comerciantes se apropriam de cartões de benefício dos indígenas, especialmente dos aposentados; há uma rede de exploração sexual; comerciantes vendem ilegalmente bebida alcoólica aos indígenas; Não há nenhum sistema de acolhimento a estes indígenas; eles não recebem atendimento adequado à saúde entre outros tantos problemas.
Por fim, solicito ao MPF que averigue a veracidade do que está publicado no SenaOnline.net e determine às autoridades que tomem providências imediatas porque a situação em Sena Madureira, especialmente com os indígenas da comunidade São Paolino, está gravíssima e piorada por causa das constantes ameaças de morte sofridas por aqueles indígenas e por causa do iminente conflito. Não podemos esperar mais.
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