segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Na contra mão: Mini curso de desenvolvimento sustentável.

Na contramão dos movimentos sociais o governo do Estado do Acre juntamente com a CPI – Comissão Pró-Índio, Biblioteca da Floresta, com as presenças de representantações das Secretarias de Estado de Meio Ambiente, Produção Familiar e de Educação, Funai Regional, Instituto de Mudanças Climáticas, Fundação Elias Mansour, EMBRAPA, WWF, AMAAIAC – Associação do Movimento de Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre, OPIAC – Organização dos Professores Indígenas do Acre, UFAC e Reserva Extrativista Alto Juruá, organizou o que chamaram de mini curso de Antropologia Aplicada, sob a batuta dos antropólogos Mauro Almeida e Manoela Carneiro, com o objetivo de: 

oportunizar um momento de estudos sobre o necessário aprimoramento de olhares voltados para os conhecimentos tradicional e científico, visando efetividade nas políticas públicas específicas para povos indígenas, em especial do Acre.”

Os antropólogos Mauro e Manuela
Mauro e Manuela, entretanto, “reforçam que a humanidade precisa repensar seus rumos na busca pelo desejado desenvolvimento sustentável”. Essa afirmativa, extraída de um longo post promocional publicado no jornal Pagina 20, coluna Papo de Índio, mostra claramente que o objetivo real do mini curso era realmente firmar e marcar posição em defesa do chamado desenvolvimento sustentável e nada tem a ver realmente com a promoção das culturas e saberes tradicionais.

O mais intrigante é que o mini curso ocorreu justamente no momento em que entidades ligadas à defesa do meio ambiente, dos povos e seus territórios, se encontravam reunidas para definirem estratégias para empatar a mercantilização da natureza e tudo que há nela.  Seria tudo isso uma tentativa de desviar os olhares que estavam focados na farsa do ecocapitalismo? É preciso dizer ainda que naquele mesmo momento a repressão aos marchantes indígenas na Bolívia se mostrava brutal. A marcha era justamente contra a construção de uma estrada (carretera) que, seguindo o modelo de desenvolvimento "sustentável" cortaria uma reserva onde também é terra indígena de Tipinis. É por essas e outras que digo que o mini curso estava na contramão dos interesses dos povos indígenas e extrativistas.

Destaque Maria Evanizia coordenadora da Funai
Também é estranho ver a presença em destaque, em uma das fotos retiradas da página da CPI, a presença da coordenadora da Funai local, Sra. Maria Evanizia. Na foto ela aparece como que concordando, assim como o texto fala: "Com olhares atenciosos e concordantes estavam os índios presentes no curso". Naturalmente que é louvável a participação da Funai em todos os eventos que envolvam interesses dos povos indígenas. A questão intrigante é porque só participar em eventos "oficialescos" e que, quase sempre, promovem apenas políticos interessados em se manterem no poder, ainda mais quando o tema é flagrantemente contrário aos interesses dos povos indígenas.

Faz-se necessário explicar aos povos indígenas, extrativistas, seringueiros e ribeirinhos do que realmente se trata. O que há por trás do discurso do manjo florestal, da IIRSA, do REDD, mercado de carbono... e tudo que se apresenta como salvação. Já o disse e repito: estão nos matando e ainda fazendo propaganda dizendo que fazem muito porque "pagam" o nosso enterro.

Fontes e fotos: CPI/AC e Pagina 20

2 comentários:

  1. Vc não estava lá, não sabe o que foi dito e, como estive, digo estás redondamente enganado. Pudemos sim tratar de elemntos para justamente criticar este afamado "desenvolvimento sustentável" considerando justamente os saberes e pontos de vista das populações nativas. Sua crítica, portanto, é descabida e eivada de preconceito. Quem precisa de curso de antropologia é vc!
    (e faço a crítica anonimamente porque pelo visto a represália desleal é certa)

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  2. Não preciso cortar o dedo para saber que doi, tão pouco preciso estar na Sibéria para saber que lá faz frio. Quem falou do desenvolvimento sustentável foi justamente o Mauro:

    “reforçam que a humanidade precisa repensar seus rumos na busca pelo desejado desenvolvimento sustentável”.

    Quando souber de algum curso de antropologia me comunique, porque esse aí, definitivamente não foi. A propósito, desleal é o seu anonimato.

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