Roberto Malvezzi (Gogó)
O que sobrou do 11 de Setembro dez anos depois?
O mundo ficou pior, sem dúvida. Quem pagou particularmente a ousadia do terror foram iraquianos e afegãos. O ataque deu o pretexto explícito – não o único possível – para que os americanos e seus aliados fossem ao oriente médio para garantir o petróleo. As mortes civis somente no Iraque são calculadas em até um milhão de pessoas.
Mas, se o objetivo do terror era pôr o império abaixo, então vamos precisar de mais tempo para que a história faça seu veredicto final.
O fato concreto é que aqueles aviões americanos, lotados de civis americanos, em território americano, habilmente pilotados pelo terror, atingiram em cheio seus objetivos. Derrubaram as torres gêmeas, o pentágono e somente o último, que se dirigia a Casa Branca, foi abatido antes de chegar ao seu destino. A morte de milhares de inocentes é a prova dos nove que o terror é tão cruel quanto a crueldade que deseja combater.
Ao atingir os símbolos do poder, atingiram o coração do povo americano. Ruiu o mito da segurança absoluta, do super homem, da nação indestrutível. Dessa forma, o terror se alojou na alma americana, embora poucos considerem que a repetição de algo semelhante seja provável.
A eliminação de Bin Laden dez anos depois foi vitória de Pirro. A destruição da auto-imagem dos americanos, a quantidade de mortes no Iraque e Afeganistão, é um preço absolutamente desigual se comparado com a morte do provável mentor e articulador do ataque.
Poucos dias depois da morte de Bin Laden, a inteligência do terror armou uma cilada para seus assassinos. Pasmem, cerca de 22 Seals – a elite da elite da tropa – foram apanhados em um único helicóptero no Afeganistão quando julgavam que abateriam grande parte das lideranças da Alcaida. Mais uma vez a inteligência americana foi humilhada.
Ainda mais, há analistas que atribuem às guerras subseqüentes, que consumiram cerca de quatro trilhões de dólares, a causa fundamental dos problemas econômicos dos Estados Unidos.
Outro império se levanta no oriente e tem os olhos puxados. Porém, nenhum império é melhor que o outro. É só perguntar aos latino americanos o que pensam do imperialismo brasileiro.
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