Texto Francisco Pedro
Militares obrigados a abandonar posto de controle nas montanhas da
cordilheira central andina, na Colômbia. Não conseguiram resistir à pressão de
centenas de indígenas Nasa, que os enfrentaram sem armas, mas com muita unidade
e determinação.
A guarda indígena do povo Nasa
voltou a fazer história na Colômbia. Na terça-feira, centenas de ‘guardas’
armados apenas com o bastão de madeira que os identifica, subiram ao monte «Las
Torres», no município de Toribio, no Vale do Cauca, e expulsaram o batalhão do
exército que assegurava a vigilância às antenas de comunicações. Chegaram a
verificar-se um ou dois disparos de tiros para o ar, alguns confrontos físicos
entre os índios e os soldados, mas não há registo de feridos. Perante a pressão
popular, os militares viram-se obrigados a abandonar o território.
«Isto nunca se tinha visto antes.
Tiraram-nos da base. Eles não têm armas, mas são muitos e a ideia é não entrar
em confronto. Acho que isto está apenas a começar», afirmou um soldado, citado
pelo jornal El Tiempo. Durante o processo de expulsão, com momentos de grande
tensão, Luís Acosta, coordenador da guarda indígena, apelou à calma: «não
agridam os militares, ajudem a recolher as suas coisas e não se deixem provocar
nem causem desordens». Os representantes da comunidade anunciaram que o local
será guardado nos próximos dias por 250 guardas indígenas.
O presidente da Colômbia, Juan
Manuel Santos, reagiu com indignação ao comportamento dos indígenas.
Classificou os fatos como «inaceitáveis», que devem ser investigados. «O nosso
inimigo é o grupo terrorista das FARC e não os indígenas. No entanto, tudo tem
o seu limite. Não vamos permitir ataques contra quem nos defende», disse o
Chefe de Estado, sublinhando que a Força Pública «tem ordens para não ceder um
centímetro» de terra, seja no Cauca ou noutra parte do território. Além do
exército, os indígenas exigem também aos guerrilheiros que abandonem a região.
Fátima Missionária
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