INDÍGENA JAMINAWA É AMEAÇADO DE MORTE NO ACRE

João Pedro Jaminawa, morte anunciada - Foto: Lindomar Padilha

Fui procurado pelo Sr. João Pedro Jaminawa que me fez uma declaração grave: ele está ameaçado de morte porque se opor à retirada de madeira da terra indígena Caiapucá, pertencente ao povo Jaminawa mas que ainda não foi demarcada pelo Funai.

A terra indígena Caiapucá fica no Rio Purus e tem sido palco de conflitos entre indígenas Jaminawa e não índios, especialmente os que ocupam o antigo seringal Santa Amélia, também terra tradicional dos jaminawa.

Sr. João conta que um certo Senhor conhecido por "Edinaldo", residente no Seringal Santa Amélia, procurou a Sra. Iracema, irmã de João Pedro, para mandar dizer ao João que "enquanto a terra não for demarcada vão continuar retirando madeira e que se o João continuar atrapalhando vamos dar um fim nele". E ainda : "Que o João tome cuidado que o 'pessoal' vai matar ele."

Segundo o Sr. João, duas pessoas estariam mais diretamente o ameaçando. O próprio Edinaldo e um outro conhecido por "Caboclo Toto" já vem há tempo fazendo ameaças e continuando a retirada de madeira. A madeira retirada da terra indígena é transportada para o porto da Praia do Amarilio, em Sena Madureira ou segue diretamente para Boca do Acre.

Segundo Sr. João, o problema maior é que ambos os acusados de fazer ameaças se protegem como membros de uma certa Associação Santa Amelia e o comércio da madeira é feito diretamente com a associação.

Os indios Jaminawa estão, segundo João, vivendo em clima de terror e já não podem nem mesmo pescar nos lagos existentes dentro da terra indígena. Temendo que as ameaças se cumpram e sabendo do histórico de conflitos, muitas famílias indígenas estão abandonando a terra e indo para a cidade de Sena Madureira onde permanecem acampadas com vários outros indígenas Jaminawa que, também por falta de terra demarcada, procuram sobreviver na cidade.