Estes dias estive visitando as aldeias do Alto Purus, povos Madjá e Hunikui, vítimas inocentes do descaso para com a saúde indígena. Visitamos, eu e a equipe do Cimi, todas as 45 aldeias. Constatamos 22 mortes de crianças por, pasmem, DIARREIA!!
É inadimissível que ainda ocorram morte por causa de uma doença como diarréia. Enquanto estávamos preocupados com a vida dos povos indígenas, o governo brasileiro anunciava o fim da "operação emergencial" e que o número de mortes era apenas (esse apenas é duro de tolerar!) 08 crianças.
De outro lado, governo do Estado, Funai, uma ONG e pessoas avulsas, se preocupavam em criticar a atuação do Cimi na denúncia contra o assédio aos povos indígenas para que aceitem a mercantilização da natureza e da vida, principalmente através de mecanismos como o REDD plus. O pior é que envolveram até o nome de indígenas que supostamente defendem esses mecanismos. Tentaram, através de um documento, demonstrar que os povos indígenas estão a favor do REDD mas se esqueceram de consultar as comunidades.
No texto chegam a falar em tutela por parte do Cimi. Que ironia! logo a Funai e o governo ? Ora são esses os que querem a manutenção da tutela a todo preço.
22 crianças mortas e essa gente vem falar de tutela do Cimi? Onde estava e está a Funai que nada fez ou faz para sanar o problema e evitar que aumente o número de mortes? Onde está a tal ONG, que se arroga no direito a dizer o que é ou não bom para os povos indígenas?
Enquanto essa gente fica criticando pelo fato de defendermos os interesses dos povos indígenas, seguimos denunciando as manobras que visam unicamente a apropriação do patrimônio ambiental dos povos indígenas e nosso. Seguimos denunciando o descaso na saúde indígena.
Nesses próximos dias publicarei aqui o relatório da viagem às aldeias do Purus e apresentarei provas contundentes de que as mortes, na sua grande maioria, ocorreram por falta de atendimento.
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