O
Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social, reunido em plenária nacional nos
dias 24 e 25 de maio de 2012 em Brasília, vem manifestar-se publicamente sobre
as discussões que se realizam no contexto da preparação à Rio+20 e à Cúpula dos
Povos, eventos que se realizarão na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 15 e
23 de junho próximo.
A
partir do debate que realizamos sobre a economia verde, afirmamos nosso
posicionamento contrário ao discurso que a apresenta como a solução para os
problemas que o planeta enfrenta a partir das mudanças climáticas.
Entendemos
e reafirmamos que a grande responsabilidade pelo aquecimento global, e
consequentemente pelas mudanças climáticas, recai no modelo de desenvolvimento
de nossa sociedade atual, modelo este que possui como um de seus fundamentos a
economia capitalista.
Neste
sentido, entendemos que a economia verde, na perspectiva que vem sendo
discutida e apresentada pelos grandes grupos econômicos e governos, nada traz
de novo e de concreto para solucionar os problemas, e apenas se constitui numa
espécie de “nova roupagem” para o mesmo sistema; ou seja, o próprio causador da
doença tenta apresentar agora o que seria o remédio, numa clara tentativa de
manipular a crise ambiental.
Sabemos
que a economia verde não passa, na realidade, de uma estratégia do capitalismo
para continuar sua acumulação e expansão a partir da tentativa de tratar a
natureza como uma espécie de “capital natural”, colocando preço em todos os serviços
que plantas, animais e o ecossistema como um todo oferecem à humanidade de
forma gratuita.
Posicionamos-nos
contra a economia verde e todos os demais instrumentos apresentados pelo
mercado e assumidos pelos governos no bojo da discussão do combate às mudanças
climáticas: Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), Pagamento
por Serviços Ambientais, Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e Mercado de
Carbono. Todos estes instrumentos nada mais são do que uma tentativa de pintar de
verde a economia capitalista, que, na verdade histórica, sempre foi cinzenta,
por causa dos altos níveis de poluição que joga em todos os espaços do ambiente
vital da Terra. Não passa, por isso, de uma falsa solução, uma ilusão de
resolução do problema.
Manifestamos
publicamente nosso posicionamento para que a presidente Dilma Rousseff, numa
demonstração de coerência, escuta e respeito à vontade e soberania popular,
vete integralmente o texto do Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional.
Ele atende tão somente ao interesse de expandir ainda mais o campo de atuação
e, consequentemente, todas as mazelas sociais e ambientais causadas pelo
agronegócio.
Por
tudo isso, dizemos não à “precificação” e financeirização da natureza e
reafirmamos nossa crença e esperança em formas de convivência que garantam a
satisfação das necessidades dos povos sem colocar em risco a própria sobrevivência
humana no planeta. Assumimos a Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental
contra a Mercantilização da Vida e da Natureza em defesa dos Bens Comuns como uma
importante oportunidade para construirmos, a partir dos povos e com os povos,
as verdadeiras e reais soluções para os graves problemas que põem em risco a Criação.
Brasília, 25 de maio de 2012.
Fórum
Mudanças Climáticas e Justiça Social
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