(MST, MMC, MAB, MPA, FEAB, CPT, PJR , MTD E LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE)
Somos mulheres trabalhadoras do campo e da cidade e, mais uma vez por ocasião do Dia Internacional da Mulher, para nós um dia de luta e resistência contra as opressões e a exploração, temos motivos para seguir organizadas em Movimentos Populares.
Neste ano, seguimos afirmando nossas bandeiras de luta: pelo trabalho; pelo direito a produzir e a consumir alimentos saudáveis; contra a violência cometida contra mulheres; por medidas a favor de amenizar os efeitos da estiagem no RS, por mais cotas raciais e sociais nas universidades, acesso à cultura e lazer, hoje tão mercantilizados. Enfim, reforçamos que a nossa luta continua sendo contra o capital que segue explorando e expropriando as pessoas de maneira cada vez pior, e contra o patriarcado, que mantém as mulheres oprimidas e violentadas em seus direitos e dignidade enquanto seres humanos.
Unimos-nos enquanto mulheres empobrecidas do campo e da cidade, e, enquanto jovens, pois nos sentimos constantemente disputadas pelo projeto capitalista seja no campo, nas periferias, nas escolas, universidades ou no trabalho, porque nossa situação de sobrevivência com dignidade e respeito é diminuída a cada dia, apesar de algumas conquistas importantes do ponto de vista legal nos últimos períodos. Contudo, se conquistamos alguns direitos é porque saímos às ruas e praças, fizemos acampamentos e ocupamos lugares que diziam não ser para as "mulheres de bem”.
Como mulheres de luta, sem nos importar como nos julgam, destacamos que o TRABALHO deve ser em vista da humanização das pessoas, por isso, não aceitamos mais a desconsideração e a invisibilidade daquilo que dizem ser nossas tarefas, se, sequer são reconhecidas como trabalho. Sabemos que as tarefas mais penosas e repetitivas são destinadas ao sexo feminino, como se fosse uma condição pelo fato de termos nascido mulheres.
No campo, denunciamos a falta de investimentos e tecnologias voltadas à agricultura camponesa agroecológica, ao passo que, governos despejam milhões em investimentos para o agronegócio, causador da destruição e envenenamento da natureza. Na cidade, sentimos a precarização do trabalho, a retirada de direitos e o não acesso a emprego por parte de milhares de pessoas. O salário que os oferecem é vergonhoso e a exploração de nossa mão de obra, cada vez mais intensiva.
Entendemos que temos o direito de produzir e de consumir alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, sendo este o causador de tantas doenças e mortes das pessoas e do ambiente. Para produzir precisamos de terra, em primeiro lugar, e, por isto, a Reforma Agrária nunca sairá da pauta até não ser concretizada de forma ampla e com condições de as pessoas permanecerem na terra. A seca tem nos castigado mais uma vez e, diante disso, precisamos de infraestrutura que garanta a viabilidade para voltarmos a produzir. Não podemos esquecer que mais de 70% dos alimentos consumidos no Brasil vem da agricultura camponesa, ainda que tão esquecida frente ao volume de recursos que recebe o agronegócio exportador.
O "esquecimento” da agricultura camponesa tem sido uma violência contra os camponeses e camponesas historicamente no Brasil e, no campo de produção de alimentos, inclusive, saudáveis, encontram-se as mulheres com seus trabalhos. Continuamos sobrecarregadas, trabalhando mais horas/dia que os homens segundo apontam muitas pesquisas, mas continuamos sendo restringidas de acesso a poder de decisão na grande maioria dos espaços, seja familiares ou institucionais.
A violência que nos oculta e nos nega poder, como se fôssemos mesmo seres inferiores, embora "proibida a discriminação por sexo”, é parte da violência simbólica estruturada pelo patriarcado, que não deixa de ser, também de ordem física, patrimonial e sexual. Lembremos que as mulheres negras e índias são as que mais sofrem violência e discriminação de todas as espécies pelo fato de o capitalismo ser também racista.
Somos contra as mudanças no atual Código Florestal, cujas propostas de alteração permitem maior destruição de reservas legais e áreas de preservação permanente. Por isso exigimos o Veto da presidenta Dilma.
Como pode-se perceber, temos inúmeros motivos para prosseguirmos em luta, organizadas enquanto trabalhadoras do campo e da cidade.
PROPOMOS: que a violência contra as mulheres, de forma especial, seja tratada com medidas eficazes com vistas a diminuição, coibição e extinção. Para isto precisa-se da implementação do PACTO/RS contra a violência, que viabiliza estrutura desde as casas abrigos, os centros de referência da mulher e as delegacias especiais da mulher em todos os municípios do Estado.
Como pode-se perceber, temos inúmeros motivos para prosseguirmos em luta, organizadas enquanto trabalhadoras do campo e da cidade.
Sem feminismo, não há socialismo”
08 de março é um DIA DE LUTA, pois entendemos que ainda temos poucos motivos para comemorar e muito o que avançar
(*) Vía Campesina - Movimento internacional de camponeses e camponesas, pequenos e médios produtores, mulheres rurais, indígenas, gente sem terra, jovens rurais e trabalhadores agrícolas
Fonte: Adital
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