Em
vista da recente campanha internacional em defesa do povo Awá-Guajá,
lançada pela organização Survival Internacional, que conta com nosso
apoio, vimos reiterar que persistem as ameaças ao povo Awá-Guajá e a seu
território. Dentre estas, destacamos:
1.
O desaparecimento acelerado de suas florestas e, consequentemente, da
fauna, vem causando mudanças violentas na cultura e no modo de vida dos
Awá-Guajá. Podemos imaginar como caçadores e coletores podem viver sem a
floresta? As operações policiais até então realizadas só confirmam que
as terras Araribóia, Awá, Caru, Turiaçu e a Reserva Biológica do Gurupi,
são fontes de toda a madeira que abastece serrarias, localizada em
municípios no entorno dessas terras. Isso prova também que planos
permanentes de vigilância devem ser imediatamente implantados.
2. A
ausência de políticas públicas específicas de saúde e de proteção de
suas florestas, de apoio ao seu modo de economia tradicional de caça e
coleta, como também a ausência de assistência diferenciada por parte da
Funai, visto tratar-se de povo indígena de recente contato, são também
ameaças à integridade dos Awá-Guajá;
3.
O último ataque sofrido por este povo em 2011, sendo mundialmente
divulgado e confirmado em janeiro de 2012 por uma equipe de defensores;
4.
Pelas condições de vulnerabilidade de sua população contatada frente
aos madeireiros e a ausência total do Estado. Vários idosos já morreram e
muitos estão debilitados por doenças causadas por subnutrição, como a
tuberculose. Mais de seis pessoas, em sua maioria jovens, são acometidos
por uma doença que se assemelha a epilepsia. Um estudo
técnico/cientifico poderá esclarecer as causas; que acreditamos, estejam
relacionadas às violentas mudanças impostas ao povo;
5. A
grande violência do Projeto Carajás. São verificados impactos sobre sua
cultura, seu território e suas florestas. A ferrovia Ferro-Carajás, que
corta o território indígena, está sendo ampliada o que resultará em
mais lucros para a VALE. Já o povo Awá-Guajá continua sem atendimento
mínimo na área de saúde. Mais um povo vítima do ‘progresso’ e do engodo
dos programas compensatórios.
O
processo de judicialização do procedimento demarcatório da terra
indígena Awá teve início na década de 1980, e vinha impedindo a retirada
de invasores do território indígena. Tal impedimento não mais existe. É
urgente, portanto, empreender providências no sentido de retirar tais
ocupantes para que a terra seja finalmente devolvida aos Awa-Guajá e,
posteriormente, recomposta sua flora.
Os
territórios habitados pelos Awá-Guajá são os mais desmatados na
Amazônia Legal. Mas ainda é possível salvar e preservar o que resta
dessa riqueza biológica presente no estado do Maranhão.
Diante
de tal realidade, o Cimi convida toda a sociedade a solidarizar-se com
esta causa e atender ao apelo da campanha, solicitando ao ministro da
Justiça que seja imediatamente implantado um plano permanente de
vigilância e proteção das terras habitadas pelos Awá-Guajá; e que os
invasores sejam imediatamente retirados do território indígena.
Para maiores informações e participação na campanha, acesse: http://www.survivalinternational.org/pt/awa.
Fonte: CIMI - DF
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