O relatório final apresentado pelo senhor relator é um verdadeiro absurdo, para não dizer uma peça de ficção. Não é amparado em provas ou elementos consistentes. Utiliza-se de depoimentos de autores de livros pseudocientíficos sobre o CIMI, construindo uma tese do caráter conspiratório da entidade, que, com apenas cinco membros atuando no Estado, estaria atentando contra a soberania nacional e propondo a constituição de uma “Nação Guarani” independente
UM ABSURDO O QUE ACONTECEU HOJE NA SESSÃO DA CPI DO CIMI.
UMA VERGONHA. NÃO FICAREI CALADO.
SEGUE MINHA MANIFESTAÇÃO DE INDIGNAÇÃO.
UMA VERGONHA. NÃO FICAREI CALADO.
SEGUE MINHA MANIFESTAÇÃO DE INDIGNAÇÃO.
“ESTAMOS VIVENDO TEMPOS DE MANHAS E ARTIMANHAS” (DILMA ROUSSEFF)
Na qualidade de membro titular da Comissão Parlamentar de Inquérito, criada para investigar o Conselho Indigenista Missionário - CIMI, não poderia deixar de expressar minha indignação e revolta quanto ao ocorrido na última sessão da CPI, marcada para a votação do relatório final dos trabalhos. Depois de quase sete meses de atividades, reuniões, juntada de documentos e exaustivas sessões de oitivas de testemunhas e investigados, a comissão realizou a última sessão em exatos 5 minutos e 48 segundos para a apreciação dos trabalhos.
Foi uma sessão-relâmpago, a mais rápida de todas, sem a presença de todos os membros titulares, a meu ver, com o claro e evidente objetivo de cercear o direito dos membros que discordaram dos argumentos e encaminhamentos do relator, impedindo-os de proferir voto dissonante. Em todas as sessões da CPI houve uma tolerância de dez a quinze minutos para a chegada dos parlamentares que compõem a comissão. Estranhamente, a sessão derradeira inicia-se pontualmente às 14 horas e com a presença apenas dos três deputados defensores do relatório final.
Em minha opinião, não é democrático o que fizeram. Fui um dos deputados mais assíduos às reuniões, inclusive possibilitando o quorum mínimo em boa parte delas. Nas pouquíssimas ausências, comuniquei meu suplente para que me substituísse ou apresentei atestado médico à presidente da CPI. Senti-me desrespeitado.
Desde o início, manifestei-me contrário a criação da CPI, por ausência de fato determinado a ser investigado; por se tratar de entidade de caráter privado que nunca recebeu recursos públicos e por envolver assunto - demarcação de terras indígenas - de competência da esfera federal. Em quase todas as oitivas, protestei de forma veemente manifestações tendenciosas e o cerceamento de minhas prerrogativas como parlamentar. Meus posicionamentos dissonantes da maioria eram conhecidos de todos e era público e notório que não votaria a favor do relatório apresentado. Como sempre fui voto vencido na comissão, não havia motivo para realizarem sessão assaz açodada.
Quando fui derrotado no requerimento contestando a criação da CPI, curvei-me à decisão do Presidente da Assembleia Legislativa que acolheu a propositura apresentada pela deputada Mara Caseiro. Indicado por meu partido para integrar a comissão na condição de membro titular, atuei com a responsabilidade que minha condição de parlamentar exige.
Participei das atividades da CPI com interesse e dedicação. Ouvi atentamente a leitura do relatório proferida pelo senhor relator durante quase seis horas, com dez minutos de intervalo. Mas, ao final, não tive o direito de proferir meu voto. Mas poderão alegar: você chegou oito minutos atrasado. E eu poderia perguntar: qual foi a sessão que começou pontualmente às 14 horas? Eles teriam que me responder: apenas e tão somente a última, como atestam as atas das demais sessões.
O relatório final apresentado pelo senhor relator é um verdadeiro absurdo, para não dizer uma peça de ficção. Não é amparado em provas ou elementos consistentes. Utiliza-se de depoimentos de autores de livros pseudocientíficos sobre o CIMI, construindo uma tese do caráter conspiratório da entidade, que, com apenas cinco membros atuando no Estado, estaria atentando contra a soberania nacional e propondo a constituição de uma “Nação Guarani” independente. O relatório omite o fato de a entidade investigada não ter sido notificada no início dos trabalhos, fato que, por si, compromete toda a investigação por coibir o direito de ampla defesa da investigada. Ademais, o relatório utiliza-se de depoimentos de pessoas que se negaram a assinar termo de compromisso, de pessoas que mentiram despudoradamente em suas afirmações e de outras declarações de pessoas que acusaram o CIMI com base em “ouvi dizer”, “tem indícios”, “não tenho certeza, mas...”, “acho que...”.
Com inconsistentes argumentos, o relatório ousou pedir a responsabilização criminal de 13 pessoas integrantes do CIMI ou aliados e a responsabilização civil da entidade e, absurdamente, da Igreja Católica pelos possíveis danos causados aos produtores rurais do Estado.
Sendo assim, manifesto meu repúdio pela forma apressada e antidemocrática como se deu a realização da sessão de votação do relatório final da CPI do CIMI, comissão esta criada com o intuito prévio de criminalizar a entidade e o próprio movimento indígena de Mato Grosso do Sul. Não medirei esforços para que meu voto possa ser conhecido e para que chegue às instâncias competentes.
Deputado Pedro Kemp
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