segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Censura na Floresta: Eco FM tira Osmarino Amâncio do ar

Quem ver a equipe de governo de Tião Viana e o próprio governador falar que o Estado está pronto para o crescimento e que vivemos em uma federação com suas finanças ajustadas do ponto de vista econômico-financeiro, nem imagina que a democracia ainda é uma ficção. Para se ter uma ideia, o programa Resistência, estreado neste sábado das 7h às 9h da manhã, na ECO FM, no município de fronteira, em Epitaciolândia, foi retirado do ar logo após a sua exibição. O programa tinha como âncora o sindicalista e ambientalista, Osmarino Amancio. O sonho de levar informação ao seringueiro durou apenas 120 minutos.

- Eu estava preparando a segunda edição do programa que ia ao neste domingo, às 7 horas da manhã quando o sonoplasta John Black  me ligou e disse que não tinha uma boa notícia para me dar. E falou que eu não fosse à rádio pela manhã por que o programa foi retirado da grade de programação – confirmou Osmarino.

Osmarino disse que não foi dada nenhuma justificativa plausível para o que ele classifica como censura, uma vez que o programa em sua primeira edição teve audiência recorde. Para o ambientalista, o governo se assustou com a roupagem da programação e a proposta levada ao ar neste final de semana.

- O governo se assustou, o ICMBio se assustou. A nossa proposta é de informar aos seringueiros o que vem acontecendo com os planos de manejo e o programa seria uma das ferramentas desse empate, por isso tinha o nome de Resistencia – acrescentou Osmarino.

Ao ar na manhã de ontem (15), Osmarino recebeu ligações de sindicalistas dos municípios de Xapuri e Assis Brasil e teve participação ao vivo do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Epitaciolândia, Sebastião Oliveira e do deputado Major Rocha [PSDB].

- Disse por várias vezes que o programa não tinha bandeira política, que nossa principal bandeira é a floresta, a defesa do seringueiro – comentou Osmarino.

Osmarino não poupou criticas ao ICMbio que segundo ele foi com policiais militares à porta de sua casa responsabilizando-o pela ampliação dos serviços de abertura de ramal dentro da reserva Chico Mendes. Osmarino também criticou a empresa Laminados Triunfo pelo modelo de Manejo praticado no Antimary e no Ramal do Riozinho do Rola. Em ping-pong com o deputado estadual Major Rocha[convidado para ir ao programa], a situação dos produtores que vivem da sustentabilidade foi analisada. Depois de saber da notícia de que o programa já foi retirado do ar, o deputado tucano disse que a ação da direção da rádio é vergonhosa para o estado de direito.

- Querem calar a voz dos seringueiros, isso é a escalada do terror, algo parecido com o período entre a edição do AI-5 e a posse de Garrastazu Médici, bem como os anos de seu governo, um mais repressivos da história política recente do Brasil. Viver isso no Acre, em plena era de democracia é angustiante – declarou Rocha.

A reportagem tentou entrar em contato com o diretor da rádio, identificado como Magela, mas o seu telefone celular de número 995* *912 estava desligado. A última ligação feita foi às 19h26 de sábado. O espaço do programa teria contrato firmado na próxima quarta-feira e seria pago.

Jairo Carioca – da redação de ac24horas

Meu comentário: Retirando-se alguns errinhos de português, a matéria revela o lado sombrio da "democracia" por essas bandas. Osmarino esteve conosco no seminário na Bolívia, promovido pelo CIMI, e estava muito animado com o programa que, afinal, levaria ao ar as angústias e sonhos dos seringueiros, indígenas e todos e todas que buscam e acreditam no Bem Viver. Acreditem, leitores, o espaço do programa era pago com recursos próprios.

No início deste mês um grupo de pelo menos 30 entidades subscreveu uma carta denominada "Carta do Acre" cujo posicionamento era o de: defesa da vida, da integridade dos povos e de seus territórios, contra o REDD e a mercantilização da natureza. Pasmem! a carta foi boicotada pelos principais veículos da imprensa acreana por ser considerada contra o governo. Agora vejamos: a) se a carta é a favar da vida, logo, o projeto em curso, implantado pelo poder público, é de morte; b) se a carta e pela integridade dos povos e seus territórios, logo, o projeto em curso é pela desintegração dos povos e seus territórios; c) se a carta é contra a mercantilização da natureza, logo, o projeto em curso é de venda e mercantilização da natureza.

A proposta dos ecocapitalistas, por meio das "compensações" é o mesmo que mandar matar e argumentar que faz muito porque paga o enterro. Devemos lutar por nossas vidas e não para que paguem os nossos enterros. E ponto final. 

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