segunda-feira, 21 de outubro de 2013

VIDEO HAKANI, Uma Voz pela vida, QUE MOSTRA UMA CRIANÇA INDÍGENA SUPOSTAMENTE SENDO ENTERRADA VIVA É UMA ENCENAÇÃO

O vídeo Hakani que está em grande circulação, especialmente pelas redes sociais, é um filme produzido pela organização missionária fundamentalista americana Youth With a Mission, no Brasil, ligada a ONG JOCUM - Jovens Com Uma Missão, ONG vinculada e mantida por várias igrejas e denominação evangélicas. HAKANI, nome de uma criança indígena supostamente "resgatada" da morte, também já se transformou em um projeto e conta ainda com uma outra instituição específica, aos moldes de outra ONG de nome ATINI, com sede em Brasília, DF.

A encenação junta imagens de vários povos indígenas e conta com a participação de atores ou de indígenas contratados para "representar".

Ainda em 2009, indígenas do povo Karitiana, de Rondônia, procuraram o Ministério Público Federal, Procuradoria da República em Rondônia,para denunciar missionários da JOCUM. Na presença da Drª Lucyana Marina Pepe Afonso de Luca, promotora de justiça, o Sr. Sizino Dantas Morais Karitiana, apresentou a denúncia, constante no Termo de Declarações e na decisão da promotora documento ao qual ete blog do Lindomar Padilha teve acesso exclusivo para publicação o qual disponibilizo AQUI como forma de contribuir para dar um basta a esta farsa.

Segundo consta nos documentos do Ministério Público Federal, missionários da JOCUM estiveram na aldeia do povo Karitiana e solicitaram ao Sr. Sizino Karitiana que cedesse duas crianças, filhos seus, para tirarem fotos, alegando ainda que as crianças seriam bem tratadas e que receberia  R$ 30,00 por dia, enquanto durassem as cessões de fotos, que deveria durar três dias. As crianças, então, foram levadas até a sede da JOCUM. Também foram até a sede da JOCUM, um outro filho do Sr. Sizino Karitiana, que é deficiente, (o nome consta nos documentos mas vou omitir aqui por questão de respeito), e uma outra filha adolescente.

Na verdade, como consta nos documentos, as crianças foram utilizadas para a gravação do filme Hakini e se passaram por crianças da etnia Zuruaha, povo indígena de contato recente que vive no Estado do Amazonas. Ainda segundo os documentos e depoimentos, o filme simulava o enterro do filho deficiente de Sizino como se fosse de uma criança Zuruaha.

Participaram da gravação da encenação e são facilmente reconhecidos os indígenas Karitiana: Sebastião Karitiana, Eredina Karitiana, Luzia Macurap e uma outra criança, também deficiente, filha do Sr. Raimundo Karitiana.

Para os Karitiana o fato é ainda mais grave porque pela cultura Karitiana a morte é coisa muito séria e qualquer encenação neste sentido é o mesmo que roubar a alma da pessoa.

Os próprios produtores do filme admitem que se trata de uma encenação, de uma reprodução de algo que teria realmente acontecido em um passado que não sabem precisar. Vejam AQUI o que dizem os próprios missionários que fizeram a encenação. Na verdade, o filme, quando exibido completo, em seu final, nos permite imaginar que se trata de uma ficção. Entretanto, as partes que circulam maldosamente pela internet, apresenta a encenação como se fosse fato verídico com a clara intenção de criminalizar, demonizar os povos indígenas e suas culturas.

Agora que o Supremo Tribunal Federal decidiu que vai analisar e votar ainda esta semana as condicionantes de Raposa Serra do Sol, o vídeo volta a circular fortemente na intenção de forçar um posicionamento dos ministros que seja contra os interesses dos povos indígenas. Os grandes latifundiários e o grande agronegócio querem se apropriar das terras indígenas, enquanto os religiosos fundamentalistas querem se apropriar das "almas"e, se der, claro, alguns dólares a mais para a manutenção dessas ONGs e seus missionários.

Vale a pena ler também: esta entrevista com Stephen Corry

Vejam também o vídeo em que os próprios Zuruaha desmentem os missionários da Jocum  acessando o endereço  AQUI

Em breve este blog disponibilizará outros documentos oficiais sobre o tema e espera-se que, de uma vez por todas, seja desmascarada a farsa do vídeo Hakani e que os divulgadores deixem de repercutir para não alimentar ainda mais o sentimento de ódio contra os povos indígenas.

Não revelei o nome das crianças utilizadas na encenação, tão pouco publiques as suas fotos para evitar um mal ainda maior e por considerar um profundo desrespeito e violação do Estatuto da Criança e do adolescente.

EXIBIR E REPLICAR ESTE VÍDEO É UMA ATITUDE CRIMINOSA 
CONTRA OS POVOS INDÍGENAS

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