segunda-feira, 15 de abril de 2019

CONDENADO POR FAZER O BEM

É bom lembrar, na Semana Santa, a acusação que levou Jesus de Nazaré à condenação e morte na cruz: Encontramos este homem a subverter nossa nação, impedindo que se paguem os impostos a César e pretendendo ser Cristo Rei... Ele subleva o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui...

Deus, que se fez um de nós em Jesus de Nazaré para revelar que somos seus filhos e filhas e indicar o caminho para sermos felizes, foi condenado porque os que usavam a religião como fonte de poder interpretaram sua forma de vida e seus ensinamentos como práticas de subversão. Isto é, como práticas e ensinamentos que levavam o povo a não aceitar passivamente a opressão e a exploração. Jesus foi condenado por ter revelado, em tudo que fez em sua vida, que Deus está ao lado das pessoas marginalizadas, exploradas, sem seus direitos respeitados e garantidos, e assim o faz porque sabe que seus filhos e filhas só serão felizes em sociedades em que reine a justiça, a verdadeira fraternidade e a paz.

Por isso, a morte na cruz não foi a realização da vontade de Deus, e sim a realização da vontade dos seres humanos que preferiram teimar em suas práticas de dominação e exploração. Ela se torna sinal do amor até as últimas consequências quando se tem presente que Deus, em vez de condenar a Jesus, lhe devolveu a vida através da ressurreição. O mistério da ressurreição é a garantia dada por Deus de que vale a pena estar ao lado dos oprimidos e explorados e amar até as últimas consequências.

Estamos no Brasil, em mais uma Páscoa. Como está sendo acolhido Jesus de Nazaré em nossa sociedade? Não estamos, mais uma vez, sendo dominados por pessoas que usam a religião para manter o povo cabresteado, sem o direito de exigir seus direitos? E que, em nome da religião cristã, acusam de subversivos, vermelhos, comunistas as pessoas, organizações e igrejas que se colocam ao lado e caminham com as pessoas exploradas e oprimidas?


Feliz Páscoa, amigas e amigos! Amemo-nos uns aos outros e outras como Jesus nos amou e ama, pois este é o caminho para construir sociedades verdadeiramente humanas.

Não aceitemos que Jesus seja usado para manter privilégios e injustiças. Não aceitemos que práticas políticas, como a reforma da previdência, condene milhões de pessoas à miséria para concentrar ainda mais a riqueza em poucas mãos.


Ivo Poletto, do Fórum MCJS

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