A
CPT e CIMI Acre, desde sua fundação, cumprem sua missão de acompanhar
as comunidades rurais e indígenas do estado do Acre e Sul do Amazonas.
Temos claro que quando se mexe com interesses econômicos do latifúndio,
de madeireiros e fazendeiros, não é uma tarefa fácil. Todas as ações
contrárias ao saque legalizado e oficialmente subvencionado à floresta
acreana incomoda um grupo cuja ação tem sido a sistemática
inviabilização da permanência das comunidades em seus territórios.
Historicamente, eles não receiam em utilizar meios violentos para
seguirem expropriando.
O que não foi diferente com as equipes da CPT e CIMI Acre que ultimamente, sofrem ameaças porque incomodam e incomodam muito.
No enfrentamento a esta realidade,
soma-se o CIMI, com foco mais específico na realidade indígena,
igualmente questionadora do latifúndio e das novas formas de apropriação
dos meios naturais coletivos para transformá-los apenas em capital de
acúmulo para alguns. Nesta mesma frente, portanto, encontram-se
lideranças indígenas, trabalhadores rurais, agentes e missionários da
CPT e do CIMI, numa cronologia cuidadosamente desenhada e inadmissível.
OS FATOS - CPT
1 - Em 03.06.2011 o Agente Pastoral
Cosme Capistano da Silva, recebeu uma ligação no seu celular (97 8116
2990), um homem lhe disse: “ estou ligando para você avisar aos seus
amigos da CPT que morreu gente no Pará, em Rondônia e que agora vai ser
no Amazonas e no Acre. E é daí por diante....”
2 - Em 08.06.2011 O agente Célio Lima da
Silva recebeu uma ligação no telefone fixo da CPT (68 3223 2193), um
homem desconhecido que lhe disse: “ você diga aquele seu amiguinho Cosme
lá de Boca do Acre e aquela sua amiguinha Darlene que eles estão na
lista”
3 – Em visita as comunidades da bacia
hidrográfica do riozinho do rola (comunidade atingida pelo manejo
madeireiro) a equipe da CPT foi abordada por um veículo, o Sr. Mozar
Marcondes Filho, parou seu veículo e tirou fotografia do veículo da CPT
Acre;
4 – No dia 15 de agosto de 2012
arrombaram a sede da CPT Acre e nada levaram. No dia 25 de agosto de
2012, entraram novamente a sede da CPT, arrombaram todas as portas,
entraram na sala da coordenação e nada levaram. Nas salas tinham cheques
assinados, dinheiro em espécie, equipamentos (data show, notebooks,
computadores, máquinas fotográficas...) e nada levaram. E ainda deixaram
o dinheiro e cheques que estavam na gaveta em cima da mesa, bem
visível, comprovando assim que não era roubo.
OS FATOS – CIMI
5 – No dia 09 de abril, durante reunião,
o Sr. Pedro Jaminawa, indígena do povo Jaminawa, Terra Indígena
Caiapucá, tornou públicas as ameaças que ele e sua família vinham
sofrendo por parte de fazendeiros que exploram ilegalmente a madeira na
terra indígena. “Que o João tome cuidado que o pessoal vai matar ele”.
Outra ameaça feita à irmã de João: “fala pro João que enquanto a terra
não for demarcada, vão continuar retirando madeira e que se o João
continuar atrapalhando vamos dar um fim nele.”
6 – No dia 17 de abril, 2012, Lindomar
Dias Padilha, coordenar regional do CIMI, recebeu uma ligação, não
identificada, onde uma voz masculina dizia: “Cuidado mais pessoa pode
morrer”.
7 – No dia 18 de maio, novamente
Lindomar recebe uma outra ligação agora no escritório do CIMI, também
não identificada com voz masculina: “Você ta na nossa lista.”
8 – No dia 01 de junho, o Sr Francisco
Jaminawa e outros três indígenas foram ouvidos por um funcionário da
Funai, onde narraram as várias ameaças de morte que vinham sofrendo. Não
tivemos até agora nem cópia do documento e não sabemos se foi dado
algum encaminhamento. Sr. Francisco é cacique da Aldeia São Paolino e lá
toda a comunidade está presa em suas casas porque, segundo afirmam, se
saírem serão mortos pelos jagunços dos fazendeiros.
9–No dia 14 de julho, quando estavam com
viagem marcada (Lindomar e Rodrigo, ambos da coordenação regional) para
segunda, que seria dia 16: “Tome cuidado com a viagem. Essa estrada é
perigosa e acidentes podem acontecer”.
10 – Várias outras denúncias foram
feitas por indígenas. Só o Sr. Francisco Siqueira Arara, cacique do povo
Apolima-Arara, fez mais de dez denuncias de ameaças que vem sofrendo,
sempre envolvendo questões relacionadas à terra.
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