Foto: Juruá on line |
O ex-deputado e professor da UFAC - Universidade Federal do Acre, João Correia, decidiu fazer greve de fome para que que seja respeitado o referendo que decidiu pela volta do fuso horário do Acre. A LEI Nº 11.662, DE 24 DE ABRIL DE 2008 , sancionada pelo presidente da república, Lula, nasceu de um projeto do então senador da República, Tião Viana.
Tião Viana apresentou o projeto de lei, que foi aprovado em tempo record, sem consultar a população do Acre e mesmo contra a vontade da maioria, tudo para satisfazer a interesses econômicos e aos meios de comunicação televisivos nacionais que não queriam se submeter à lei de classificação indicativa alterada PORTARIA nº 1.220, de 11 de julho de 2007.
Em 31 de outubro de 2010, 470.975 eleitores acreanos foram às urnas escolher o novo Presidente da República (já que o governador Tião Viana havia sido eleito em primeiro turno com 50% dos votos válidos) e ainda decidir sobre a mudança ou manutenção do fuso horário local. As votações começaram a partir das 8h e foram realizadas em duas urnas eletrônicas separadas, localizadas na mesma seção. Na primeira, o eleitor escolheu os candidatos à presidência. Na segunda urna, a disputa foi entre a Frente 55 e a Frente 77, que defendiam o “Sim” e o “Não”, respectivamente, em relação a alteração do fuso horário vigente no Acre desde 2008. O eleitor respondeu a seguinte pergunta: "Você é a favor da recente alteração do horário legal promovida em seu estado?"
Com 100% das urnas apuradas, os eleitores do Acre decidiram pelo retorno do fuso horário antigo, de duas horas de diferença em relação a Brasília. A Frente 77, contrária ao horário atual, recebeu 184.478 votos (56,87%), enquanto a Frente 55, favorável a manutenção do fuso horário, recebeu 139.891 (43,13%) dos votos válidos. A abstenção foi de 28,61% dos votos.
Mesmo com a vitória da frente 77, contrária ao horário atual e pela volta do horário anterior, mais uma vez, o povo acreano sofreu novo golpe e o resultado do referendo não foi acatado. O que se seguiu foi uma série de chacotas e deboches contra o povo que perdura até hoje. Inúmeras vezes diversos políticos atrelados ao Tião Viana ocuparam ora a tribuna ora os meios de comunicação para tecer comentários jocosos e escárnios à vontade popular. O mais debochado de todos tem sido o Senador (suplente que assumiu no lugar do Tião) Anibal Diniz que chegou mesmo a sugerir a realização de uma nova consulta popular.
Talvez a greve de fome não seja o caminho mais apropriado e adequado. Talvez a atitude do João Correia seja marketing político. Talvez uma temporada em Brasília faça bem ao João Correia. Talvez, talvez....
O fato relevante é que não podemos admitir que em um país que se supõe democrático o povo continue sofrendo golpes perpetrados por políticos que não honram a mesma democracia e se julgam senhores da lei, da vida, do fuso horário...
Eu até tinha simpatia pela oposição diferenciada que você demonstrava fazer em relação aos atuais detentores do poder (situação).
ResponderExcluirEntretanto, vejo que você não encontrou uma causa verdadeiramente nobre para justificar a compatibilidade de um ato de greve "de fome".
Contudo, como esse ano é uma prévia eleitoral e você estando fora do cenário político e da mídia, como de fato encontra-se há um bom tempo, não achou outro meio para voltar, se não de forma sensacionalista.
Ou seja, aquela oposição diferenciada que imaginava ser uma característica sua, sendo autêntico, coerente, ideológico, sábio e honesto, veio por terra abaixo, pois você igualou-se a eles (aos próprios PTistas, quando em momento de campanha, se fazem de “Salvador da Pátria”, em luta pela causa das minorias e dos injustiçados).
É muita “coincidência” haver passado alguns anos sem que houvesse qualquer manifestação sua em relação à volta ao antigo fuso horário e, “justamente” agora, em ano que antecede as eleições, do nada você surge com esse ato de greve “de fome”... Fica a pergunta: qual é o verdadeiro objetivo por trás desse ato sensacionalista???
Me referi a palavra “coincidência”, entre aspas, por duas razões: a uma, porque todos esses anos passados você não fez qualquer manifestação pública e intensa neste sentido; a outra, porque o trâmite legal do procedimento de volta ao antigo horário já encontra-se na fase final e bem próximo para ocorrer e, como você já tem conhecimento de tal fato, vai deixar ao povo a impressão de que o horário retornou agora, tão somente pela força do seu ato “heroico” de greve “de fome”. E certamente isso lhe renderá alguns votos.
Esse é o verdadeiro objetivo do ato nada-heroico e inteiramente sensacionalista, o qual equipara você à turma do PT, não o diferenciando em absolutamente nada, mas com a mesma pretensão e interesse do poder pelo poder, mesmo que para isso tenha que iludir os eleitores, com atitudes apelativas.
Seu ato é totalmente revestido de sensacionalismo, pois é caracterizado por exagero (desproporcional e nada razoável à causa), com dizeres de apelo emotivo (volta ao horário da natureza e greve de fome).
Há outras formar de reivindicar direitos e sendo você professor universitário e político, sabe muito bem os caminhos das pedras, sobretudo porque você faz parte de um grupo político que tem representação em todas as esferas.
Você conhece a importância, atribuições e o poder que tem o Ministério Público para atuar em defesa da sociedade. Quantas vezes você denunciou a Presidenta Dilma ao Ministério Público Federal, em relação ao não-cumprimento do referendum?
Sua “greve de fome” justificaria se fosse para forçar o governo a construir casas e entrega-las às famílias ribeirinhas que todo ano sofrem com as cheias e têm que deixar suas moradas no período chuvoso; justificaria se fosse para forçar o governo a melhorar o serviço de saúde oferecido à população carente; justificaria se fosse para o governo reconhecer e pagar indenização às famílias dos ex-agentes da FUNASA e SUCAM, bem como aos próprios poucos agentes que ainda estão vivos e foram prejudicados pela substância tóxica que trabalharam durante anos.
Essa “greve de fome”, além de ser um ato sensacionalista e com fins eleitoreiros, é um engodo. Todavia, para aqueles que têm visão critica e não deixam enganar-se, serve para mostrar que você é mais um político igual a grande maioria – sem confiança e de jogo apelativo.