O
professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de
Brasília (UnB) Maurício Carvalho Amazonas apontou há pouco aquele que
considera ser o principal problema do projeto de lei que institui o
pagamento por serviços ambientais (PL 792/07, do ex-deputado Anselmo de Jesus). A proposta, para o especialista, adotaria uma “visão contratualista” da questão.
Segundo
Amazonas, essa concepção “contratualista” provoca conflitos, por tratar
o pagamento pelo serviço de forma equivocada. De acordo com professor,
em casos como esse existe é uma lógica compensatória por um serviço já
prestado. “Não se trata de compra, é dinheiro que vai ser restituído
para a sociedade como forma de compensação”, sustenta.
Essa
lógica, conforme o professor, provoca ainda um segundo problema, que á
falta de vinculação a um programa específico. “Você tem uma proposta
três em um, que pode ser ambiental, social de transferência ou ainda
incentivo microeconômico”, afirma. Como a principal fonte de
financiamento prevista no projeto é por meio de recursos orçamentários
da União, o professor acredita que esses fatores somados podem criar
grandes problemas quando o pagamento por serviços ambientais entrar em
vigor.
Maurício
Carvalho Amazonas participou do seminário “Pagamento por serviços
ambientais”, realizado pela Comissão de Finanças e Tributação no
Plenário 4.
Embrapa também critica projeto sobre pagamento por serviços ambientais
Para
o pesquisador da Embrapa Luciano Mattos, a proposta que institui o
pagamento por serviços ambientais no Brasil tem como problema central a
falta de foco em produção agropecuária sustentável. O texto em discussão
é o PL 792/07, do ex-deputado Anselmo de Jesus. Na concepção do
pesquisador, esse enfoque somente em conservação traz consequências
negativas do ponto de vista econômico. “A produção agropecuária cria
laços econômicos; se o agricultor simplesmente para de produzir, acaba a
cadeia produtiva”, argumenta.
Para ONG, pagamento por serviços ambientais não é para reflorestamento
O
vice-presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, Pedro Passos, ressaltou
que o pagamento por serviços ambientais não pode ser utilizado para
financiar projetos de reflorestamento. “Temos de ter mecanismos claros
para impedir o benefício para quem descumpriu a lei, para isso deve
haver outros programas”, sustentou.
Ainda
conforme Passos, que é também presidente do Conselho de Administração
da Natura, os mecanismos de pagamento desses serviços devem ser muito
simples. Isso porque, para ele, os principais beneficiados devem ser
pequenos produtores e agricultores familiares. “Sabemos fazer isso, não
podemos depender de editais, processos complicados em questões que são
para atender a todos”, argumenta. De acordo com o ambientalista, com R$ 1
milhão inicial ao ano, mais R$ 1 milhão a cada ano, é possível criar um
mecanismo eficiente em dez anos.
Agência Câmara de Notícias/EcoAgência
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