quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A falácia do desenvolvimento sustentável


*Armando Soares

O desenvolvimento sustentável foi o modelo idealizado pelo poder hegemônico para dominar a economia e territórios no mundo e servir de modelo apenas para países pobres e em desenvolvimento, modelo que serviu de base para a construção da política ambiental brasileira.

Desenvolvimento sustentável, segundo seus idealizadores, é o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. (Relatório Brundtland - O Relatório Brundtland, Our Common Future, preparado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987, onde foi pela primeira vez formalizado o conceito de desenvolvimento sustentável).

O campo do desenvolvimento sustentável pode ser conceptualmente dividido em três componentes: a sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica e sustentabilidade sociopolítica.

Apesar de sermos contra essa farsa chamada desenvolvimento sustentável, nunca implementado em países ricos e desenvolvidos, máscara que encobre uma inteligente estratégia de dominação econômica e territorial criada pelo poder hegemônico, até então nunca tivemos notícias do resultado e gastos e de projetos elaborados com base no conceito do desenvolvimento sustentável. Para nossa alegria e satisfação, o Banco Mundial, em relatório publicado pela revista Veja, de 20/02/2013, concluiu que os 2,6 bilhões de dólares gastos em projetos extrativistas em áreas de florestas não ajudaram as populações locais a sair da pobreza. A reportagem da Veja afirma textualmente que "um dos maiores patrocinadores desses projetos, o Banco Mundial concluiu que a tentativa de aplicar o conceito da sustentabilidade a áreas florestais quase nunca dá certo".

Não tem coisa mais prazerosa para quem exaustivamente vem provando à sociedade paraense, amazônida e brasileira que o ambientalismo, a economia verde é uma grande enganação, faz parte de um grande golpe de poderosos, e que o desenvolvimento sustentável é uma fantasia, que o Banco Mundial provou durante esses últimos 20/30 anos que não promove sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica e sustentabilidade sociopolítica, se aproveitou apenas de segmentos pobres para obstaculizar qualquer tentativa de desenvolvimento na Amazônia e outras regiões ricas existentes em várias partes do mundo. Seu beneficio se restringiu a ONGs e governos que a custa de se utilizarem de pobres como cobaias, se locupletaram dos 2,6 bilhões de dólares despejados pelo banco em projetos inviáveis; projetos que nunca foram outra coisa se não uma estratégia de dominação territorial e de servidão de populações inviabilizadas e fragilizadas.

Essa invencionice pilantra, colonialista, infelizmente levou muito tempo para ser confirmada sua inutilidade, desperdiçando recursos valiosos de países europeu e americano que poderiam auxiliar a tirar da estagnação e pobreza de regiões como a Amazônia e africana, esta com um cenário dantesco de morte pela fome, principalmente de crianças.

O relatório do Banco Mundial desnuda o teatro montado para transformar Chico Mendes e índios como mártires e heróis da floresta e justificar a montagem de encontros internacionais, como a ECO-92 e a Rio+20, onde se despejou milhões de dólares para sustentar vagabundos, burocratas, onguistas, políticos e projetos improdutivos de governos, como é o caso do projeto de "municípios verdes", criação da Imazon, parceiro do governo paraense, que, consultada pelo banco, assim opinou através de Paulo Barreto: "Os efeitos multiplicadores que eram esperados pela instituição ficaram comprometidos, no caso da Amazônia, por causa da falta de infraestrutura adequada, de formação de mão de obra e de regularização fundiária.

Não há segurança jurídica na região e a recuperação de terras degradadas é inviabilizada pela falta de governança.

Os projetos de infraestrutura existentes não levam em conta as necessidades das populações locais e há uma carência de mão de obra qualificada. Sem a solução desses problemas, fica difícil atrair investimentos para a Amazônia". Declaração que compromete o governo paraense e comprova a desnecessária capitulação de produtores ao modelo ambientalista; ingratamente esquecem que construíram suas atividades com o modelo econômico resultante da "Operação Amazônia" do governo do presidente Castelo Branco e criaram seus municípios com a derrubada da floresta e a comercialização da madeira. O relatório do Banco Mundial tem a virtude de abrir o tumor infectado do ambientalismo e seus instrumentos de dominação, mas, infelizmente, deixa como herança a estagnação econômica da Amazônia e uma intervenção federal criminosa, como uma "cabeça de ponte", as reservas INDÍGENAS, que irão facilitar a exploração econômica e o domínio dessas áreas por países ricos e desenvolvidos, no tempo em que acharem necessário, um velho sonho americano e europeu.

Pela avaliação dos auditores do Banco Mundial, o único projeto considerado eficiente foi o de combate à malária na África.

*Armando Soares é economista.
Publicado originalmente aqui

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