A
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab),
estende-lhes os cordiais cumprimentos e na oportunidade vem manifestar
preocupações relacionadas à atual conjuntura de retrocesso de Direitos
dos Povos Indígenas no Brasil, nos quais estamos vivendo.
Está
mais do que provado que o governo não cumpre os direitos
constitucionais, não respeita e não consulta, a exemplos do próprio
Decreto de Reestruturação da FUNAI em 2009, do Código Florestal, PEC 215
e agora da Portaria 303 da Advocacia Geral da União (AGU) totalmente
formulada às escuras sob pressão política e interesses dos
representantes do agronegócio.
No
dia 16 de julho foi publicada a Portaria 303 da AGU que desrespeita,
limita e restringe os direitos territoriais dos povos indígenas; com
esse anúncio o governo decreta a “morte dos povos indígenas no país” o
que requer uma ação mais enérgica do movimento organizado bem como de
todos os povos e comunidades para pressionar e fazer valer os direitos
constitucionais conquistados com muita mobilização indígena.
Diante
dos fatos, várias foram as manifestações de repúdio, contrariedades,
abaixo-assinados que demonstram a nossa insatisfação, bem como de
aliados e parceiros da causa indígena e ambiental.
A
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), instância nacional do
movimento indígena, faz uma alerta geral para que se continue o
rompimento com o governo e que não aceitemos nenhum tipo de diálogo até
que seja revogada a Portaria 303.
O Ministério da Justiça está convocando a CNPI para a 18ª Reunião no período de 27 a
30 de agosto demonstrando mais uma vez que a ideia central é ter um
fórum para apresentar as decisões e com isso usar como “povos
consultados” já que a FUNAI teria o prazo de 60 dias para conversar com
os indígenas sobre a Portaria, e independente de qualquer circunstância,
a partir desse prazo, a Portaria passa a vigorar conforme publicada.
A
Coiab, considerando a sua responsabilidade enquanto organização
articuladora política dos povos indígenas da Amazônia Brasileira,
respaldados pela segunda nota de repúdio em que a APIB exige a total
revogação da Portaria em questão, vimos orientar e ao mesmo tempo
alertar para a não concordância em participar de quaisquer iniciativas
ou instancias de diálogo e negociação, que envolve naturalmente, a Cnpi, o processo de consultas da Convenção 169, Forum de presidentes de CONDISIS, até que essa reivindicação seja atendida.
Não
podemos nos iludir que na atual conjuntura seja possível um diálogo
franco e aberto, como havíamos previsto recentemente por ocasião da
última convocatória da CNPI, e I Seminário Convenção 169 em março. O
momento é de luta e de pressão, é hora de jogar aberto e mostrar a
força dos povos indígenas, não apenas ficando no campo da resistência,
mas partindo de vez para a batalha.
Sendo
a Coiab membro da Apib e diante da responsabilidade com os povos
indígenas da Amazônia, nossa recomendação é: Não aceitar a nível
institucional qualquer convite do governo até que a Portaria 303 seja
totalmente revogada. Solicitamos ainda que essa recusa não seja apenas
através do silêncio, mas de uma manifestação de descontentamento dos
povos indígenas com as políticas governamentais.
Dessa
forma, as organizações indígenas juntamente com o Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), estamos articulando audiências e visitas aos
Ministros do STF, à 6ª. Câmara/PGR, Frente Parlamentar e outros
mecanismos de pressão para revogar a portaria e conclamamos todos os
povos indígenas de todas as regiões a fazerem mobilizações e manifestos
no dia 9 de agosto– Dia Internacional dos Povos indígenas.
Atos confirmados: Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia e Amapá.
Manaus 02, de agosto, 2012
Atenciosamente,
MARCOS APURINÂ
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Sonia Guajajara
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Coordenador Geral da Coiab
Fonte: Cimi
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Vice Coordenadora da Coiab
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