Jornalista do Cimi é humilhado e tem seu material apreendido pela PF. Temos que denunciar esse delegado Alcídio de Souza Araújo à Corregedoria da PF pelo e-mail coain.coger@dpf.gov.br
Deixo aqui minha irrestrita solidariedade ao grande amigo e excelente profissional, Ruy Sposati, atualmente repórter do Cimi. Atos de abusos como este não podem mais continuar acontecendo.
Agência Raízes – O confisco dos equipamentos de trabalho de um jornalista [Ruy Sposati, do Cimi]ocorreu neste sábado (18/05) enquanto o repórter realizava a cobertura jornalística de uma tentativa de reintegração de posse de uma área retomada por índios Terena, no município de Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul, a 70 km de Campo Grande.
Dezenas de policiais federais foram até o local, com o reforço de policiais militares de um grupamento especial da PM, e com o apoio de um helicóptero da Polícia Rodoviária Militar. Eles tinham como objetivo cumprir uma ordem judicial de reintegração de posse, concedida pelo juiz Renato Toniasso, da 1a. Vara da Justiça Federal de Campo Grande, a pedido do fazendeiro e ex-deputado estadual Ricardo Bacha, dono da Fazenda Buriti, cuja área incide sobre território indígena em processo de demarcação e já declarado como de ocupação tradicional do Terena através de uma portaria do Ministério da Justiça, de 2010.
Uma comitiva com representantes da Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da OAB, do CIMI – Conselho Indigenista Missionário, da CPT – Comissão Pastoral da Terra, do CDDH – Centro de Defesa dos Direitos Humanos do Mato Grosso do Sul, de outras entidades não governamentais e de jornalistas acompanhava a operação. De mãos dadas, os indígenas fizeram um cordão, decididos a resistir à chegada da Polícia. Neste momento, o delegado da Polícia Federal, Alcídio de Souza Araujo, abordou o jornalista Ruy Sposati, que cobria o caso para o CIMI, e revistou a sua mochila. Após uma série de provocações, palavras de intimidação, em tom agressivo, o delegado confiscou o notebook e o gravador do jornalista. O delegado Araujo não apresentou nenhuma justificativa ou ordem judicial para confiscar o equipamento de trabalho do repórter.
“Fui tratado como bandido”, afirma Sposati. Horas depois da apreensão, ao pedir o equipamento de volta, o jornalista conta que o delegado disse a ele que o acompanhasse até a delegacia. Ao chegar lá, o delegado se recusou a devolver o notebook e o gravador e se negou a fazer um termo de apreensão. Os advogados das instituições de defesa dos direitos humanos também tentaram argumentar com o delegado federal, mas foram tratados de forma ríspida e agressiva.
“Logo no início da desocupação, eu fui revistado, interrogado, e tive meus equipamentos retidos pelo delegado da Polícia Federal. Ele disse que nunca tinha ouvido falar da organização para a qual eu trabalho, o que lhe daria motivos para simplesmente tomar meus equipamentos sem explicação nenhuma. Depois, tentando reaver meu equipamento, perguntei se se tratava de algum inquérito, se eles fariam um termo de apreensão do meu material, mas ele simplesmente não me deu explicações claras ou algum argumento que esclarecesse a legalidade daquela ação”, relatou Sposati.
Tem Mais:
Sábado, 18 de maio. Durante tentativa de cumprimento da decisão judicial de desocupação da fazenda Buriti, em Sidrolância, Mato Grosso do Sul, o delegado Alcídio de Souza Araújo, da Delegacia de Defesa Institucional (DELINST), órgão da Superintendência Regional de Polícia Federal no MS, confiscou ilegalmente o computador portátil (notebook) e um gravador profissional de áudio de jornalista do Conselho Indigenista Missionário – CIMI que acompanhava a operação policial, Ruy Sposati.
Proteste contra essa ilegalidade absurda! Escreva agora um e-mail para coain.coger@dpf.gov.br, que é a Coordenação de Assuntos Internos da PF, responsável por apurar os crimes cometidos pelos próprios policiais federais. E também denuncie ao Ministério Público Federal, por meio do site:http://www.prsp.mpf.gov.br/noticias-prsp/aplicativos/digi-denuncia. Nâo permita que esse absurdo fique impune!
Comentário postado por mim, Tania Pacheco, devidamente identificada, no saite do Ministério Público Federal (e que pode ser copiado e colado, por quem desejar usá-lo para facilitar) e usado também na denúncia à PF:
O crime não ocorreu através da internet, mas a prova filmada está nela, em https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=ZRlHeOzENvI.
Um delegado da PF (Alcídio de Souza Araújo, da Delegacia de Defesa Institucional da Polícia Federal de MS) “confisca” o material de trabalho (laptop e gravador) de um jornalista do Conselho Indigenista Missionário – CIMI – alegando trabalhar há cinco anos no órgão e nunca ter sido procurando por esse tal de CIMI. Exige, ainda, também arbitrária e em clara tentativa de intimidar, a identidade do jornalista, e manda um de seus subalternos copiá-la.
No filme, vê-se e ouve-se claramente o diálogo, e há inúmeras testemunhas (inclusive policiais federais com seus uniformes e armas) facilmente identificáveis.
É urgente a punição dessa arbitrariedade, assim como a devolução do equipamento do CIMI.
A Polícia Federal não pode ser sinônimo desse tipo de arbitrariedade (ou de outros).
Por favor, escreva e denuncie também! Em caso de dúvida, o município é Sidrolândia, e o estado, Mato Grosso do Sul. Isso terá que ser preenchido. A denúncia poderá ser anônima ou identificada, como foi a minha opção.
Enviada por Vanessa Rodrigues
Como responsável por este blog, não podia me furtar de publicar a carta da comunidade Terena, o que faço agora. A carta é datada de 17 de maio deste ano, um dia antes da operação truculenta e irregular da PF.
Com atualização às 16:37
Carta Terena à sociedade: porque estamos retomando nosso território Buriti
Nós somos o povo Terena da Terra Indígena Buriti. Mais de 100 anos atrás, nós fomos expulsos daqui pela ambição do homem branco. Há 15 anos nós lutamos para retomar nosso território tradicional.
Nessa luta fomos novamente expulsos da nossa terra em muitas ocasiões. Agora querem nos expulsar mais uma vez. Escrevemos essa carta para explicar à sociedade porque estamos lutando pela nossa terra, porque retomamos nosso território.
Hoje, somos 5 mil pessoas confinadas em menos de meio hectare cada. Dos 17 mil hectares declarados como território tradicionalmente ocupado por nós Terena em 2010 pelo governo federal, temos a posse de apenas 3 mil. Os outros 14 mil hectares estão ocupados por 25 fazendas.
Nesta semana, nós retomamos a fazenda Buriti, a fazenda Cambará, a fazenda Santa Helena e a sede da fazenda Querência São José, abandonada há anos - todas incidentes sobre nosso território.
Nós retomamos essas terras porque elas são nossas e porque não temos terra para plantar.
Nosso povo planta muito. Nas nossas retomadas, temos 350 hectares plantados de mandioca, milho, batata, feijão de corda, cana, abóbora, melancia, eucalipto, maxixe e banana. É assim que vivemos e trabalhamos. Vocês conseguem imaginar como seria ficar mais de um século sem sua terra? É assim que nós estamos.
Todas as vitórias que conquistamos foram fruto da nossa luta, das nossas retomadas. Sabemos que não adianta ficar esperando pela boa vontade de um governo que cede a todas as pressões dos fazendeiros. Já ouvimos a resposta do governo federal às nossas reivindicações: Portaria 303, PEC 215, intervenção na Funai e orquestrações para paralisar processos de demarcação de terra.
Com apoio do governo, os fazendeiros estão se organizando cada vez mais. Enquanto escrevemos essa carta, muitos fazendeiros de todo Mato Grosso do Sul estão com suas caminhonetes forçando para entrar na ocupação. Jagunços e seguranças fortemente armados estão nos rondando e provocando. Se eles derramaram nosso sangue, a culpa é dos fazendeiros e do governo que não dá um basta nessa violência.
Dizemos aos fazendeiros e seus pistoleiros: também estamos organizados. Todos os povos do Mato Grosso do Sul estão juntos na mesma luta, e chamamos todos os patrícios e parentes para nos ajudar agora nesta luta pela vida. Por terra para todas as nossas crianças.
Queremos nossas terras livres e demarcadas. Vamos retomar nossas terras hectare por hectare. Já fomos baleados, presos, espancados e despejados muitas vezes. Mas aqui nós vamos ficar. Esta é nossa fala.
Terra Indígena Buriti, 17 de maio de 2013
Comeco a me preocupar. A Ditadura esta voltando no Brasil? Dilma que te viu que te ve.
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