A
Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra, CPT, diante da
aprovação pela Câmara dos Deputados, na noite de ontem, do assim chamado
Novo Código Florestal, quer se juntar ao coro de milhões de brasileiros
para manifestar sua indignação diante da imposição da vontade da
bancada ruralista sobre a nação brasileira, colocando em risco, como
advertiram numerosos cientistas, o próprio futuro do nosso país.
Na
verdade é muito difícil entender como uma população rural que, segundo o
último censo de 2010, representa somente 16% do total da população
brasileira, esteja tão superrepresentada na Câmara dos Deputados, já que
a Frente Parlamentar da Agropecuária é composta, segundo seu próprio
site, por 268 deputados, 52,24% dos 513 deputados eleitos. Para fazerem
valer suas propostas, os ruralistas se escondem atrás do discurso da
defesa da pequena propriedade, quando é de clareza meridiana que o que
está em jogo são os interesses do agronegócio, dos médios e grandes
proprietários. Estes, segundo o Censo Agropecuário de 2006, ocupam
apenas 9,12% dos estabelecimentos rurais com mais de 100 hectares e juntos somam 473.817 estabelecimentos que, no entanto, ocupam 78,58% do total das áreas.
Mesmo
assim, a bancada ruralista e seus seguidores ainda ousam dizer que a
oposição ao que eles votaram vem de uma minoria de ambientalistas
radicais. Muito corretamente falou o professor titular de Economia da
PUC de São Paulo, Ladislau Dowbor: “É
preciso resgatar a dimensão pública do Estado. O Congresso tem a
bancada das montadoras, a das empreiteiras, a dos produtores rurais, mas
não tem a bancada do cidadão!”.
A
Comissão Pastoral da Terra espera que a presidenta Dilma honre a
palavra dada ainda na campanha eleitoral de não aceitar retrocessos na
lei florestal, comprometendo-se a vetar os pontos que representassem
anistia para os desmatadores ilegais e a redução de áreas de reserva
legal e preservação permanente. Espera que a presidenta não compactue
com a imposição da bancada ruralista e vete este texto. A natureza e o
Brasil vão agradecer.
A Coordenação Nacional da CPT
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