quarta-feira, 8 de maio de 2013

Greve de fome contra o golpe do Tião Viana

Foto: Juruá on line
O ex-deputado e professor da UFAC - Universidade Federal do Acre, João Correia, decidiu fazer greve de fome para que que seja respeitado o referendo que decidiu pela volta do fuso horário do Acre. A LEI Nº 11.662, DE 24 DE ABRIL DE 2008 , sancionada pelo presidente da república, Lula, nasceu de um projeto do então senador da República,  Tião Viana.

Tião Viana apresentou o projeto de lei, que foi aprovado em tempo record, sem consultar a população do Acre e mesmo contra a vontade da maioria, tudo para satisfazer a interesses econômicos e aos meios de comunicação televisivos nacionais que não queriam se submeter à lei de classificação indicativa alterada  PORTARIA nº 1.220, de 11 de julho de 2007.

Em 31 de outubro de 2010, 470.975 eleitores acreanos foram às urnas escolher o novo Presidente da República (já que o governador Tião Viana havia sido eleito em primeiro turno com 50% dos votos válidos) e ainda decidir sobre a mudança ou manutenção do fuso horário local. As votações começaram a partir das 8h e foram realizadas em duas urnas eletrônicas separadas, localizadas na mesma seção. Na primeira, o eleitor escolheu os candidatos à presidência. Na segunda urna, a disputa foi entre a Frente 55 e a Frente 77, que defendiam o “Sim” e o “Não”, respectivamente, em relação a alteração do fuso horário vigente no Acre desde 2008. O eleitor respondeu a seguinte pergunta: "Você é a favor da recente alteração do horário legal promovida em seu estado?"


Com 100% das urnas apuradas, os eleitores do Acre decidiram pelo retorno do fuso horário antigo, de duas horas de diferença em relação a Brasília. A Frente 77, contrária ao horário atual, recebeu 184.478 votos (56,87%), enquanto a Frente 55, favorável a manutenção do fuso horário, recebeu 139.891 (43,13%) dos votos válidos. A abstenção foi de 28,61% dos votos.


Mesmo com a vitória da frente 77, contrária ao horário atual e pela volta do horário anterior, mais uma vez, o povo acreano sofreu novo golpe e o resultado do referendo não foi acatado. O que se seguiu foi uma série de chacotas e deboches contra o povo que perdura até hoje. Inúmeras vezes diversos políticos atrelados ao Tião Viana ocuparam ora a tribuna ora os meios de comunicação para tecer comentários jocosos e escárnios à vontade popular. O mais debochado de todos tem sido o Senador (suplente que assumiu no lugar do Tião) Anibal Diniz que chegou mesmo a sugerir a realização de uma nova consulta popular.

Talvez a greve de fome não seja o caminho mais apropriado e adequado. Talvez a atitude do João Correia seja marketing político. Talvez uma temporada em Brasília faça bem ao João Correia. Talvez, talvez....

O fato relevante é que não podemos admitir que em um país que se supõe democrático o povo continue sofrendo golpes perpetrados por políticos que não honram a mesma democracia e se julgam senhores da lei, da vida, do fuso horário...

Um comentário:

  1. Eu até tinha simpatia pela oposição diferenciada que você demonstrava fazer em relação aos atuais detentores do poder (situação).
    Entretanto, vejo que você não encontrou uma causa verdadeiramente nobre para justificar a compatibilidade de um ato de greve "de fome".
    Contudo, como esse ano é uma prévia eleitoral e você estando fora do cenário político e da mídia, como de fato encontra-se há um bom tempo, não achou outro meio para voltar, se não de forma sensacionalista.
    Ou seja, aquela oposição diferenciada que imaginava ser uma característica sua, sendo autêntico, coerente, ideológico, sábio e honesto, veio por terra abaixo, pois você igualou-se a eles (aos próprios PTistas, quando em momento de campanha, se fazem de “Salvador da Pátria”, em luta pela causa das minorias e dos injustiçados).
    É muita “coincidência” haver passado alguns anos sem que houvesse qualquer manifestação sua em relação à volta ao antigo fuso horário e, “justamente” agora, em ano que antecede as eleições, do nada você surge com esse ato de greve “de fome”... Fica a pergunta: qual é o verdadeiro objetivo por trás desse ato sensacionalista???
    Me referi a palavra “coincidência”, entre aspas, por duas razões: a uma, porque todos esses anos passados você não fez qualquer manifestação pública e intensa neste sentido; a outra, porque o trâmite legal do procedimento de volta ao antigo horário já encontra-se na fase final e bem próximo para ocorrer e, como você já tem conhecimento de tal fato, vai deixar ao povo a impressão de que o horário retornou agora, tão somente pela força do seu ato “heroico” de greve “de fome”. E certamente isso lhe renderá alguns votos.
    Esse é o verdadeiro objetivo do ato nada-heroico e inteiramente sensacionalista, o qual equipara você à turma do PT, não o diferenciando em absolutamente nada, mas com a mesma pretensão e interesse do poder pelo poder, mesmo que para isso tenha que iludir os eleitores, com atitudes apelativas.
    Seu ato é totalmente revestido de sensacionalismo, pois é caracterizado por exagero (desproporcional e nada razoável à causa), com dizeres de apelo emotivo (volta ao horário da natureza e greve de fome).
    Há outras formar de reivindicar direitos e sendo você professor universitário e político, sabe muito bem os caminhos das pedras, sobretudo porque você faz parte de um grupo político que tem representação em todas as esferas.
    Você conhece a importância, atribuições e o poder que tem o Ministério Público para atuar em defesa da sociedade. Quantas vezes você denunciou a Presidenta Dilma ao Ministério Público Federal, em relação ao não-cumprimento do referendum?
    Sua “greve de fome” justificaria se fosse para forçar o governo a construir casas e entrega-las às famílias ribeirinhas que todo ano sofrem com as cheias e têm que deixar suas moradas no período chuvoso; justificaria se fosse para forçar o governo a melhorar o serviço de saúde oferecido à população carente; justificaria se fosse para o governo reconhecer e pagar indenização às famílias dos ex-agentes da FUNASA e SUCAM, bem como aos próprios poucos agentes que ainda estão vivos e foram prejudicados pela substância tóxica que trabalharam durante anos.
    Essa “greve de fome”, além de ser um ato sensacionalista e com fins eleitoreiros, é um engodo. Todavia, para aqueles que têm visão critica e não deixam enganar-se, serve para mostrar que você é mais um político igual a grande maioria – sem confiança e de jogo apelativo.

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