quarta-feira, 2 de maio de 2012

Povo Awá-Guajá: continuam as ameaças ao povo e a seu território

Em vista da recente campanha internacional em defesa do povo Awá-Guajá, lançada pela organização Survival Internacional, que conta com nosso apoio, vimos reiterar que persistem as ameaças ao povo Awá-Guajá e a seu território. Dentre estas, destacamos:

1. O desaparecimento acelerado de suas florestas e, consequentemente, da fauna, vem causando mudanças violentas na cultura e no modo de vida dos Awá-Guajá. Podemos imaginar como caçadores e coletores podem viver sem a floresta? As operações policiais até então realizadas só confirmam que as terras Araribóia, Awá, Caru, Turiaçu e a Reserva Biológica do Gurupi, são fontes de toda a madeira que abastece serrarias, localizada em municípios no entorno dessas terras. Isso prova também que planos permanentes de vigilância devem ser imediatamente implantados.

2. A ausência de políticas públicas específicas de saúde e de proteção de suas florestas, de apoio ao seu modo de economia tradicional de caça e coleta, como também a ausência de assistência diferenciada por parte da Funai, visto tratar-se de povo indígena de recente contato, são também ameaças à integridade dos Awá-Guajá;

3. O último ataque sofrido por este povo em 2011, sendo mundialmente divulgado e confirmado em janeiro de 2012 por uma equipe de defensores;

4. Pelas condições de vulnerabilidade de sua população contatada frente aos madeireiros e a ausência total do Estado. Vários idosos já morreram e muitos estão debilitados por doenças causadas por subnutrição, como a tuberculose. Mais de seis pessoas, em sua maioria jovens, são acometidos por uma doença que se assemelha a epilepsia. Um estudo técnico/cientifico poderá esclarecer as causas; que acreditamos, estejam relacionadas às violentas mudanças impostas ao povo;

5. A grande violência do Projeto Carajás. São verificados impactos sobre sua cultura, seu território e suas florestas. A ferrovia Ferro-Carajás, que corta o território indígena, está sendo ampliada o que resultará em mais lucros para a VALE. Já o povo Awá-Guajá continua sem atendimento mínimo na área de saúde. Mais um povo vítima do ‘progresso’ e do engodo dos programas compensatórios.

O processo de judicialização do procedimento demarcatório da terra indígena Awá teve início na década de 1980, e vinha impedindo a retirada de invasores do território indígena. Tal impedimento não mais existe. É urgente, portanto, empreender providências no sentido de retirar tais ocupantes para que a terra seja finalmente devolvida aos Awa-Guajá e, posteriormente, recomposta sua flora.

Os territórios habitados pelos Awá-Guajá são os mais desmatados na Amazônia Legal. Mas ainda é possível salvar e preservar o que resta dessa riqueza biológica presente no estado do Maranhão.

Diante de tal realidade, o Cimi convida toda a sociedade a solidarizar-se com esta causa e atender ao apelo da campanha, solicitando ao ministro da Justiça que seja imediatamente implantado um plano permanente de vigilância e proteção das terras habitadas pelos Awá-Guajá; e que os invasores sejam imediatamente retirados do território indígena.

Para maiores informações e participação na campanha, acesse: http://www.survivalinternational.org/pt/awa.

Fonte: CIMI - DF

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