Documento
Final do Seminário Binacional Brasil/Peru
Amazônia: Sociobiodiversidade, resistência ao modelo desenvolvimentista
predatório
Nós, lideranças dos povos indígenas, Apolima Arara,
Jaminawa do Igarapé Preto, Inũkuĩni, Huni Kui, Nokekoĩ, Ashaninka, Shãwãdawa, Nawa,
Kutanawa, Shanenawa, Madija, Apurinã e Jamamadi, do Juruá, e Marubo, do Vale do
Javari.
Reunidos entre 24 e 26 de maio de 2022, após análise
do projeto de construção da estrada Cruzeiro do Sul-Pucallpa e conversa em
conjunto entre nós e com especialistas, estamos por meio deste demonstrando nosso
descontentamento e repúdio ao projeto acima citado.
Salientando o fato da ausência de Consulta Prévia, Livre
e Informada, sobre quaisquer uma das obras presentes no plano, para com os
povos indígenas, o que descredibiliza e deslegitima tais ações presentes em território
indígenas.
Estamos cientes de que a construção da estrada se
encontra dentro de um conjunto de modelo desenvolvimentista predatório
incluindo exploração de minério, madeira, petróleo e gás.
Situada na região, com a maior bacia do mundo de água
doce de superfície, há terras indígenas ainda não demarcadas e a presença de
povos em isolamento voluntário que seguem sendo ignorados e negados.
Lembrando ainda que não foram realizados Estudos de
Impacto Ambiental, necessários a todos os projetos que afetam o meio ambiente e
as populações locais.
Além de todos os malefícios decorrentes da
construção da estrada, vulgos “ramais” adjuntos que acabam por se tornarem
portas de entrada para desmatamentos, ocupações ilegais e atividades ilícitas.
Por tudo isso, nós, lideranças dos povos indígenas,
rejeitamos o projeto de estrada Cruzeiro do Sul-Pucallpa e também o Projeto de
Lei 6024/2019, que visa a redução da Reserva Extrativista Chico Mendes e reclassifica
o Parque Nacional da Serra do Divisor para Área de Proteção Ambiental.
Cruzeiro
do Sul – AC, 26 de maio de 2022
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