Por Luana Luizy,
de Brasília
O genocídio aos Guarani Kaiowá foi o grande mote que levou indígenas e manifestantes na Esplanada dos Ministérios, nesta sexta-feira à tarde, em Brasília. O protesto foi promovido pelo Comitê de Solidariedade aos Guarani Kaiowá e aconteceu em 21 capitais do país.
Na cidade de Brasília 200 indígenas do Maranhão se uniram a estudantes e independentes pela denúncia contra o extermínio aos Guarani Kaiowá e pela demarcação das terras. “Senti de perto com os Guarani Kaiowá o que esse sistema maléfico está impondo a eles, precisamos nos articular para trazer a superação contra esse sistema”, lamenta Egon Heck, missionário do Conselho Indigenista Missionário.
A portaria 303 também foi pautada, medida que determina que as terras indígenas podem ser ocupadas por unidades, intervenções militares, empreendimentos hidrelétricos e minerais de cunho estratégico, sem consulta aos povos. “A gente também veio falar da portaria 303 que está prejudicando nosso direito e exigir revogação dela. O governo não resolve nosso problema, por isso estamos correndo atrás”, conta o cacique Ambrósio Gavião.
“Demarcação sim, latifúndio não”
No manifesto do Comitê de Solidariedade aos Guarani Kaiowá, os integrantes criticam a política ligada ao latifúndio do atual governo. “Dentre os maiores inimigos está o agronegócio, cuja face mais nefasta é a monocultura de cana-de-açúcar e soja, além da pecuária extensiva. É neo-desenvolvimentista capitalista devastando nossa terra. Nesse sentido, contribuem para o massacre no Mato Grosso do Sul, não só fazendeiros, mas também o Governo Federal, comprometido com o capital e as instituições cúmplices, destaque para a omissão da Funai”, aponta o manifesto.
Após saírem do Museu Nacional da República, indígenas e manifestantes foram para rodoviária do Plano Piloto, onde reivindicaram de maneira inflamada pela demarcação das Terras Indígenas. “É muita invasão em nossas terras, muitos criminosos matam a gente, mas estamos aqui para contar á Dilma”, diz Hajmakomaiâ Awá-Guajá.
Marãwatséde
A Justiça Federal em Mato Grosso iniciou intimações na última terça-feira, 6, para a retirada dos ocupantes ilegais da Terra Indígena (TI) Marãiwatsédé, localizada no município de Cáceres, em Mato Grosso. Devido a suspensão da liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região em Brasília (TRF-1) que impedia a retirada dos invasores, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o clima é de tensão na TI.
Um indígena Xavante foi perseguido no dia 3 de novembro, por dois carros com pessoas que reconheceu serem do núcleo de invasão da TI Marãiwatsédé. Na cidade de Água Boa foi abordado por um não indígena que perguntou se ele era filho do cacique Damião, o que ele, com medo, negou.
Logo após foi perseguido por dois carros com pessoas que reconheceu serem do núcleo da invasão no território indígena Marãiwatsédé e capotou o veículo, sofrendo algumas escoriações.
O incidente foi lembrado pelo neto do cacique Damião no ato em solidariedade aos Guarani Kaiowá. “O governo precisa fazer sua parte de retirar os invasores, o clima lá em Mawãwatséde é de aflição, queremos nossa terra e punição aos fazendeiros”, comenta Rafael Were’é Xavante, estudante de antropologia da Universidade de Brasília (UnB).
Munduruku
Após saírem da rodoviária os manifestantes se encaminharam para a Funai e lá fizeram um minuto de silêncio pela morte do indígena, Adenilson Kirixi Munduruku, morto por agentes da Polícia Federal (PF), no dia 7 de novembro.
Segundo relatos a PF invadiu a aldeia e disparou contra os indígenas, inclusive contra crianças e idosos que em pânico fugiram para o mato.
Conheça mais sobre a Campanha Guarani, no site
http://www.campanhaguarani.org.br/
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