Denunciamos a cultura de morte impregnada em nossas cidades e campos, trazidas pela lógica mortífera do capitalismo que destrói nosso planeta, dizima povos, animais e florestas inteiras em nome de um progresso para poucos, em detrimento ao povo que permanece excluído e sacrificado. Denunciamos o extermínio da juventude negra e indígena e reafirmamos nosso combate a todo e qualquer tipo de violência contra a vida dos nossos povos.
Com o tema: "O Rosto das CEBs na Amazônia: Lutas e Esperanças, ocorreu entre os dias 26 a 28 de agosto deste ano de 2016, no Centro de Treinamento de Lideranças Padre
Josimo Tavares – Tocantinópolis/TO, o 1º Encontrão das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na Amazônia.
O Encontro foi organizado pelos representantes e assessores das Comunidades Eclesiais de Base dos quatro Regionais da CNBB (Norte I, II, III e Noroeste) sob acompanhamento do bispo responsável pelo acompanhamento do setor das CEBs na CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. As dioceses acreanas de Cruzeiro do Sul e Rio Branco se fizeram presentes por pertencerem ao Regional Noroeste.
Ao final do encontro foi divulgado um documento em forma de carta aberta com duras críticas ao governo brasileiro a quem os redatores da carta chamam de "um governo ilegítimo e corrupto, que se impõe no poder como forma de perpetuar a corrupção e a exclusão social."
Veja o documento na íntegra:
CARTA ABERTA DO 1° ENCONTRÃO DAS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE NA AMAZÔNIA
Somos Povo de Deus na Amazônia: índios, seringueiros, quilombolas, extrativistas, camponeses, negros, jovens, homens e mulheres comprometidos(as) com a evangelização e a defesa da vida no chão amazônico.
Reunidos(as) em Tocantinópolis/TO, entre os dias 26 e 28 de Agosto, sob a memória dos mártires dessa terra, envolvidos(as) pela mística e missão de Padre Josimo Tavares, vivenciamos o 1° Encontrão das Comunidades Eclesiais de Base na Amazônia, refletindo e aprofundando a temática “O rosto das CEBs na Amazônia: Lutas e Esperanças”.
Durante todo o encontro pudemos rezar nossa história desde o inicio da colonização, passando pelos períodos que foram marcando de maneira significativa os 400 anos da presença da Igreja na Amazônia. Fazer a memória desses processos nos ajudou a compreender o atual momento que passamos e perceber que muito foi feito, que os desafios sempre houveram, mas que há um terreno fértil para nossas comunidades, na luta por um mundo mais justo, mais igual e onde prevaleça a cultura do bem viver.
Olhamos com preocupação o atual contexto político e econômico do Brasil e não podemos deixar de nos posicionar com preocupação sobre os rumos da atual política de destruição dos direitos conquistados a duras penas pelos trabalhadores e trabalhadoras e pelo povo sofrido de nossa terra. Gritamos: Nenhum direito a menos! Não podemos coadunar com um governo ilegítimo e corrupto, que se impõe no poder como forma de perpetuar a corrupção e a exclusão social.
Denunciamos a cultura de morte impregnada em nossas cidades e campos, trazidas pela lógica mortífera do capitalismo que destrói nosso planeta, dizima povos, animais e florestas inteiras em nome de um progresso para poucos, em detrimento ao povo que permanece excluído e sacrificado. Denunciamos o extermínio da juventude negra e indígena e reafirmamos nosso combate a todo e qualquer tipo de violência contra a vida dos nossos povos.
Reconhecemos o papel das mulheres, grandes matriarcas de nossa imensa Amazônia, que com sua garra e afinco, sempre conduziram nossas comunidades, sempre transmitindo o sentido evangélico de ser Comunidade. Conclamamos aos nossos pastores que, cada vez mais, possamos reconhecer e proporcionar espaços de protagonismo das leigas e leigos, religiosas e jovens nos espaços de decisão na nossa Igreja.
Anunciamos a boa nova das nossas Comunidades presentes em todos os rincões dessa Amazônia, celebrando a Palavra e a Eucaristia, sendo um jeito novo, mas normal de ser igreja, mais missionaria e mais dinâmica, celebrando, pela memória dos mártires, a memória do próprio Cristo. Olhamos com alegria a construção da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) como meio de articular nossas comunidades com outros sujeitos na luta pela vida e pela dignidade dos povos da Amazônia.
Finalmente desejamos que este primeiro encontro das CEBs na Amazônia seja sinal de esperança e luz na caminhada de todas as pessoas de boa vontade que, no chão sagrado da Amazônia, lutam por um mundo mais justo, solidário e fraterno. Que o reino de Deus seja realidade em nosso meio hoje e sempre!
Tocantinópolis/TO, 28 de agosto de 2016.
Delegados e Delegadas do Primeiro Encontrão das CEBs na Amazônia