terça-feira, 17 de maio de 2011

Médico diz que Acre coleciona piores índices de saúde do País

A matéria publicada pela agência Amazônia em fevereiro nos faz refletir sobre a auto avaliação do Governo, segundo a qual a saúde vai muito bem no Acre
BRASÍLIA – Vendido na propaganda governamental como “ (...) o melhor lugar da Amazônia prá se viver”, o Acre coleciona números vergonhosos em ternos de saúde pública. É ali onde se tem a maior mortalidade infantil da região Norte e uma das maiores do Brasil – são 28 mortes para cada nascido vivo. Também é no Acre uma das mais baixas coberturas de pré-natal (menos de 50% das grávidas fazem seis consultas durante a gravidez), e onde se registra uma das maiores taxas de mortalidade materna do País. 
Afora isso, o Acre é ainda recordista em casos de Dengue e de malária. E 43,73% dos seus 732,7 mil habitantes sobrevive com meio salário mínimo, e 13,97% dos acreanos maiores de 15 anos são analfabetos. É naquele Estado onde se concentra o terceiro menor número de médicos do País, 575. Deste total,  74% (427) estão em Rio Branco, e apenas 6,32 trabalham na saúde da família. 
Os dados acima são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e ilustram o artigo “Saúde no Acre, é possível mudar?”, do médico Janilson Lopes Leite, publicado em seu site pessoal. 
Recém-ejetado da Prefeitura de Rio Branco, onde atuou na equipe de controle da Dengue, Janilson Leite afirma, sem meias palavras, que o desenvolvimento social, cultural e político do Brasil colocou o Acre em desvantagem.  Por ser distante, tudo chegou tarde no Estado, e indaga: 
– E nossa saúde pública como está? 
O próprio Janilson tenta responder. Afirma que, a exemplo de outras regiões brasileiras, o Sistema Único de Saúde (SUS) apresenta graves problemas no Acre, e reconhece que seus princípios doutrinários (universalidade, integralidade e  equidade) avancem timidamente. 
“Temos (no Acre) um sistema com foco hospitalocentrico e assistencialista ainda, A estratégia de saúde da família perdeu sua essência, que é a prevenção”, explica o médico. Para ele, a baixa cobertura do Programa Saúde da Famílias (PSF), hospitais lotados, Unidades de Pronto Atendimento (Upas) que não atendem a população, traduzem, por si só, a precariedade da saúde pública no Acre. 
Em seu artigo, Janilson Leite lembra que, nos últimos tempos, os grandes investimentos na área de saúde se voltaram exclusivamente para a assistência, Upas, Prontos Socorros, Maternidades, entre outros.  “Tudo necessário, mas passível de equilíbrio”. Ainda de acordo com o médico, “as grandes mudanças nos indicadores e qualidade de saúde de uma população não se conquistam dentro de um hospital, mas sim na intervenção no ambiente familiar através dos programas de saúde da família”. 
Ainda de acordo com o médico, “o Acre é hoje dono de um dos piores indicadores de saúde de todo país, uma herança de muitos anos de descaso com a saúde dos acreanos”. Abaixo, outros indicadores da vergonhosa realidade social do Estado que gaba-se ser “o melhor lugar da Amazônia prá se viver”: 

 • Com uma rede de abastecimento de água que cobre  apenas 55,36% do Estado.
·   Com uma cobertura da rede de esgoto de 62%.
· O terceiro menor numero de dentista do país (388) ganhando apenas do Amapá e Roraima.
· O terceiro menor numero de enfermeiros do país (697) ganhando também do Amapá e Roraima.
· Um dos mais baixos numero de farmacêuticos do país (565)
· O segundo menor número de técnico de enfermagem do país (1030)
· Uma estrutura universitária de formação de recursos humanos que tem seu foco mais voltado para assistência e menos pra promoção e prevenção

Um comentário:

  1. Fazer do Acre o melhor lugar para se morar na Amazônia é um propósito ainda não uma realidade e algo a ser conquistado. Antes de formular criticas sobre a atual realidade do Acre é necessário que se reconheça que muitas melhoram por aqui e injusto fazer toda essa propaganda negativa.
    Não sou do Acre, mais achei as criticas muito pesadas.

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