quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Papa Francisco: "O Cristianismo não dispõe de um único modelo cultural e o rosto da Igreja é multiforme"

“Não podemos esperar que todos os povos, para expressar a fé cristã, tenham de imitar as modalidades adoptadas pelos povos europeus num determinado momento da historia” (Papa Francisco)


“Desejo dirigir-me aos fieis cristãos para convidá-los a uma nova etapa de evangelização marcada por esta alegria e indica direções para o caminho da Igreja nos próximos anos”. Assim o Papa Francisco  inicia a sua primeira Exortação Apostólica, a “Evangelii Gaudium” .

Finalmente parece que o Vaticano reconhece que o Evangelho é inserido e, só pode se manifestar nas culturas, por meio das culturas. Essa visão tem uma importância gigantesca para a ação missionária especialmente entre povos de culturas cuja origem não é europeia, como é o caso dos povos indígenas. É este reconhecimento de que as culturas são essenciais para a evangelização que o Papa apresenta como uma das formas de descentralização da Igreja.

Por meio da descentralização a Igreja reconhece as mais diferentes formas de praticar e viver o Catilicismo, portanto, respeitando a diversidade cultural. Sobre isso diz o Papa: “O cristianismo não dispõe de um único modelo cultural e o rosto da Igreja é multiforme”

O Papa Vai além e aponta claramente para uma mudança radical na forma de ver e praticar a missionaridade qundo afirma que:  “Precisamos de uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como elas são”.

É essa conversão pastoral que está no centro da reforma das estruturas eclesiais com o objetivo de que " todas se tornem mais missionárias". Não missionárias puramente sacramentalistas e que pregam uma fá e salvação individualistas, ao gosto do freguês, mas, engajadas e profundamente mergulhadas na realidade vivida pelos povos e culturas. O engajamento pastoral "não pode deixar as coisas como elas são". Isso significa que a opção pelos pobres é opção de mudança da realidade. A Igreja tem que estar ao lado dos empobrecidos e mergulhada na experiência por eles vivida.

Essa opção claramente aponta para uma ruptura com o sistema. "Não podemos esperar que todos os povos (...) tenham de imitar as modalidades adotadas pelos povos europeus num determinado momento da história". Se não deixarmos de "imitar" o que o Papa chama de cultura européia (que hoje se revela no neoliberalismo economicista), não mudaremos as coisas, portanto, não cumpriremos o maior propósito da evangelização: libertar o oprimido.

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