A moção de repúdio à CPI- Comissão Parlamentar de Inquérito, instalada na Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, com a suposta intenção de investigar a atuação do CIMI, é um claro reconhecimento de que a verdadeira intenção, ao atacar o CIMI, é, no fundo, atacar os direitos dos povos indígenas.
Este blog aproveita para parabenizar os povos indígenas pela coragem e lucidez porque sei o que significa propor e aprovar uma moção como esta numa conferência nacional, etapa regional, aqui no estado do Acre onde as forças contrárias aos povos indígenas se encontram cinicamente próximas e com discurso dissimulado.
Moção
de repúdio
Nós, povos indígenas,
participantes da Conferência Nacional de Política Indigenista, etapa regional
Acre, Noroeste de Rondônia e Sul do Amazonas, realizada no Hotel Comfort, em
Rio Branco, entre os dias 22 e 24 de outubro de 2015, repudiamos a instalação
da CPI do Conselho Indigenista Missionário/Cimi no Câmara dos Deputados
Estadual do Mato Grosso do Sul. Somos conhecedores do trabalho desenvolvido
pela entidade junto aos povos indígenas ao longo dos 43 anos de sua existência.
O Cimi na sua parceria com os povos e seus movimentos tem sido um grande aliado
na luta pela garantia da posse da terra bem como na luta pela preservação dos
direitos garantidos na constituição de 1988. O que está acontecendo em Mato
Grosso do Sul é uma perseguição da bancada ruralista que tem o apoio dos
fazendeiros, invasores das terras do Povo Guarani Kayowa, inimiga desse povo
que ao longo dos 515 anos vem lutando pela garantia da posse de seus
territórios e que a cada ano vê seu povo sendo dizimado pela ação brutal de
fazendeiros. Neste senário, a CPI do Cimi se configura como uma manobra do
poder político e econômico para desvirtuar a atenção da sociedade quanto ao
vergonhoso genocídio do povo Guarani e a não demarcação dos territórios
reivindicados por este povo.
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