Publicado originalmente na página do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos
Na segunda-feira (29) é celebrado o “Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais”, data para fortalecer as lutas, conquistas e desafios da população trans e travesti em todo o mundo. O dia é celebrado desde 2004, à época o Ministério da Saúde e entidades da sociedade civil lançaram a campanha “Travesti e Respeito”, em reconhecimento à dignidade dessa população.
Apesar de diversas conquistas, a violência contra essa população ainda é muito grande. A cada 48 horas uma pessoa trans é assassinada no Brasil. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) vem contabilizando os tristes números de assassinatos de travestis e transexuais no Brasil. O mapa da violência aponta que em 2017 foram 179 assassinatos, sendo 169 contra travestis e 10 contra homens transexuais. Destes crimes, 85% são praticados com requintes de crueldade. Outra constatação é de que 60% das vítimas tinham entre 16 e 29 anos, sendo adolescentes e jovens. A expectativa de vida de uma pessoas trans no Brasil é de, aproximadamente, 35 anos.
O estado de Minas Gerais é onde se registra o maior número de assassinatos da população trans, com 20 assassinatos. Em seguida vem a Bahia com 17; São Paulo e Ceará com 16 assassinatos; Rio de Janeiro e Pernambuco com 14; Paraná com 8, Alagoas, Espírito Santo e Palmas com 7; Mato Grosso 6; Amazonas, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina com 5; Tocantins com 3. O Distrito Federal, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Sergipe somam duas mortes cada. Acre, Amapá, Piauí, Rio Grande do Norte e Roraima registraram uma em cada. As informações estão no Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil em 2017, lançado nesta quinta-feira (25), pela Antra, em Brasília. Para a secretária de Articulação Política da Antra e autora do estudo, Bruna Benevides, o Brasil é o pais que mais mata travesti no mundo. Ela ressalta que todos os dados são coletados de forma voluntária por ativistas LGBTs ligados à ANTRA e à Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT). Bruna relata que fazer o mapeamento não é tarefa fácil “Durmo pensando nas vítimas, imaginando o próximo nome, ou qual o estado fará a próxima vítima”, destaca.
Deborah Sabará, secretária nacional de Direitos Humanos da ABGLT, diz que a violência contra as pessoas trans acontece desde muito cedo, geralmente, por familiares, na escola e outros ambientes sociais que impõem padrões culturais relacionados à masculinidade e feminilidade. “Quando uma criança ou adolescente sai deste padrão, ela começa a apanhar, sofrendo agressões físicas e morais. Quando iniciam a transição, as travestis, em sua maioria, são expulsas de casa e vão viver na rua, em sua maioria, como trabalhadora do sexo”, explica Deborah.
Ela destaca que, é perceptível, nas grande cidades, um alto índice de pessoas da população travesti e trans em situação de rua, e essa vulnerabilidade leva, muitas vezes, essa população ao sistema prisional. Os serviços públicos não estão preparados, a inserção no mercado de trabalho se torna impossível depois que assumem sua identidade de gênero. Uma realidade de negação de direitos.
“É preciso, antes de criticar e segregar, entender, incluir e sensibilizar a população. Principalmente, o poder público para a adoção de medidas urgentes, visando minimizar a transfobia e dando um tratamento digno às irmãs travestis e transexuais”, lembra.
Colaboração: Antra e ABGLT
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