A
Comissão Pastoral da Terra, Mato Grosso, reunida em Cuiabá no Encontro
Estadual, com representantes de todas as equipes do Estado, quer
expressar a sua total solidariedade e, simultaneamente, lamentar com
profunda indignação a situação por que passa, mais uma vez, o Povo
Xavante da aldeia Marãiwtsédé (Médio Araguaia).
Após
anos de espera, que impôs seqüelas irreparáveis à todo Povo Xavante,
principalmente às crianças, que morreram vitimadas pelas doenças,
finalmente acreditamos que uma injustiça histórica está sendo reparada.
No entanto, o que estamos assistindo, atualmente, é um quadro
extremamente preocupante, de forte agressão ao Estado de Direito, por
parte de grupos que historicamente exploraram a área indígena até a
exaustão; hoje, eles continuam a manipulação da verdade e da realidade,
com a conivência do Governo do Estado. Exemplo disso é a Lei nº 9.564 de
2011 que autoriza a permuta com a FUNAI, trocando a Terra Indígena
Marãiwatsédé pelo Parque Estadual do Araguaia, proposta pelo Presidente
da Assembléia, José Geraldo Riva e pelo deputado Adalto de Freitas, com o
apoio da mídia subserviente.
Além
disso, há uma série de outros posicionamentos de políticos, eleitos
para representar o povo, que merecem repúdio. Entre eles, a manifestação
carregada de preconceito e ódio do então Senador Cidinho dos Santos
(PR), publicada no Diário de Cuiabá, em que afirma: “Hoje, podemos dizer que, primeiramente, existem os direitos dos índios e, depois, vêm os direitos dos humanos”.
No
coro das injustiças e inverdades, está também o Deputado Federal Júlio
Campos (DEM/MT), que protestou a favor dos intrusos, desconsiderando a
vida e a história dos indígenas Xavantes na região, já fartamente
comprovada nos laudos antropológicos.
Tudo
isso vem trazendo um clima irrespirável e conseqüências graves não
somente para o povo Xavante, mas para toda a sociedade. Provocam-se e
acirram-se, a cada dia, ódios e chantagens vingativas e violentas.
Chega-se a executar ações desumanas, como as que foram claramente
expostas pelos intrusos, no bloqueio da BR 158, em que se proibiu, mesmo
com a escolta da Força Nacional, a trafegabilidade de uma ambulância
que transportava uma indígena Xavante que se encontrava em trabalho de
parto, necessitando, urgentemente, de cuidados médicos. E, como não
bastassem, os intrusos destruíram as pontes de acesso à aldeia
Xavante, privando os indígenas do alimento e da água potável.
Uma
absurda projeção de culpas tem recaído em quem sempre defendeu
posseiros e indígenas, a exemplo do Bispo Pedro e outros agentes da
Prelazia. Não podemos aceitar que a voracidade de lucro de poucos
setores privilegiados possa levar ao desequilíbrio da violência e do
ódio, renovados por essas atitudes. Esperamos que a intervenção do
Ministério Público Federal possa dar um basta a estes graves abusos
Na
procura da Paz com Justiça, nos encoraja a firme posição assumida pelo
novo bispo, Dom Adriano e sua Prelazia. Juntos, a CPT de MT quer
contribuir para que se possa trilhar o caminho da justiça, com o
reassentamento das famílias que tem direito à Reforma Agrária e
conclamamos os órgãos Federais e Estaduais e toda a sociedade a se
unirem neste objetivo de Paz.
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA, REGIONAL MATO GROSSO.
Cuiabá-MT, 16 de dezembro de 2012
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