Cumprindo o papel de denunciar as violações dos direitos dos homens e das mulheres do campo e das florestas, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) continua divulgando dados e números do seu relatório anual Conflitos no Campo Brasil 2010. O documento vem à tona no momento em que o País ainda tenta digerir as revoltas populares que destruíram alojamentos e outros espaços no canteiro de obras da usina de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, e na usina São Domingos, em Mato Grosso do Sul, além das recentes mortes de três extrativistas no Pará, um em Rondônia e inúmeras ameaças de morte em especial na Amazônia.
Em 2010 foram registrados 1.186 conflitos no campo brasileiro, dois a mais que em 2009, quando ocorreram 1.184. O relatório anual da CPT aponta que pelo menos 34 assassinatos ocorreram no campo ano passado, um número 30% maior que no ano anterior quando foram registrados 26 mortes.
Na Amazônia, as mortes têm origem na ausência do estado durante a expansão da região. A dita “corrida pela Amazônia” já se efetivou e continua se efetivando ainda hoje sobre outros moldes. A corrida pela Amazônia já se concretizou em “chegada”.
Mesmo no ano Internacional das Florestas, quando a CNBB lança mais uma Campanha da Fraternidade: Vida no Planeta, que põe em discussão a gravidade da crise ecológica, aprova-se a flexibilização do Código Florestal.
Para a coordenação da CPT, são inúmeros os problemas causados pela flexibilização do Código Florestal. Entre os principais questionamentos está a anistia para os desmatadores e a redução das Áreas de Preservação Permanente (APPs) nas margens de rio e a possibilidade de recompor Áreas de Proteção Permanentes com espécies exóticas e conseqüente crescimento dos “desertos verdes” – como são chamados estes monocultivos que geram grandes impactos socioambientais.
Após as recentes mortes no Pará e Rondônia a equipe da Comissão Pastoral da Terra – regional Acre vem sofrendo ameaças. As ameaças foram direcionadas ao agente pastoral que atua em Boca do Acre Cosme Capistano da Silva e a coordenadora da CPT Maria Darlene Braga Martins.
AS AMEAÇAS
A coordenação da comissão acredita que as ameaças de morte estão sendo feitas tendo em vista a atuação da CPT Acre nas divisas dos Estados de Rondônia e Amazonas, em especial dos seringais Macapá e Santo Antonio.
Eis o relato dos telefonemas.
Telefonema 01 – 3 de junho às 21 horas. Um homem, disfarçando a voz, ligou para o celular do agente Cosme e disse: “estou ligando pra você avisar pros seus amigos da CPT que morreu gente no Pará, Rondônia e agora vai ser no Amazonas e no Acre.... daí por diante.
Telefone 02 – 8 de junho as 10h35 . Um homem de voz grossa ligou na sede do regional Acre, perguntou se era da Comissão Pastoral da Terra , o funcionário Célio disse que sim. “Você diga àquele seu amiguinho Cosme lá de Boca do Acre e aquela sua amiginha Darlene que eles estão na lista” e em seguida desligou.
Em apoio e solidariedade à CPT, CDHEP, CIMI e RECID, discutiram e traçaram estratégias de como atuar frente a situação. Reafirmando a importância da atuação da CPT junto ao homem e a mulher do campo.
Desde 1975 a Pastoral cumpre seu papel de denunciar as injustiças sociais e prestar um serviço a classe trabalhadora. Contribuiu com a posse da terra em todo o país e não vai deixar de cumprir seu papel em decorrências a ameaças causadas pelo latifúndio. As ameaças do latifúndio não irão nos amedrontar.
Como já havia anunciado antes, este blog se solidariza sem ressalvas às amigas e amigos da Comissão Pastoral da Terra, CPT. Acreditamos que a investida do capital e dos ruralistas sobre a Amazônia mereça uma atenção especial, principalmente porque eles tem conseguido apoios importantes no Congresso Nacional. Vejam por exemplo que de toda a bancada do Estado do Acre, apenas o Deputado Sibá Machado votou contra a aberração em que se converteu o código florestal.
A situação é muito grave e precisamos dar um basta nisso. Vida longa às lutadoras e lutadores do povo e morte ao latifúndio!!!
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