sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Opinião: Desde o Acre - conjuntura e encruzilhada

Imagem da internet


A imagem revela quase que totalmente a situação em que nos encontramos nestes tristes dias para a história do Brasil mas revela também que o problema está longe de ser só nosso. Sim nossas escolhas estão dentro de um contexto mais global. Vivemos em um momento não só de encruzilhadas mas de quebra de utopias, desilusões, fracassos e sedentos por novidades. Estamos, como na imagem, em um terreno seco e de paisagem desoladora. O mais doído é que somos, enquanto humanidade mas principalmente enquanto sistemas políticos, os únicos culpados por estarmos aqui, nesta encruzilhada. Destrói-se tudo a nossa volta em nome de um progresso para poucos. E agora?

O capitalismo se revelou incompetente para solucionar nossos principais problemas. Aliás, o acúmulo e a destruição dos bens comuns e a consequente desigualdade, estão no cerne deste sistema. O capitalismo é o sistema por si mesmo baseado na injustiça e na exploração do ser humano pelo ser humano. Há uma frase que diz que é impossível viver fora do capitalismo, eu porém lhes digo que é exatamente o contrário: não é possível continuarmos vivendo no capitalismo. O capitalismo nos destruirá a todos se a natureza não o destruir antes. A exploração dos recursos naturais e comuns chegou a um ponto tal que a vida humana está seriamente comprometida.

Por outro lado, os sistemas tidos ou apresentados como alternativas ou saídas também se mostraram incapazes de nos salvar. Os socialismos ou comunismo de estado também se revelaram centralizadores e igualmente ao capitalismo, se prestaram a ataques à natureza e aos bens comuns. Na América Latina (nossa Pachamama) governos populistas como o Lulismo no Brasil e o Chavismo na Venezuela, muito pouco ou quase nada fizeram e, no fundo, mantiveram a economia baseada no neoliberalismo e no caso do Brasil o neoliberalismo desenvolvimentista baseado em grandes projetos de energia e infraestrutura. Alguns desses projetos pensados em rompantes de megalomania como o caso da construção da hidrelétrica de Belo Monte em Altamira, no Pará, as hidrelétricas do Rio Madeira e mesmo a transposição das águas do São Francisco.

Todos esses investimentos causaram e ainda vão causar impactos imensuráveis na natureza e populações residentes nos territórios afetados principalmente povos indígenas e comunidades tradicionais, sem contar que estes mesmos investimentos estão recheados de irregularidades e, muitas vezes superfaturados. Tudo com o discurso de que eram para o bem estar da população e para gerar emprego e renda.

O fato é que chegamos no fim da linha, estamos em uma encruzilhada. Não nos encontramos na era das mudanças mas, na mudança de uma era. Acabou o ciclo da pseudo prosperidade. Acabou a era do "carbono fóssil."

Mudança de era provoca convulsões sociais e na natureza, gera conflitos e instiga os deserdados a seguirem na luta por respeito. A natureza e o ser humano, juntos e a mesma coisa, está em cheque. Este é o momento da luta, da guerra. Aqueles que abarrotaram seus celeiros às custas da fome e da miséria de milhões não querem abrir mão e nós, os deserdados, não vamos seguir ajoelhados como quem pede esmolas. Vamos exigir o que nos é de direito e herança herdada do criador. Nós, seres humanos e natureza, vamos cobrar o preço de todos esses impérios, sejam eles azuis ou vermelhos. Neoliberais populistas, azuis ou vermelhos, serão destronados pela força da natureza. A vida ao final vencerá a morte. 

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