quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

ENQUANTO O GOVERNO DO ACRE FAZ REUNIÕES QUASE ÀS ESCONDIDAS PARA CONVENCER OS INDÍGENAS DE ACEITAREM A EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO...

 O governo do Acre está promovendo uma reunião entre representantes do governo, da empresa que "supostamente" fará os estudos sobre os impactos que ocorrerão, caso venha a acontecer como quer o governo, a exploração de petróleo e gás em áreas de conservação, como o Parque Nacional da Serra do Divisor, e em terras indígenas. Aliás, é justamente com representantes (oficiais na maioria) indígenas que a reunião está acontecendo a partir de hoje na terra indígena Poyanawa, Aldeia Barão, no município de Mâncio Lima.
Desde o início, na retomada das discussões pelo então senador Tião Viana (PT/AC), os povos indígenas, principais afetados e prejudicados,  o CIMI e outras entidades sérias e preocupadas com os impactos e desequilíbrios que essa atividade trará ao frágio ecossistema amazônico, e às comunidades que aqui vivem, tem denunciado que o governo está omitindo da população ações gravíssimas e criando nuvens de fumaça para ludibriar e dar um ar de responsabilidade no projeto. É o caso de afirmar que "as comunidades, terras e povos indígenas não serão afetados".
É preciso que os indígenas reunidos lá na terra indígena Poyanawa digam um não a proposta de exploração de petróleo e gás em suas terras e que não assinem nenhum papel porque isso será utilizado contra os próprios povos indígenas. Tem sido cada vez mais comum no Brasil (e no Acre não é diferente) os indígenas presentes nesses encontros assinarem lista de presença que depois o governo apresenta como sendo assinaturas de pessoas que avalisam e apoiam o empreendimento ou como parte integrante das chamadas "consultas". Portanto, todo cuidado é pouco com essa gente que só enxerga lucro e seus dólares manchados de sangue.
Segue o Texto de Stephen Leahy. 
Combustíveis fósseis tomam a dianteira em Doha
Stephen Leahy
Doha, Catar, 3/12/2012, (IPS) - O aquecimento global pode manter-se abaixo dos dois graus, mas somente se a maioria dos depósitos conhecidos de carvão, petróleo e gás permanecerem no solo, segundo um informe científico apresentado no dia 30 de novembro, na capital do Catar.

O problema é que nenhum país está suficientemente perto de manter os combustíveis fósseis no solo, segundo o Climate Action Tracker (CAT- Rastreador de Ação Climática), divulgado na 18ª Conferência das Partes da (COP 18) Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontece até o dia 7 no Catar.
Na verdade, os países vão em direção contrária. Em 2011, gastaram US$ 523 bilhões de dinheiro público para subsidiar a queima de combustíveis fósseis, disse Michiel Schaeffer, cientista da Climate Analytics que produziu o informe juntamente com a Ecofys, empresa holandesa de consultoria de energia, e o alemão Instituto Pik de Potsdam. "Os subsídios, em 2011, para os combustíveis fósseis foram 30% superiores aos de 2010, segundo a Agência Internacional de Energia" (AIE), informou Schaeffer à IPS.

Por outro lado, a AIE afirmou que a energia solar, a eólica e outras renováveis receberam apenas US$ 88 bilhões em subsídios, a sexta parte da quantidade dada ao muito rentável setor dos combustíveis fósseis. Embora 194 Estados e a União Europeia estejam reunidos na COP 18 para garantir que o aquecimento do planeta não supere os dois graus, não estão debatendo como eliminar os subsídios para os combustíveis fósseis. Até agora as negociações giraram amplamente em torno de criar programas de créditos de carbono, e de debates sobre o dinheiro para ajudar os países pobres a sobreviverem aos impactos atuais e futuros da mudança climática.

Os delegados dos países chegaram a Doha sem estarem preparados para assumirem os compromissos necessários para que o aquecimento global permaneça realmente abaixo dos dois graus. "Várias vozes sugerem que manter as temperaturas abaixo de dois graus não é possível. Isto, simplesmente, não é verdade. É perfeitamente viável", disse Schaeffer. Para que seja factível, são necessárias reduções de 15% nas emissões mundiais até 2020, em relação aos níveis atuais. No ano passado, as emissões aumentaram 3,2% e em 2010 cresceram 5,9%.

Não superar os dois graus, e inclusive ficar abaixo de 1,5 grau, é técnica e economicamente viável. Contudo, "só com ambição política apoiada por uma ação rápida que comece agora", diz o informe do CAT. Não se pode esperar até 2020 para agir, advertiu Bill Hare, presidente e diretor gerente da Climate Analytics, uma organização sem fins lucrativos com sede em Berlim. "Se esperarmos, não nos restarão muitas opções", ressaltou.

Uma ação rápida antes de 2020 implicará custos muito menores. Pelo contrário, continuar demorando significará custos muito maiores e estratégias duvidosas, como enormes plantações voltadas à elaboração de biocombustíveis, mais centrais nucleares, e o método até agora não demonstrado de captura e armazenamento de carbono em grande escala.

Se as emissões não chegarem a um teto e se reverterem antes de 2020, também será tecnicamente possível manter-se em menos de dois graus. Porém, dependendo de quanto seja esse teto, pode ser muito caro de se conseguir, além de implicar enormes impactos sociais, destacou Schaeffer. "Uma demora significa jogar os enormes custos da ação, ou mesmo os custos maiores dos impactos climáticos, sobre as próximas gerações", afirmou.

Para o diretor de políticas energéticas e climáticas na Ecofys, Niklas Höhne, nenhum país está fazendo o suficiente para impedir isso. Muitas nações ainda não têm políticas que objetivem cumprir suas reduções prometidas, acrescentou. Os Estados Unidos, por exemplo, estão longe de fazerem o suficiente antes de 2020. Facilmente poderiam reduzir as emissões derivadas de suas centrais elétricas alimentadas a carvão, aumentar os investimentos em energias renováveis e também a eficiência energética, bastante baixa, de seus edifícios, declarou Höhne à IPS.

Em declarações sobre a atual lentidão das negociações, Schaeffer disse que "não deveria ser tão difícil calcular como fazer reduções". No entanto, poderosos interesses criados no setor dos combustíveis fósseis combatem toda ação em matéria climática. O setor exerce uma forte pressão sobre os governos, enquanto o de energia baixa em carbono ainda é uma indústria relativamente pequena, enfatizou. "Na indústria dos combustíveis fósseis, muitos pensam que não precisam perder nada na necessária transformação do setor energético", ressaltou Schaeffer. (FIN/2012)

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