segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Lideranças Indígenas rejeitam REDD e responsabilizam o governador da Califórnia por sua segurança


Foto: Arquivo do Blog fornecido por Ninawa

Enquanto os legisladores se preparam para lançar o programa de limite e comércio de carbono estadual da Califórnia como parte do seu Ato sobre Soluções às Mudanças Climáticas (AB32), lideranças indígenas viajaram até Sacramento para exigir que os políticos não incluam na lei um mecanismo internacional de compensação (offseting) baseado no carbono florestal, conhecido como REDD. REDD, que significa Redução de Emissões por Desmatamento e Degradacao de florestas, é um mecanismo de mercado controverso que propoe proteger florestas tropicais para capturar e estocar a poluição de dióxido de carbono. Mas projetos tipo REDD tem levado a sérias violações de direitos humanos e muitos líderes indígenas tem denunciado projetos de REDD como uma falsa solução às mudanças climáticas, afirmou a delegação. Membros da Aliança Global de Povos Indígenas e Comunidades Locais sobre Mudanças Climáticas Contra REDD e pela Vida viajaram do México, Brasil e Equador para Sacramento na semana passada para testemunhar frente ao Conselho de Recursos Atmosféricos da Califórnia e se encontrar com oficiais do gabinete do Governador Jerry Brown e da Agencia de Proteção Ambiental (EPA). Membros da Aliança tem experimentado perseguições e ameaças por manifestarem-se contra estes programas, disse o porta-voz do grupo. De acordo com Tom Goldtooth, diretor executivo da Rede Ambiental Indígena (IEN), “REDD é um esquema perverso de compensação florestal que permite que poluidores como a Chevron continuem destruindo o ambiente. As Nações Unidas reconhecem que REDD pode resultar em ‘trancafiar as florestas’, a maioria das quais estão em terras de Povos Indígenas. REDD é potencialmente genocida.” Em 2010, a Califórnia assinou acordos com Chiapas, México; Acre, Brasil, e outros estados, que podem colocar REDD na lei AB32, ligando a política climática da Califórnia a estas regiões tropicais. Os visitantes a Sacramento disseram aos legisladores que estão sofrendo perseguições, intimidações e vandalismo das suas casas e locais de trabalho por rejeitarem projetos tipo REDD. José Carmelio Alberto Nunes (Ninawá), presidente da Federação do Povo Huni Kui do Acre, Brasil, disse que ele e sua esposa tem recebido chamadas telefônicas anônimas alertando a eles, “tenham cuidado com o que falam e com quem falam, ou vocês podem sofrer um acidente. “Eu acredito que vir à California ameaça aqueles interesses que esperam fazer dinheiro com REDD”, disse o líder Huni Kui. “Qualquer um que fala contra REDD no Acre é perseguido.” Enquanto a política avança, Ninawá diz que não tem medo de manifestar-se. “Se eu for assassinado por resistir a REDD e defender minha terra, outros Ninawás vão continuar a luta. “Apesar de salvaguardas voluntarias, projetos tipo REDD já estão resultando em mortes, expulsões violentas, deslocamentos forcados, prisões, guardas armadas e proibições de acesso e uso da terra essencial para a sobrevivência do Povos Indígenas e comunidades dependentes das florestas. Rosario Aguilar, promotora de saúde de Chiapas, México, e membro da delegação que foi à California, disse, “Mesmo antes de a Califórnia estabelecer este mercado, projetos tipo REDD sendo implementados nas nossas comunidades estão causando conflitos e deslocamentos. Como parte de seus planos para mover os Povos Indígenas para fora das terras, o Governo cortou serviços médicos na Vila de Amador Hernández na Selva Lacandona. É por isso que dizemos que REDD está promovendo a morte e não a vida.” O próprio Estado de Chiapas observa em seu Programa de Ação sobre Mudanças Climáticas que 172 comunidades já foram “realocadas” como parte dos esforços para o ‘desmatamento evitado’, outro nome para REDD. “Dados os acordo REDD Califórnia, nós consideramos o Estado da Califórnia e o Governador Jerry Brown responsáveis pela segurança física e moral daqueles que falam contra REDD”, disse Goldtooth. Michelle Chan, diretora de políticas econômicas dos Amigos da Terra Estados Unidos, relatou que no encontro da delegação com Cliff Rechtschaffen, conselheiro sênior de Brown sobre mudanças climáticas,  “Amigos da Terra requereu especificamente que, se qualquer dos participantes, como resultado do encontro com o gabinete do Governador, experimentar o aumento de ameaças e intimidações ao retornar às suas casas, o Governador faça o que puder para ajudar a remediar a situação.” Rechtschaffen respondeu que o gabinete do Governador iria se esforçar para fazer o que fosse apropriado. É esperado que o Conselho de Recursos Atmosféricos da Califórnia decida em 2013 se vai ou não continuar adquirindo créditos de REDD como parte do programa de limite e comercio de carbono da Califórnia. Marlon Santi, líder K’ichwa da comunidade Sarayaku no Equador, reconhecido pela resistência a exploração de petróleo e por manifestar-se contra REDD, disse que os Povos Indígenas não estão apenas responsabilizando o gabinete do Governador. “Nós estamos levando nosso caso às Nações Unidas. Nós temos que parar REDD de ameaçar a sobrevivência dos nosso povos.”

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