Planilhas mostram que o valor efetivamente captado é de R$ 1,2 milhão, mas integrantes do próprio coletivo admitem que os documentos estão desatualizados; só da Petrobras o FdE recebeu R$ 777 mil para três projetos
ATENÇÃO! Um ex-integrante da rede, Daniel Zen, é o secretário estadual de Educação do Acre, governado pelo petista Tião Vianna. O FdE também indicou integrantes para conselhos municipais de São Paulo a convite do prefeito Fernando Haddad (PT), que recebeu apoio do grupo na eleição do ano passado.
"Não temos medo do Estado. Na verdade, fazemos coisas que o Estado é quem deveria estar fazendo", afirma Capilé. (GRIFO MEU) Para esquentar um pouco mais o debate e demonstrar como o Acre aparece na polêmica. Com a palavra o Governador Tião Viana e e o Secretário Estadual de Educação.
Segue texto do IG
O Fora do Eixo, rede de coletivos da qual faz parte a Mídia Ninja, recebeu autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 8,8 milhões por meio das leis de incentivo fiscal desde 2009, segundo planilhas disponibilizadas pela própria rede. O dinheiro é usado na manutenção do FdE, realização de festivais e outras atividades artísticas voltadas para a cultura alternativa.
Segundo as mesmas planilhas, o valor efetivamente captado é de R$ 1,2 milhão. No entanto, integrantes do FdE admitem que os documentos estão desatualizados e não refletem os valores reais. Só da Petrobras o FdE recebeu R$ 777 mil para três projetos, um deles ainda em andamento. A Vale do Rio Doce informou ter repassado outros R$ 160 mil e a Fundação Banco do Brasil outros R$ 204 mil para a criação da Casa das Redes, em Brasília.
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Show na Casa Fora do Eixo em São Paulo
Coletivo que defende o modelo de organização horizontal que virou febre entre os novos movimentos populares surgidos nos últimos anos e que tiveram protagonismo nas manifestações de junho, o FdE não existe juridicamente e funciona com base em dezenas de associações, com modelo vertical, espalhadas em 25 Estados da federação.
As principais são a Associação Caminho das Artes, com sede em São Carlos (SP), e a Associação de Produtores e Gestores Independentes do Cubo Card (Asprogic), de Cuiabá (MT), berço do principal líder do FdE, o produtor cultural Pablo Capilé, de 34 anos.
Estas associações inscrevem projetos em editais públicos e disputam com outros artistas. Apesar da proximidade do FdE com políticos de vários partidos, os valores autorizados estão aquém das ambições da rede. Só em 2012 o FdE solicitou autorização para captar R$ 25 milhões dos quais R$ 5 milhões foram autorizados.
As planilhas disponíveis permitem identificar o CNPJ de seis dessas associações. Segundo levantamento feito pelo iG , nenhuma delas possui pendências junto à Controladoria Geral da União (CGU), Tribunais de Conta da União e de oito Estados onde o FdE tem forte atuação.
Ao iG , Felipe Altenfelder, um dos líderes do grupo, disse que a rede vai lançar um portal com números mais precisos até o final de semana .
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O produtor cultural Pablo Capilé, de 34 anos, é o principal líder do FdE
Segundo Capilé, o orçamento anual do FdE é de aproximadamente R$ 8 milhões. Todo o dinheiro é usado na realização de festivais de música como o Grito do Rock - que aconteceu em 300 cidades este ano - e outros eventos ligados à cultura, além de financiar a manutenção das casas Fora do Eixo e da estrutura da própria rede.
A rede contabiliza outros R$ 52 milhões que viriam do Cubo Card, a moeda virtual do FdE que, na prática, é apenas a forma de contabilizar o sistema de escambo de serviços entre os artistas ligados ao grupo.
Integrantes do FdE argumentam que os valores liberados para a rede são baixos em relação a artistas consagrados que, em tese, não precisam de incentivos fiscais. Em 2010, o Minc autorizou a Conspiração Filmes a captar R$ 8,3 milhões pela Lei Rouanet para o filme "Xuxa e o Mistério da Feiurinha". A cantora Claudia Leite foi autorizada a captar R$ 5,9 milhões e a dupla sertaneja Jorge e Mateus outros R$ 4,3 milhões. A lei permite que empresas usem até 1% do imposto de renda para patrocinar eventos culturais.
Há vários anos o FdE tem sido alvo de críticas por parte de artistas, em especial os músicos. Eles reclamam que a rede arrecada dinheiro público e privado para promover eventos artísticos mas não paga cachês à maioria dos artistas, usando a maior parte do dinheiro para a manutenção da própria rede. Os argumentos do FdE são que os músicos iniciantes ganham visibilidade nos eventos da rede e o dinheiro que poderia ser usado nos cachês vai para passagens aéreas e hospedagem.
Na semana passada, também surgiram críticas em relação à suposta exploração de trabalho dos integrantes do FdE (2 mil pessoas, segundo os líderes da rede, ou no máximo 500, de acordo com ex-participantes).
Além de disponibilizar um portal de transparência, o FdE está fazendo um levantamento de todas as dívidas não pagas com artistas e fornecedores. Um dos entraves para o trabalho é o fato de o FdE ser formado por dezenas de grupos que tem seus próprios caixas e meios de financiamento e também pela informalidade característica da rede.
"Tem erro e vai continuar tendo erro. Tem cachê a ser pago e vai demorar", admitiu Capilé em entrevista às revistas Fórum e Outras Palavras, domingo à noite. "Quando a gente erra naquilo que foi combinado, estamos errados. E tem erro, sim", completou.
Além da captação de recursos via leis de incentivo, o FdE recebe verbas públicas de dezenas de prefeituras e também de governos estaduais comandados por diversos partidos, desde o PT até o PSDB. Páginas da rede na internet têm o selo da Secretaria de Cultura de São Paulo, comandada pelos tucanos, e do Minc, cuja titular é a petista Marta Suplicy.
Um ex-integrante da rede, Daniel Zen, é o secretário estadual de Educação do Acre, governado pelo petista Tião Vianna. O FdE também indicou integrantes para conselhos municipais de São Paulo a convite do prefeito Fernando Haddad (PT), que recebeu apoio do grupo na eleição do ano passado.
"Não temos medo do Estado. Na verdade, fazemos coisas que o Estado é quem deveria estar fazendo", afirma Capilé.
Acrescento o comentário publicado por Amyra El Khalilli:
Acrescento o comentário publicado por Amyra El Khalilli:
Fora do Eixo, Economia e Negócios
Aliança RECOs
Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras |
E por falar em “DINHEIRO”, não existe almoço grátis!
Falar de moeda alternativa, economia solidária, defender novos modelos econômicos exige dos interlocutores muito mais do que transparência nas relações comerciais. Ops! Tremendo palavrão “comercial” que escrevi. ...Não pode escrever-falar “comercial”, mercados, negócios, commodities, comércio, bolsas, pois essas palavras demonizadas são proíbidas pelo politicamente correto e ideologicamente engajado. Então devemos substituí-las por outras que não tenham a conotação de que, na verdade, estamos todos falando, cada qual com seus códigos, de dinheiro. Você pode recusá-lo ou não. Seja com trabalho voluntário ou o justo direito de recebê-lo pelo seu nobre e valoroso trabalho-produto. Eu chamo mesmo de commodity convencional, commodity ambiental , e no caso da cultura e bens intangíveis, commodity espacial. Cada qual no seu modelo econômico, evidentemente.
Se bem conheço o que significa falar de ‘DINHEIRO’, podem substituir as palavras por quaisquer outras que mais cedo ou mais tarde o vil metal aparecerá.
Dinheiro, falem bem ou falem mal, mas falem de DELE!
Amyra El Khalili
Pós RIO+20 - Reflexões conceituais sobre a "comoditização" dos bens comuns
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